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‘Tudo vai dar certo’: Como o fato de aceitar as barreiras linguísticas e os desajustes fez com que este líder da Igreja se aproximasse de Deus

A cidade de Antofagasta, no Chile, parece ter sido duplamente abençoada durante a Conferência Geral de Abril de 2019. Em uma sessão, o presidente Russell M. Nelson anunciou a construção de um novo templo nessa cidade portuária e capital regional de uma área de extensa mineração no norte do Chile. E, em outra sessão, o chileno Ricardo P. Giménez foi chamado como um dos 10 novos setentas autoridades gerais.

O momento Antofagasta foi compartilhado pelos membros da Igreja em Ely, cidade de aproximadamente 4 mil habitantes que fica na região centro-leste do Estado de Nevada, e que, no século 19, serviu como estação de carruagens, e onde se descobriram jazidas de cobre em 1906. Ely é onde o élder Giménez, sua esposa, a irmã Catherine Giménez, e seus dois filhos moraram — e se desenvolveram — nos últimos três anos.

Uma proposta para trabalhar como gerente administrativo por três anos em uma empresa de mineração em Ely coincidiu com sua desobrigação como setenta de área no Chile. A família Giménez chegou a Ely em um dia escuro e chuvoso, mudando-se para uma casa inóspita, e tendo de enfrentar uma nova língua e uma nova cultura.

“Oramos a respeito dessas adversidades e tivemos um sentimento bom”, comentou o élder Giménez. “Hoje, ao olharmos para o passado, podemos entender os propósitos, mas naquela época, foi muito difícil.”

Aceitar convites para falar na igreja, dar aulas e discursos era assustador; até mesmo falar inglês ao telefone era um desafio considerável no início.

“Naquele época, nós nos aproximamos mais do Pai Celestial do que em qualquer outra época”, disse a irmã Giménez, que diligentemente preparava discursos e aulas, ensinava com os missionários de tempo integral e prestava testemunho em inglês todos os meses porque “era a única maneira de eu aprender”, explicou. 

O élder Giménez disse: “Foi uma experiência que nos tornou muito humildes, que nos lembrou de colocar nossa confiança no Senhor mais do que em nossas habilidades. (…)

E essa foi nossa intenção desde o início. Por isso, não importa o que o Senhor peça que façamos, vamos aceitar Sua vontade, vamos dar o melhor de nós e colocar nossa confiança Nele. (…) Foi parte do que o Senhor queria que aprendêssemos nesses três anos.”

Essa atitude foi passada adiante, não apenas para o élder Giménez em suas novas designações, mas também para a irmã Giménez quando é convidada a acompanhá-lo e a participar das reuniões.

Aos 11 anos de idade, Ricardo Giménez uniu-se à Igreja em Santiago, para onde ele, sua mãe e sua irmã mais nova se mudaram depois que seus pais se divorciaram em Antofagasta. Depois de frequentar várias igrejas em busca de consolo e paz, sua mãe conheceu os missionários da Igreja de Jesus Cristo.

Depois de os missionários o ensinarem, o jovem Ricardo disse à sua mãe que desejava ser batizado. Ela permitiu e também foi batizada. “Tive um sentimento real e claro de que a Igreja é verdadeira”, afirmou o élder Giménez sobre sua conversão. “Senti que tudo fazia sentido e se encaixava.”

Catherine Carrazana nasceu em uma família de membros da Igreja, e participou de reuniões e atividades até os 12 anos de idade, quando sua família parou de frequentar a igreja. Embalada pelas lembranças da infância, quando cantava hinos na Primária e assistia a filmes da Primeira Visão, ela voltou para a Igreja aos 18 anos.

“Voltei sozinha. Sempre soube que a Igreja era o lugar certo para mim, e nunca parei de orar”, ela contou. “Eu sabia que tinha de me casar no templo”, acrescentou.

Enquanto ia de ônibus para trabalhar na loja de seu pai no verão de 1995, Catherine viu Ricardo — um rapaz diferente, porque era mais alto e mais magro que outros rapazes chilenos — caminhando em uma rua de Antofagasta. Ela o viu novamente naquela noite em uma festa na casa de amigos, e notou que ele conversava e dançava com outras pessoas.

