Em uma época quando jovens e jovens adultos encontram dificuldades para navegar pelas pressões de ideias e valores mundanos, pelas contenções na sociedade e pelo isolamento causado pela pandemia, o segundo líder mais antigo da Igreja expressou seu amor e apreço, e deixou uma bênção para aqueles que se esforçam em lhes ensinar o evangelho de Jesus Cristo.
“Eu os abençoo como Seus servos, como Seus professores e como pais e mães em Sião, como servos dignos do Senhor Jesus Cristo, para cumprirem suas responsabilidades, guardarem Seus mandamentos, serem grandes modelos de retidão e ensino de princípios verdadeiros” declarou Presidente Dallin H. Oaks, primeiro conselheiro na Primeira Presidência.
Discursando durante um devocional transmitido aos professores e administradores do Sistema Educacional da Igreja e seus cônjuges, Presidente Oaks foi acompanhado por sua esposa, a irmã Kristen M. Oaks, e alguns dos principais administradores dos Seminários e Institutos de Religião, para oferecer palavras de conselho e incentivo a mais de 55 mil professores no mundo todo. O devocional da noite de sexta-feira foi traduzido para cerca de 20 idiomas.
Entre outros assuntos, o grupo discutiu o papel do Espírito Santo na sala de aula, como lidar com contenções ou diferenças de opinião entre os alunos, como ajudar os alunos a navegarem pelas várias influências do mundo, qual é a melhor maneira de abordar perguntas difíceis, o que fazer a respeito do uso de telefones celulares durante a aula e como garantir que a classe seja um refúgio de paz e segurança.
O poder do amor
Em seus comentários iniciais, antes de participar de uma discussão de grupo com Chad H. Webb, administrador dos Seminários e Institutos, e Adam N. Smith, administrador associado de instrução nos Seminários e Institutos, Presidente Oaks abordou o tema do poder do amor.
“Por que amar a Deus é o primeiro mandamento?” perguntou ele. “É o primeiro mandamento porque é fundamental entendermos e seguirmos o plano de Deus e Seus mandamentos para Seus filhos.”
O que Presidente Oaks mais se lembra sobre seus professores do seminário em Vernal, Utah, de 70 anos atrás?
“Não consigo me lembrar das matérias das aulas que eles ensinaram, mas lembro que ambos me amavam e me tratavam como pessoa”, recordou Presidente Oaks.
O amor deve ser o poder motivador quando ensinamos, disse ele. “O amor tem poder: poder para compreender a Expiação de Jesus Cristo, poder para compreender o plano de salvação e poder para explicar os mandamentos de Deus.”
Se o amor não é compreendido, todas as outras coisas a respeito do evangelho são enfraquecidas ou contrariadas pelas tentações do adversário e pelo poder dos valores mundanos, disse ele.
Presidente Oaks discutiu então sobre a relação dos professores com as matérias do evangelho que ensinam.
Ao contrário dos professores que ensinam matérias seculares, que se consideram especialistas em um determinado assunto, professores religiosos não devem se posicionar como autoridades em alguns aspectos do evangelho de Jesus Cristo, disse Presidente Oaks.
“A autoridade é o Espírito Santo, um membro da Trindade, que tem a função de testificar do Pai e do Filho, e nos conduzir à verdade.”
Os professores religiosos nunca devem receber crédito ou agir na sala de aula, ou em qualquer outro lugar, de maneira que interfira na fé ou nos ensinamentos do Salvador Jesus Cristo. “Nunca devemos lançar uma sombra de interesse próprio sobre qualquer assunto que estamos ensinando”, ensinou Presidente Oaks.
Ensinem por seu amor ao Pai Celestial e a Seu Filho, Jesus Cristo, e com amor por Seus filhos, incentivou ele.
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Lições da pandemia
Presidente Oaks e os irmãos Webb e Smith aproveitaram a oportunidade para expressar gratidão pelos esforços dos professores durante uma época difícil.
