Das diversas aventuras e experiências de sua própria vida, Élder Vaiangina (Vai) Sikahema conhece bem a importância da confiança.
Se um treinador de futebol americano universitário ou profissional, lhe pedir para receber o chute da bola, no campo de um estádio repleto de fãs barulhentos e enlouquecidos — será necessário ter confiança.
E, quando as câmeras de televisão começarem a transmitir sua reportagem esportiva no estúdio para milhares de telespectadores do noticiário da área da Filadélfia, também será necessário ter confiança.
Mas o entendimento sobre a “confiança” de Élder Sikahema, apenas se aprofundou no começo deste ano, quando Presidente Russell M. Nelson o chamou para servir como Setenta Autoridade Geral.
“Frequentemente, ouvimos na Igreja a citação que diz que o Senhor qualifica aqueles a quem Ele chama — e sinto isso”, disse o líder tonganês ao Church News. “E mesmo que não me sinta capaz de realizar a tarefa, tenho confiança de que o Senhor fará com que eu esteja pronto. E trabalharei com o maior afinco que puder.”
Além da garantia do aumento de confiança oferecida pelo Senhor, Élder Sikahema encontra forças em seu próprio legado de fé de várias gerações santos dos últimos dias.
Bênçãos sobre as ilhas do mar
Em 1907, seu bisavô, Iki Tupou Fulivai, estava trabalhando como mestre de cais em Vava’u em Tonga — um dos portos mais movimentados e bonitos do Pacífico. Certo dia, uma dupla de missionários santo dos últimos dias chegou ao local. Eles foram recebidos por Fulivai, que havia aprendido inglês durante suas viagens ao redor do mundo.
O mestre de cais convidou os missionários a passarem a noite em sua casa, e, mais tarde, lhes pediu que ensinassem seus filhos. Élderes William O. Facer e Heber J. McKay atenderam ao pedido, morando na casa da família Fulivai e ensinando leitura a seus filhos — e o evangelho de Jesus Cristo.
A conversão da família Fulivai continua sendo um dos capítulos marcantes na história da Igreja em Tonga, onde mais da metade da população é santo dos últimos dias.
Élder Sikahema é um homem forte. Seu pai, Loni Sikahema, o criou para ser um boxeador. Ele obteve sucesso no árduo mundo do futebol americano profissional. Contudo, ele luta para conter as lágrimas quando reflete sobre o compromisso e a fé de sua família no evangelho.
Humildemente, ele reconhece a mão do Senhor quando considera seu novo chamado ao Quórum dos Setenta — e as bênçãos prometidas, sendo recebidas hoje, pelos membros em Tonga e nas ilhas do Pacífico.

Quando Vai ainda era criança, a família Sikahema imigrou para os Estados Unidos em busca de novas oportunidades. “Meu pai era um boxeador em Tonga, e seu plano principal era que, um dia, eu fosse o campeão dos pesos pesados do mundo. Então, comecei a treinar para ser um boxeador desde criança.”
Contudo, após iniciar o ensino médio em Mesa, Arizona, ele descobriu o campo. E logo começou a jogar futebol americano. “Nunca havia participado em esportes coletivos antes”, disse ele. “Ter companheiros de equipe foi muito divertido, e me destaquei nisso.”
Em sua última temporada no ensino médio, ele estava no mapa dos recrutadores de faculdades, iniciando uma vida aos olhos do público, culminando com seu recente chamado como Setenta Autoridade Geral. Por fim, ele aceitou uma bolsa de estudos para jogar na Universidade Brigham Young.
Servir uma missão de tempo integral não estava em seus planos quando ele chegou à universidade da Igreja em Provo, Utah. “Mas, me encontrei entre rapazes que estavam profundamente comprometidos a viver o evangelho, e queria ser mais como eles”, disse ele. “Então, uma missão se tornou parte do meu caminho.”
Em 1982, ele se afastou do futebol americano universitário por um tempo para servir na Missão South Dakota Rapid City. Ele continua sendo grato pelas muitas pessoas que conheceu na BYU, que ajudaram a lhe mostrar um caminho seguro e estável.
Formar campeões para famílias e para o serviço na Igreja
LaVell Edwards, o falecido e legendário treinador de futebol americano da BYU, disse certa vez a seu ex-jogador: “Vai, muitas vezes me perguntei se o propósito de nosso programa era competir ou formar campeões.”
O treinador Edwards continuou explicando que sua principal preocupação no comando dos Cougars era preparar os rapazes para se tornarem líderes em suas famílias, profissões e congregações da Igreja.
Élder Sikahema é grato por ser contado entre os muitos beneficiários de tais preocupações.
“As coisas mais importantes na minha vida aconteceram enquanto eu estava na BYU, e elas não têm nada a ver com o futebol americano”, disse Élder Sikahema. “Encontrei meu testemunho. Decidi servir uma missão. E quando retornei de minha missão, conheci minha esposa (Keala Heder Sikahema) no campus da BYU. E então, começamos nossa família na BYU.”
Como atleta da BYU e missionário de tempo integral, ele também começou a aprimorar suas habilidades de comunicação que foram essenciais à sua profissão e às suas designações eclesiásticas.
