Enquanto servia numa designação no Pacífico, um presidente de missão me contatou para que eu encontrasse com um missionário que queria voltar para casa antes do tempo. Evidentemente, o missionário havia lido algumas literaturas contra a Igreja e sentiu que não tinha mais um testemunho suficiente para ensinar o evangelho. Eu encontrei com o missionário e perguntei se poderia fazer algumas perguntas. Ele consentiu. O questionamento ocorreu essencialmente desta maneira:
- Você acredita na existência pré-mortal — que vivíamos com Deus e com Seus filhos antes de virmos para esta terra? Ele respondeu que esta doutrina havia sido ensinada na Bíblia e que ele acreditava nela.
- Você acredita na doutrina do mundo espiritual — que todas as pessoas terão uma chance justa de ouvir o evangelho em sua plenitude quer seja na terra ou no mundo espiritual antes de serem julgadas? Ele disse que isso parecia justo e correto para ele.
- Você acredita, então, no batismo pelos mortos? “Sim”, ele respondeu. “Isso está na Bíblia”.
- Ao contrário da doutrina da Trindade como é ensinada pela maior parte do mundo cristão, você acredita que Deus, o Pai, e Seu Filho, Jesus Cristo, são dois seres separados com corpos glorificados de carne e ossos? Ele respondeu na afirmativa.
- Você acredita em um céu e um inferno como é ensinado pela maior parte do mundo cristão ou você acredita nos três graus de glória? Ele respondeu: “Nos três graus de glória”.
- Você acredita na natureza eternal das famílias? Ele disse que sempre havia acreditado nesta doutrina.
- Você acredita que a Igreja de Cristo hoje deveria ter apóstolos assim como no ministério mortal de Cristo? Ele respondeu que isso parecia correto para ele.
- Você acredita na revelação contínua hoje ou acredita que ela cessou no momento em que a Bíblia terminou e desde então Deus nos deixou por conta própria? “Não”, ele disse. “Eu acredito que devemos ter revelação hoje”.
No total, cerca de 10-12 questões foram discutidas. Eu, então, perguntei para esse bom jovem missionário, “Você consegue pensar em alguma Igreja que ensine um, quanto mais todos esses princípios doutrinários?”.
Eu nunca esquecerei sua resposta: “Eu nunca havia pensado nisso antes”.
Na verdade, esta Igreja arruína seus membros para qualquer outra igreja, porque, como este missionário, eles sabem demais. Se as pessoas deixarem a Igreja, elas normalmente acabam entrando em um de dois caminhos — ou eles se tornarão uma igreja para si mesmos (porque eles nunca encontrarão outra igreja que possui mais verdade do que eles já possuem) ou eles acabarão entrando na estrada do agnosticismo. Reconhecendo isso, eu perguntei ao missionário: “Você está disposto a deixar de lado toda esta doutrina que você sabe que é verdadeira, para jogar tudo fora, porque você tem algumas perguntas que não consegue responder?”.
Isso lembra a um da observação: “Não perca fé nas muitas coisas que sabe por causa de algumas coisas que não sabe”.
Nenhum pode abraçar a doutrina de Cristo por um lado e depois por outro lado rejeitar os profetas e as escrituras pelos quais ela veio, assim como ninguém pode afirmar que um bom fruto provém de uma árvore ruim. Se o fruto é bom, o Salvador ensinou, a árvore é boa. Portanto, se a doutrina é verdadeira, então os profetas por meio dos quais ela veio são verdadeiros.
Uma vez que cruzemos a linha da dúvida e cheguemos a saber que os ensinamentos doutrinários da Igreja são verdadeiros, então não precisaremos agonizar com cada declaração dos profetas nem a analisar excessivamente. Não precisamos pesá-los contra nossos padrões finitos de justiça ou nosso conhecimento limitado da eternidade — ao invés, podemos aceitá-los como a vontade de Deus e seguir em frente de forma positiva e construtiva. Os profundos ensinamentos doutrinários da Igreja são uma testemunha poderosa de que nossos profetas são inspirados, portanto, podemos confiar em seus conselhos.
— Élder Tad R. Callister é um setenta autoridade geral emérito e antigo presidente geral da Escola Dominical.