“Temos professores que estão tentando ensinar presencialmente e aprendendo a ensinar online, que têm usado máscaras que, às vezes, são desconfortáveis e que se colocam em risco em certos momentos. E [eles] têm feito isso com grande amor por seus alunos e pelo Pai Celestial, com tamanha dedicação”, observou Webb.
Smith disse que a pandemia acentuou o elemento ministerial inerente ao ensino do evangelho. “Acho que estamos melhorando ao ouvirmos nossos alunos, em determinando suas necessidades e habilidades, os conhecendo, os amando onde estão e encontrando formas criativas de ajudá-los a se aproximarem do Pai Celestial e de Jesus Cristo.”
A pandemia também salientou como a ajuda divina acompanha os professores que realmente tentam amar o Senhor e seus alunos, e fazer o seu melhor, disse Smith.
Em nome da Primeira Presidência, Presidente Oaks expressou sua gratidão. “Nós os amamos, irmãos e irmãs que ensinam em nossos Seminários e Institutos, e professores de Religião que ensinam em nossas faculdades e universidades.”
A importância dos relacionamentos
Muitos dos alunos de hoje têm perguntas sobre assuntos preocupantes da história da Igreja, questões relacionadas à comunidade LGBT, como viver com o controle governamental durante a pandemia e muitos outros temas. Como os professores devem abordar estas e outras perguntas no contexto de uma aula de Religião?
Em resposta, Webb mencionou o Apóstolo Paulo, que instruiu indivíduos a ensinarem ou falarem a verdade com amor.
Parte disso é ensinar a verdade contida nas escrituras e as palavras dos profetas modernos. “Não fazemos nenhum favor a ninguém quando ensinamos coisas que não são verdadeiras. Isso não levará à felicidade”, disse Webb.
A outra parte importante é ensinar com amor, o que significa ter um relacionamento. “Esses relacionamentos começam com professores que estão dispostos a ouvirem, a realmente entenderem os alunos e suas circunstâncias e a terem empatia para tentarem compreender suas necessidades”, explicou Webb.
O coração se abre quando os alunos se sentem amados por professores em quem confiam, disse Smith. “Às vezes, muralhas de defesa podem ser erguidas quando ensinamos um princípio que não é a realidade de um aluno. E, quando um aluno ama e confia em seus professores, essas muralhas são derrubadas.
No entanto, professores não devem se sentir obrigados a concordar com tudo que um aluno, um responsável ou a sociedade diz, acrescentou Presidente Oaks. “Não estamos no ramo de afirmar todas as crenças no mercado de ideias. Estamos encarregados de ensinar a verdade. Mas, ao fazer isso, devemos ter muito cuidado para nunca nos afastarmos de nossa responsabilidade, que nos foi dada pelo Salvador, de amarmos nosso próximo.
As pessoas podem conviver amavelmente com indivíduos de quem discordam, disse Presidente Oaks. Ele também falou sobre a importância da comunicação para que o amor e a aceitação não sejam entendidos como aprovação.
Ele citou o primeiro e grande mandamento de amar a Deus, seguido pelo ensinamento do Salvador, “se me amardes, guardareis meus mandamentos.”
“O fato de amarmos nosso próximo não significa que não amamos a Deus em primeiro lugar, [mas que] guardamos Seus mandamentos primeiramente.
Estabelecer prioridades
Quando questionado sobre como priorizar as coisas de maior valor para os alunos, Smith citou Presidente Henry B. Eyring, segundo conselheiro na Primeira Presidência, que deu o seguinte conselho: “Ao prepararem uma aula, procurem os princípios de conversão. Um princípio de conversão é aquele que leva à obediência para a vontade de Deus.”
Em outras palavras, disse Smith, as coisas que são de maior valor para os alunos os conectarão ao Pai Celestial e a Jesus Cristo de maneira pessoal e profunda.