Mas ela não o conheceu nem falou com ele até o fim do verão daquele ano, quando teve que se mudar para Santiago para ir à faculdade, indo morar com o tio, que era bispo de uma ala na capital do Chile. Durante as reuniões dominicais, ela viu o mesmo rapaz que tinha visto na rua e na festa em Antofagasta, a mais de mil quilômetros de distância.

Eles se conheceram, e ela soube então que ele — ex-missionário que frequentava a faculdade e morava em Santiago — voltava para Antofagasta todos os verões para ficar com o pai, motivo pelo qual ela o viu lá. Eles ficaram seis meses apenas como bons amigos até o dia em que ele a pediu em namoro.

A conexão Antofagasta-Santiago continuou: os dois se casaram no civil — que é uma exigência no Chile — em setembro de 1997, em Antofagasta, e foram selados alguns dias mais tarde no Templo de Santiago Chile.

O Templo de Concepción Chile foi 160º templo da Igreja no mundo. Saiba mais sobre a dedicação aqui.

Quando começaram sua família no Chile, ele trabalhou no ramo de mineração. Depois, trabalhou com tecnologia da informação. Com o crescimento da família e o progresso profissional, ele pensou em estudar na Faculdade Marriott de Economia da Universidade Brigham Young ou em tentar oportunidades internacionais de trabalho. Mas seu compromisso com os chamados da Igreja não combinava com as exigências dessas possibilidades, que surgiram quando ele servia como bispo em Antofagasta, depois como presidente de estaca e, mais tarde, como setenta de área.

Quando se mudaram para Ely, perceberam que havia templos em quase todas as direções; em Nevada, Utah e Idaho. Mas todos ficavam de três a cinco horas de distância de carro. Para a família Giménez, isso era um terço ou menos das 15 horas de viagem de carro de Antofagasta até o templo em Santiago.

O élder Giménez — que estava servindo como conselheiro na presidência da estaca em Ely na época de seu chamado — ouviu membros da Igreja de lá falarem a respeito de tentarem servir em um templo em uma de suas viagens a cidades maiores, que ficavam muitas horas de distância de lá, e aonde iam para fazer compras ou cuidar de outras coisas.

“Quatro horas, para mim, era um presente; uma bênção. Não digam que é muito longe”, ele aconselhava. “Façam do templo uma meta, não apenas parte de uma viagem para resolver alguma coisa ou fazer compras. Vamos mudar as prioridades, vamos ao templo. Vocês podem até fazer as outras coisas, mas a prioridade é irem ao templo.”

O élder e a irmã Giménez compartilharam parte de sua cultura com os amigos e conhecidos em Ely, como gestos latinos de proximidade: cumprimentos com um abraço ou um beijinho (“besito”) entre as mulheres ou um grande abraço entre os homens.

“Converti toda a presidência da estaca e o sumo conselho porque eu os puxava e abraçava”, confessou o élder Giménez. “E fiz o mesmo com os missionários; e quando eu os abraçava, eles colocavam a cabeça no meu ombro.”

O élder Giménez disse que, enquanto ensinavam esse tipo de abraço aos membros da Igreja em Ely, eles procuraram mostrar outro tipo de abraço: tomar a fé, o testemunho, a ministração e o serviço que aprenderam — seja em Antofagasta, Chile, ou em Ely, Nevada, “e usá-los para abraçar tudo o que é bom e colocá-lo a serviço do Senhor”.

Ambos se perguntam se estão à altura de suas novas responsabilidades. “Estou super preocupada quanto a estar preparada espiritualmente”, disse a irmã Giménez.

O élder Giménez disse que pensa em outros membros da Igreja que têm mais conhecimento e mais experiência. “Esta é a primeira vez na minha vida que me sinto inadequado, muito inadequado.

Eu me pergunto: ‘Quem é você? Não sou ninguém’”, ele mesmo responde; “então rapidamente lembro a mim mesmo das muitas vezes em que ensinei o princípio de que o Senhor qualifica aqueles a quem Ele chama.

Ensinei isso muitas vezes, e agora estou tentando aplicar esse ensinamento a mim mesmo. O Pai Celestial chamou você. Ele o conhece. Então, vá em frente e faça o que Ele quer, e tudo vai dar certo.”

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