PROVO, Utah – Às 6:45 da manhã em 14 de novembro de 1985, o presidente Gordon B. Hinckley, presidente do Comitê Executivo do Conselho de Administração da BYU, recebeu um telefonema urgente do presidente da BYU, Jeffrey R. Holland.
O presidente Holland tinha recebido uma série de telefonemas durante a noite sobre problemas em Jerusalém relacionados com a construção do Centro da BYU em Jerusalém para Estudos do Oriente Médio. Havia muita tensão em Israel por várias razões e conversas sobre guerra pairavam no ar.
Politicamente, havia um impasse entre duas metades de uma coalisão no Knesset, o parlamento israelita. Um pequeno partido político tinha dito que estava disposto a resolver o impasse, dando os seus quatro votos no parlamento a qualquer concorrente a primeiro-ministro de qualquer partido que “retirasse os Mórmons do Monte Scopus.”
Isso aconteceu um ano após o início da construção do Centro da BYU em Jerusalém. O presidente Holland sabia que o controverso centro poderia ser um fator no processo de “derrubar o tênue governo israelense.”
O presidente Holland explicou a situação ao presidente Hinckley e perguntou desesperadamente: “O que faremos se formos o fator gerador de uma guerra israelense com seus vizinhos?” O presidente Hinckley levou a questão para a reunião do templo que foi realizada com a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos no Templo de Salt Lake, mais tarde naquela manhã.
Após a discussão que se seguiu, o Presidente Ezra Taft Benson, o 13º presidente da Igreja, que estava bastante debilitado fisicamente na época, perguntou se ele poderia oferecer a oração naquele dia. Embora o presidente Holland não estivesse presente na reunião do templo, ele disse que alguns dos irmãos descreveram que o Presidente Benson “ofereceu uma longa oração e cada vez com mais força.” No final, “ele estava declarando (…) Ele estava mais prestando um testemunho do que orando.”
O presidente Hinckley telefonou para o presidente Holland após a reunião e disse que tinham feito tudo o que podiam. Eles deviam esperar e ver o que aconteceria.
Então um milagre ocorreu. Um partido pediu desculpas ao outro. Perdão político foi concedido. A oferta condicionada de votos foi retirada e as tensões no Knesset foram amenizadas por um momento.
“Muitos comentaram que um milagre político havia acontecido”, contou Élder Holland, agora membro do Quórum dos Doze Apóstolos. “Eu também digo que um milagre aconteceu, mas não foi tecnicamente um milagre político e não veio de Jerusalém. Não veio de Londres. Não veio de Washington D.C. ou de Nova Iorque.
O milagre que aconteceu naquela manhã veio do quarto andar do Templo de Salt Lake, onde um profeta, vidente e revelador orou rogando segurança e proteção sobre algo que o Senhor queria que fosse feito naquela terra.”
“Esse foi um dos 33 milagres, grandes ou pequenos, que aconteceram para tornar o Centro da BYU em Jerusalém possível”, disse Élder Holland durante o 30º aniversário da dedicação em 11 de outubro. Ex-alunos e professores que participaram do Centro em Jerusalém estiveram presentes no evento, que foi realizado no campus da BYU em Provo, Utah.
Élder Holland mencionou as contribuições daqueles que ajudaram a adquirir a terra e obter permissão para construir o Centro da BYU em Jerusalém. Ele destacou a liderança dos élderes Howard W. Hunter e James E. Faust, que “deram o coração e a alma a este projeto” sob a direção da Primeira Presidência da Igreja.
Explicando alguns dos momentos cruciais da história do Centro da BYU em Jerusalém, Élder Holland começou contando sobre a visita do Presidente Harold B. Lee a Jerusalém em setembro de 1972 — a primeira visita à Terra Santa feita por um profeta em 2.000 anos.
Ele então falou do pedido do Presidente N. Eldon Tanner em 1979, para adquirir o que parecia ser uma propriedade impossível no Monte Scopus — o local onde o Centro da BYU em Jerusalém atualmente está com vista para o Monte das Oliveiras, o Vale de Kidron e a Cidade Velha.
Embora a Igreja tivesse sido bem-sucedida em adquirir a terra e uma licença de construção, “todos os adversários possíveis foram contra o projeto” ao longo dos anos que se seguiram, disse Élder Holland.
Uma dessas batalhas ocorreu quando o governo israelense exigiu um acordo de não-proselitismo para continuar a construção. Durante uma reunião especial realizada em 31 de julho de 1985, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos realizaram um conselho para decidir como prosseguir. Uma das autoridades gerais leu Mórmon 3:16, observando que os profetas anteriores haviam sido proibidos de pregar o evangelho e perguntando se a Igreja estava novamente disposta a “permanecer como testemunha passiva” em Jerusalém.