Muitos fãs santos dos últimos dias conheciam Élder Sikahema antes de seu nome ter sido chamado para um voto de apoio na conferência geral de abril. Ele competiu no time dos Cougars no campeonato nacional de 1984 e depois jogou profissionalmente para vários times da National Football League [Liga Nacional de Futebol Americano]. Ele foi nomeado duas vezes para o campeonato Pro Bowl antes de fazer a transição para uma carreira de sucesso como um apresentador de telejornal na Filadélfia.
Mas “jogador de futebol americano” ou “âncora de telejornal” sempre foram títulos que identificaram o que o talentoso líder de 58 anos de idade fez — e nunca quem ele foi.
“Eu nunca usei os títulos de atleta profissional ou de apresentador de telejornal como minha identidade”, disse Élder Sikahema. “Em primeiro lugar, me identifico como sendo um filho de Deus e um santo dos últimos dias.
Ele também é um esposo, pai e portador do sacerdócio — todos títulos eternos. Ele é grato pelo fato de que sua esposa estará a seu lado agora, durante suas viagens pelo mundo como Autoridade Geral.
A irmã Sikahema é da ilha de Oahu, situada na costa norte do Havaí. Ela também é grata por ter vindo de uma família e de uma comunidade protegidas por suas raízes santos dos últimos dias.
O legado de fé compartilhado pelo casal guiou as decisões que tomaram enquanto navegavam os desafios de criar uma família em meio às demandas dos esportes profissionais e do telejornal.
Porém, Élder Sikahema nunca separou suas atividades profissionais e atléticas de suas crenças religiosas.
“Isso nunca foi um problema”, disse ele. “Alguns de meus melhores amigos na NFL eram muçulmanos, católicos ou judeus. Eu os aceitei, e eles não encontraram nenhum motivo para não me aceitar.”
Isso não significa que suas crenças nunca foram testadas. “As pessoas nos desafiarão. Mas, quando percebem que somos firmes em nossas crenças, algo curioso acontece. Essas mesmas pessoas nos protegem.”
Como qualquer outra pessoa, o casal Sikahema tem apenas 24 por dia. Enquanto criavam seus quatro filhos, eles buscaram orientação em espírito de oração sobre como encontrar equilíbrio em sua vida. Tal orientação divina foi fundamental quando as crianças eram jovens e Élder Sikahema estava jogando futebol americano.
Encontrar equilíbrio por meio de Jesus Cristo
Apesar dos muitos compromissos em seu calendário, o casal encontrou maneiras de colocar o Senhor no centro de suas vidas.
“Essa foi uma época impressionável para nossa jovem família”, disse a irmã Sikahema. “Portanto, era vital que nossas prioridades estivessem onde deveriam estar.”
E, às vezes, eles aprenderam lições da maneira mais difícil. “Nem sempre acertávamos”, disse Élder Sikahema.
Mas continuamos seguindo adiante, aprendendo e ouvindo ao Espírito Santo e à orientação de sábios líderes da Igreja. “Aprendi a equilibrar melhor meu tempo”, disse ele. “Aprendi que a família vem em primeiro lugar. Isso é o que é mais importante.”
Agora, à medida que continua a transição para um outro capítulo decisivo em sua vida, Élder Sikahema de maravilha com a maneira pela qual o Senhor continua a qualificar aqueles a quem Ele chama. Assim como acontece com todos os outros santos dos últimos dias, servir na Igreja tem lhe oferecido oportunidades de crescimento.
“Ministrar sempre tem sido fácil para mim porque sou um indivíduo sociável; amo as pessoas e gosto de engajá-las”, disse ele. “Porém, os aspectos administrativos de meus chamados são coisas que tive que aprender. Não tive uma profissão ou carreira que me preparasse dessa forma.
“Contudo, recebi o melhor treinamento do mundo de meus líderes locais e gerais da Igreja.”
Mesmo antes do recente chamado de seu esposo, a irmã Sikahema discursou com frequência para outros santos dos últimos dias ansiosos a encontrarem estabilidade e equilíbrio em sua própria vida.
Temos permitido que o Espírito nos guie, e continuaremos a fazer isso”, disse ela. “Esta obra é completamente do Senhor, e fomos apenas solicitados a sermos instrumentos para ajudarmos a construir o Reino. Só esperamos ser dignos do que o Senhor espera de nós.”
Onde quer que o casal seja enviado nos próximos anos, “nosso trabalho será ajudar as famílias a se manterem no caminho do convênio na grande coligação de Israel”, acrescentou Élder Sikahema. “Aguardamos por isso com grande expectativa … e faremos o nosso melhor.”
Informações biográficas
Família: Nasceu em Nuku’alofa, Tonga, filho de Sione and Ruby Sikahema. Casou-se com Keala Heder no Templo de Mesa Arizona, no dia 21 de julho de 1984. Eles têm quatro filhos.
Educação: Bacharelado em Publicidade e Comunicação da Universidade Brigham Young em 2002.
Trabalho: Jogou futebol americano profissional para os times Arizona Cardinals, Green Bay Packers e Philadelphia Eagles. Trabalhou como apresentador de notícias esportivas para a NBC10 Filadélfia por quase três décadas.
Serviço na Igreja: Missionário de tempo integral na Missão Rapid City South Dakota (1982-1983), presidente dos Rapazes da ala, bispo, diretor regional de assuntos públicos, conselheiro na presidência de estaca, presidente de estaca, conselheiro em presidência de missão e Setenta de Área.