Nota do Editor: Este artigo foi adaptado do original, publicado em inglês em 21 de maio de 2018.
Laura Allred Hurtado foi atraída pela primeira vez por “O Chamado”.
A pintura de influência cubista do artista argentino Jorge Cocco Santángelo retrata Cristo em pé diante de um lago e estendendo Seu braço para um barco, onde Simão Pedro e André estão pescando. Mas foi mais do que isso; Hurtado, na época curadora de arte de aquisições globais no Museu de História da Igreja, achou a pintura realista o suficiente para reconhecer a história, ao mesmo tempo que reunindo motivos coloridos complexos, abstrações e linhas retas. Isso o destacou das demais inscrições do 10º Concurso Internacional de Arte de 2015, evento que, segundo Hurtado, foi voltado para a construção do acervo do museu.
“[‘O Chamado’] não parecia uma escolha óbvia”, disse ela. “Parecia novo e atual.”
Hurtado acabou adquirindo a peça, o que levou a uma comissão de 21 trabalhos que descrevem eventos sagrados da vida de Cristo, conforme encontrados no Novo Testamento. Essas obras fizeram parte de uma exposição do Museu de História da Igreja chamada “Jorge Cocco Santángelo: Eventos sagrados da vida de Cristo” [em inglês] que esteve aberto ao público de 17 de maio a 1 de outubro de 2018.
As pinturas, no entanto, foram mais do que simplesmente uma nova exposição; elas foram indicadores de uma Igreja cada vez mais global.
“Eu simplesmente senti que tinha encontrado algo que realmente ressoou com a Igreja, e que os membros da Igreja estavam ansiosos para expandir essas narrativas visuais e representar a natureza global de nossa Igreja”, disse Hurtado.
Hurtado explicou que o estilo de Santángelo, o“sacrocubismo”, combina cubismo e temas sagrados. Isso ajuda os espectadores a se preocuparem menos com detalhes exatos, como roupas e paisagens, e mais com o significado e a profundidade da história; o elemento abstrato serve como uma lente para o significado real da história, que “às vezes é difícil de se compreender e certamente difícil de se capturar”, disse ela.
Ela adicionou dizendo que a exposição se tornou parte da Restauração, ao contrastá-la com a exposição Trilhas Mórmons [em inglês], que apresentou os pioneiros como são tradicionalmente considerados. A exposição “Eventos Sagrados”, no entanto, mostrou como Jorge e sua esposa, Myriam, que se filiaram à Igreja em 1962, “foram membros pioneiros da Igreja na Argentina.”
Santángelo, cujo filho Amiel Cocco atuou como seu tradutor, disse que a exposição foi influenciada por seu próprio testemunho e que parte de seu testemunho vem de tocar o coração de outras pessoas por meio de seu trabalho.
“Na Restauração, a compreensão do evangelho precisa de diversas linguagens para ser capaz de entendê-la completamente”, disse o artista.
Ele também disse que esse tipo de arte requer autorrenovação para “analisar e despertar as coisas que estão dentro”, o que o ajuda a encontrar novas ideias em eventos que já foram retratados.
Além disso, ele sente um “senso de responsabilidade muito pesado” ao pintar.
“Não estou simplesmente pintando qualquer paisagem ou coisa parecida, então, se não fosse inspirado por Deus, não seria capaz de fazer isto”, disse ele. “Quando acabo um trabalho, presto homenagem a Deus por este dom que recebi porque não é meu. Foi dado a mim para fazer isto.”