“Parecia ser uma mensagem do próprio céu”, disse Élder Holland, e as autoridades gerais assinaram o acordo. Todos os estudantes, turistas e membros locais têm sido leais às restrições de não-proselitismo por mais de 30 anos.
Após essa reunião, o presidente Holland e sua esposa, Patricia, viajaram para Jerusalém para entregar o acordo. No aeroporto eles foram recebidos por várias centenas de estudantes Yeshiva que gritavam e protestavam. Eles carregavam placas com os dizeres “Jeff, vá para casa” e “Jeffrey, pare seu trabalho missionário antes que retaliemos” (durante anos, algumas das autoridades gerais em Salt Lake City brincavam com Élder Holland dizendo que ele era obviamente amigável o suficiente para que seus adversários se referissem a ele pelo primeiro nome).
Este encontro iniciou uma campanha de pedidos de entrevistas que duravam o dia todo com meios de comunicação em Israel, na Europa, nos Estados Unidos e em outros lugares.Em vista desta extensa cobertura Internacional de sua visita de manutenção de paz a Jerusalém, Élder Holland disse que trabalhou sem parar para “virar o jogo” e deixar claro para todos que nem a Igreja nem a Universidade estavam construindo um centro missionário.
O governo israelense decidiu em 1986 que a BYU estava dentro dos direitos legais de construir o centro, e a construção continuou. O Centro da BYU em Jerusalém foi dedicado em 16 de maio de 1989, pelo Élder Howard W. Hunter, que mais tarde tornou-se o 14º Presidente da Igreja.
No final de seu discurso, Élder Holland enfatizou quatro das muitas lições que aprendeu com os milagres do Centro da BYU em Jerusalém. “E eu não uso a palavra ‘milagre’ levianamente”, disse ele.
- O Senhor pode fazer Seu próprio trabalho. “Ele gostaria que nós ajudássemos. Muitas vezes Ele precisa que nós ajudemos. Mas testifico neste caso e em muitos outros, que o Senhor pode fazer Seu próprio trabalho. Ele fez o Seu próprio trabalho lá.”
- As pessoas estavam no lugar certo e no momento certo para realizar esse grande milagre. “Não são os vitrais, a madeira ou as pedras que mais vêm à minha mente quando penso no Centro em Jerusalém. São as pessoas de agora e daquela época, aqui e lá, que por meio de sua fé e boas obras fizeram com que ele acontecesse. É nisso que eu penso quando considero este lugar especial.”
- Na obra do Senhor, prossigam com coragem. “Quando iniciamos algo na grande causa do reino, não devemos parar voluntariamente (…) Nós estávamos levantando poeira em agosto de 1984, mas estávamos agindo com pura fé porque ainda não tínhamos uma aprovação clara para fazê-lo. Se não tivéssemos começado com fé e persistido enquanto orávamos, não estaríamos naquele centro hoje.”
- O Centro da BYU em Jerusalém ainda não atingiu seu pleno potencial. “Eu não sei o que ele significará uma geração depois que tivermos partido ou que finalidades futuras o Senhor terá para o centro, mas espero que os estudantes do mundo inteiro possam ser abençoados por ele. Meu testemunho a vocês é que o Senhor queria que o centro fosse construído e Ele o tem lá para grandes propósitos, os quais agora não sabemos bem quais são.”
Elisa Seely, que estudou no Centro da BYU em Jerusalém no outono de 1996, participou do evento de comemoração dos 30 anos em Provo, no dia 11 de outubro. Quando era estudante em Jerusalém, ela não percebeu tudo o que aconteceu na construção do local.
“O Centro da BYU em Jerusalém é um milagre moderno em uma cidade e em uma terra de tantos milagres, entre eles o Salvador, o nascimento do Salvador, Sua Expiação, e ter um edifício tão bonito”, disse Seely. “É solo sagrado.”
O irmão mais novo de Seely, Riley Cooney, estudou no Centro da BYU em Jerusalém no inverno de 2014. Cooney disse que a parte da mensagem de Élder Holland que mais lhe tocou foi o potencial do local.
“Quando saí (de Jerusalém), queria que todos que eu conhecia fossem para lá e tivessem a experiência que tive. Quero que outras pessoas a tenham, aqueles que não nasceram no continente americano ou que não foram capazes de ir a uma universidade da Igreja. Eu adoraria, no futuro quando tiver filhos, que eles fossem para lá e interagissem com pessoas de outros países.”