“Precisamos ensinar as coisas que ajudarão os alunos a sentirem e a compreenderem as verdades do evangelho, mas especialmente as verdades com respeito à realidade de Jesus Cristo, Sua expiação e ressurreição, os ajudando a sentirem que, de maneiras práticas, Jesus Cristo tem o poder de curá-los, ajudá-los, confortá-los e purificá-los”, disse Smith.
Como os professores podem ajudar os alunos a priorizarem o que é mais importante em sua própria vida? Em uma recente conferência geral, Presidente Oaks perguntou: “Aonde é que isto vai nos levar?” Smith aconselhou os professores a “pensarem sobre essa pergunta no contexto de ‘isto me levará mais perto do Pai Celestial e Jesus Cristo? Isto está me levando a cumprir minha identidade ou propósito divino?’”
Esse contexto pode proporcionar um poderoso filtro para que os alunos, ou qualquer pessoa, possam refletir onde passam seu tempo, o que assistem ou o que ouvem. Os alunos podem perguntar a si mesmos: “Isto me aproximará de meu Pai Celestial?’”, disse Smith.
Presidente Oaks, e os irmãos Webb e Smith, também aconselharam os professores a ensinarem princípios, em vez de regras.
Isso é importante nas salas de aula, onde os alunos possuem opiniões e percepções diferentes, disse Webb. Em vez de ensinarem a aplicação, ensinem o princípio do evangelho.
Retornem à premissa, ensinem o plano de salvação, a doutrina de Cristo e os princípios do evangelho, e possibilitem a aplicação pessoal com a ajuda do Espírito Santo, disse Webb.
Um lugar seguro
Destacando as muitas tentações e oposições enfrentadas pela juventude de hoje, Presidente Oaks citou 2 Néfi 28:20, que adverte que, nesta época, Satanás “se enfurecerá no coração dos filhos dos homens e incitá-los-á a irarem-se contra o que é bom.”
“Tudo, desde a violência no trânsito aos protestos e às desavenças familiares, parece ter se intensificado”, disse Presidente Oaks. “Sua sala de aula pode servir como um santuário de paz e segurança disso tudo. Ela pode proporcionar um modelo de civilidade para resolver os sentimentos de seus alunos.”
A irmã Oaks disse aos professores que suas salas de aula podem ser um lugar seguro. “Os princípios ensinados em suas aulas, especialmente os testemunhos prestados e o Espírito sentido lá, podem nutrir e proteger seus alunos.”
A irmã Oaks compartilhou então, a experiência de uma professora do Instituto que voltou a ensinar após uma ausência de dois anos. Após seu retorno, ela ficou chocada com as notificações e as mensagens de texto constantes que distraem os alunos e interferem em seu raciocínio e aprendizado na sala de aula.
Se possível, criem uma oportunidade para conversarem com seus alunos sobre os benefícios e os perigos dos telefones celulares, disse a irmã Oaks. “Permitam que os alunos compartilhem suas preocupações e encontrem suas próprias soluções para o problema dos telefones celulares.”
Presidente Oaks incentivou os professores a ensinarem a esperança do arrependimento a seus alunos. “Ensinem-nos que o arrependimento é um dos maiores dons que possuímos. Vocês têm a responsabilidade de ajudar seus alunos a alcançarem seu pleno potencial e destino como filhos de Deus.”
A melhor arma à disposição de um professor é encontrada em Alma 31:5, disse a irmã Oaks. “’A pregação da palavra [de Deus] exercia uma grande influência sobre o povo, levando-o a praticar o que era justo — sim, surtia um efeito mais poderoso sobre a mente do povo do que a espada’ ou, devo acrescentar, o telefone celular. Vocês são professores dessa palavra, e possuem esse poder e promessa.”
Presidente Oaks prometeu: “Coloquem o Salvador no centro do ensinamento de seus alunos e vocês terão esse poder. … Ao se aproximarem de Cristo, seus alunos se achegarão a vocês e a Ele. Sua capacidade de ensinar a verdade, que eles precisam, aumentará e sua capacidade de amá-los e de discernir suas necessidades será magnificada.”