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Sheri Dew: Como o falecimento de minha mãe me ensinou que o luto é uma espécie de gratidão aprimorada

Perdi minha mãe, JoAnn Petersen Dew, neste verão. De toda turbulência deste ano enlouquecedor, a morte de minha mãe foi de longe a coisa mais difícil e a que mais mudou minha vida. Um amigo disse bem: “Nunca há uma boa hora para se perder uma mãe.”

Felizmente, meus irmãos e eu temos a gloriosa garantia de que não a perdemos. Mas permanece a realidade de que não podemos conversar com nossa mãe por telefone, nem brincar com ela sobre suas peculiaridades ou ter empatia por ela enquanto lamenta o fato de que “eles não me deixam mais dirigir” (sabendo muito bem que “eles” éramos nós).

Estou percebendo que o luto é uma espécie de gratidão aprimorada. Certamente é mais uma dimensão do espírito de Elias — o coração dos filhos voltando-se para seus pais ... e mães. Memórias passaram pela minha mente como uma maratona de filmes caseiros. Momentos hilários, experiências doces e sombrias, vezes em que ela me defendeu quando eu não merecia, e até mesmo suas repreensões — tudo voltou em ondas, junto com a realidade de que, quando minha mãe atravessou o véu, veio a certeza de que, a única pessoa que acreditou em mim desde o dia em que nasci, não está mais aqui. Ninguém pode tomar o lugar dela. 

Foi em uma tarde do mês de junho que meus irmãos e eu recebemos a notícia de que sua saúde tinha mudado de repente, e corremos para seu lado. Ela esteve bastante agitada duas noites antes, quando eu a tinha visto pela última vez, então foi chocante vê-la completamente inerte. Todos nós cercamos a cama de nossa mãe enquanto meu irmão lhe dava uma bênção final do sacerdócio. 

Esperávamos que ela passasse naquela noite, mas não foi o que aconteceu. Ela aguentou toda aquela noite e o dia seguinte. Ficamos nos perguntando o que ela estava esperando.

Ofereci-me para ficar com ela no próximo turno da noite. As enfermeiras de nossa mãe nos disseram para falar com ela porque provavelmente poderia nos ouvir. Então, depois que todos tinham ido embora e estávamos só nós duas, disse à minha mãe novamente o quanto a amava. Então, entre lágrimas, lhe agradeci por um ato altruísta atrás do outro que ela tinha feito por nós. Naquele momento senti pela primeira vez que meu pai estava lá. E com isso, me vi dizendo algo que não esperava.

“Mãe”, eu disse. “Você dedicou a vida a nós. Você colocou nossas necessidades à frente das suas repetidas vezes. Mas seu corpo está cansado. Não há mais nada que possa fazer por sua família aqui. Mas, do outro lado do véu, com o papai, você poderá nos ajudar de inúmeras maneiras. Mãe, acho que está na hora de partir.”

Literalmente, em instantes, a respiração de minha mãe mudou. Quando uma enfermeira entrou na sala alguns minutos depois, perguntei se o que eu estava ouvindo era o “último suspiro”. Ela acenou com a cabeça e, naquela noite, segurei a mão de minha mãe enquanto ela fazia seu esforço final para respirar. Ela morreu no dia seguinte de manhã bem cedo.

Nunca me esquecerei daquela sequência de eventos. Não sei se temos controle sobre quando partirmos desta vida. Mas não posso negar que aquilo aconteceu no momento certo. Naquela hora, tive a impressão, e mais ainda posteriormente em retrospectiva, de que quando mamãe me ouviu dizer que poderia ajudar mais sua família do outro lado do véu, ela se foi. Uma última vez, ela nos colocou à frente de si mesma.

Minha mãe nunca se viu como nada além de uma mulher muito comum, mas não havia nada de comum em sua bondade, fidelidade e devoção absoluta aos seus filhos.

Vimos a grandeza de nossa mãe honrada de uma forma inesperada enquanto nos preparamos para levá-la para seu local de descanso final. Depois de um curto velório, apropriado para a situação causada pela COVID, em nossa cidade natal do Kansas, saímos da capela e nos encontramos com um policial que aguardava para escoltar o cortejo fúnebre até o cemitério.

Nossa cidade é pequena e não precisávamos de ajuda para transitar por ela. Mas esse ato de respeito é típico da simples decência que sempre encontramos nas pessoas de lá. Enquanto íamos para o cemitério, todos os veículos que se aproximavam saíram da estrada para manifestar seu respeito. Contudo, o momento mais doce veio quando vimos uma mulher que tinha saído de sua picape e estava de pé, com a cabeça abaixada quando passamos.

Não faço ideia de quem era aquela mulher, e tenho certeza de que ela não sabia a quem estava honrando. Mas nunca esquecerei a reverência que senti quando uma desconhecida transeunte pagou tributo à minha mãe, uma mulher cuja pura bondade lhe deu uma espécie de influência silenciosa, mas profunda, que só pode ser totalmente medida pelo Senhor.    

— Sheri Dew é vice-presidente executiva da Deseret Management Corporation e CEO da Deseret Book Company. Ela serviu na Presidência Geral da Sociedade de Socorro de 1997 a 2002.

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