Em seu primeiro discurso para estudantes durante um novo semestre e ano, Kevin J Worthen, presidente da BYU, falou sobre uma característica que, se adotada e refinada, “mudará sua vida drasticamente”, prometeu ele.
Essa característica ajudará os estudantes em seu trabalho acadêmico, melhorará suas relações sociais e os preparará para futuras posições de liderança, disse presidente Worthen. Acima de tudo, ela os ajudará a permanecerem no caminho do convênio, o qual leva ao cumprimento de seu destino eterno como filhos de pais celestiais.
Qual é essa característica? A resposta pode ser surpreendente, disse presidente Worthen aos ouvintes. “A humildade é uma das virtudes mais subestimadas na sociedade contemporânea, a qual dedica muita atenção à autopromoção. No entanto, nas últimas duas décadas, houve um aumento significativo de pesquisas acadêmicas sobre o impacto positivo da humildade na capacidade das pessoas de aprenderem, liderarem e se relacionarem com outros indivíduos.”
Ao discursar do Marriott Center no campus da BYU no dia 4 de janeiro, presidente Worthen citou vários estudos acadêmicos que mostram que a humildade pode ajudar as pessoas a desenvolverem habilidades acadêmicas, sociais e de liderança.
Para explicar o que é a humildade, ele citou a lista de seis características centrais da humildade, de June Tangney: “1. uma avaliação precisa de si mesmo; 2. reconhecimento dos próprios erros e limitações; 3. estar aberto a outros pontos de vista e ideias; 4. manter suas conquistas e habilidades em perspectiva; 5. baixo foco em si mesmo; e 6. apreciar o valor de todas as coisas, inclusive o de outras pessoas.”
A humildade é fundamental não apenas para o sucesso individual, mas também para o sucesso institucional da BYU, disse presidente Worthen.
“Como espero que todos saibam, um de nossos objetivos e desafios atuais é criarmos um ambiente de inclusão, no qual nossos corações estejam entrelaçados em amor, e onde todos sintam que fazem parte da comunidade. Em essência, estamos tentando criar Sião — ou, pelo menos, uma sociedade semelhante a Sião. E um dos principais obstáculos para alcançarmos esse objetivo elevado, porém atingível, é a contenda que faz parte da vida cotidiana no mundo ao nosso redor.”
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Presidente Worthen citou um discurso proferido pelo Presidente Ezra Taft Benson, que ensinou: “O orgulho é a grande pedra de tropeço no caminho de Sião”. Mais tarde, no mesmo discurso, Presidente Benson observou que: “Outra face do orgulho é a contenda. Argumentos, brigas, domínio injusto, brechas entre gerações, divórcios, abuso conjugal, tumultos e distúrbios se enquadram nessa categoria de orgulho.”
E se a raiz é o orgulho, o antídoto é a humildade.
Durante uma cúpula de liderança em abril passado, Élder David A. Bednar, do Quórum dos Doze Apóstolos, incentivou líderes universitários a atacarem a raiz de questões importantes, ao se concentrarem “na substância espiritual e prática das soluções, e não apenas no simbolismo superficial”.
“Acredito que podemos começar a cumprir esse encargo trabalhando individual e coletivamente para desenvolvermos e aplicarmos as qualidades da humildade cristã”, disse presidente Worthen no devocional de terça-feira. “Fazer isso nos ajudará a eliminarmos o orgulho, que é a raiz da contenda e a principal barreira para estabelecermos uma comunidade semelhante a Sião em nosso campus.”
No entanto, a humildade fará mais do que melhorar o sucesso nos estudos, no namoro e na carreira, ou fornecer informações sobre os desafios do campus. “A longo prazo, nosso destino eterno individual depende de nossa humildade”, observou presidente Worthen.
Cristo prometeu que fará “com que as coisas fracas se tornem fortes” (Éter 12:27) para aqueles que se humilham, que dará “resposta às [nossas] orações” (Doutrina e Convênios 112:10) e que, “se [formos] humildes, [seremos] fortalecidos e abençoados do alto e [receberemos] conhecimento de tempos em tempos” (Doutrina e Convênios 1:28).
Em seguida, presidente Worthen mostrou como cada uma das seis características da humildade no mundo acadêmico recebe um significado mais profundo quando vista através das lentes do evangelho.
“Por exemplo, de uma perspectiva do evangelho, a humildade que se manifesta ao avaliarmos a nós mesmos com precisão não apenas nos auxiliará a identificarmos nossas fraquezas, mas também nos ajudará a compreendermos nosso potencial divino. Esse entendimento, juntamente com a ajuda prometida pelo Salvador, nos dá a confiança de que podemos vencer tais fraquezas”, disse ele.
Da mesma forma, quando as pessoas têm humildade para reconhecerem seus próprios erros e limitações, isso funciona como um componente-chave do processo de arrependimento, do qual depende a exaltação final, explicou presidente Worthen.
Estarmos abertos a outros pontos de vista e ideias inclui levarmos em consideração o discernimento que recebemos por meio da revelação divina. A humildade que é evidenciada ao mantermos nossas conquistas e habilidades em perspectiva também enfatiza que todos dependem do Senhor para tudo o que realizam. Ao nos concentrarmos menos em nós mesmos e mais em outras pessoas, vivenciaremos o poder refinador e exaltador do serviço. E apreciarmos o valor de terceiros nos ajudará a entendermos e guardarmos o segundo grande mandamento de amar a outras pessoas, as quais também são filhas amadas de Deus, disse presidente Worthen.
Às vezes, Deus nos compele a sermos humildes, com a esperança de que a experiência nos fará mudar, observou ele. “Porém, a longo prazo, o resultado depende de nós. Devemos escolher ser humildes por nós mesmos. … Quando submetemos voluntariamente nossa vontade à Dele e escolhemos ser humildes, Deus pode transformar o tipo de humildade temporal que os estudiosos examinaram em um atributo de transformação eterna que se torna parte de nossa natureza permanente”, disse presidente Worthen.
A disposição de nos submetermos à vontade de Deus — ou de “permitirmos que Deus prevaleça”, como disse Presidente Russell M. Nelson — “é a melhor definição do que é a verdadeira humildade”.
No mesmo discurso “notável”, Presidente Benson listou maneiras específicas de sermos humildes: estimarmos nossos irmãos e irmãs como a nós mesmos, aceitarmos conselhos e correções, perdoarmos aqueles que nos ofenderam, prestarmos serviço altruísta, pregarmos o evangelho, frequentarmos o templo, e confessarmos e abandonarmos pecados.
À lista do Presidente Benson, presidente Worthen acrescentou: “Podemos escolher ser humildes ao respondermos de maneira consciente e constante ao apelo urgente feito pelo Presidente Nelson para ‘reservarmos tempo para o Senhor … todos os dias.’” (Conferência geral de outubro de 2021).
Presidente Worthen concluiu: “Ao iniciarem este novo semestre, peço e suplico a vocês que escolham ser humildes em todos os seus esforços, que escolham estar abertos a novas ideias, inclusive as recebidas por revelação, que reconheçam plena e precisamente seus talentos individuais e potencial como filhos literais de Pais Celestiais, que reconheçam essa mesma divindade em todas as outras pessoas com as quais interagem, que evitem contendas, que amem e sirvam ao próximo e, acima de tudo — que venham a conhecer melhor o Salvador, reservando tempo para Ele todos os dias. Ao fazerem isso, vocês desenvolverão a poderosa e exaltante característica cristã da humildade e, como resultado, sua vida será mais repleta de alegria.”
Em seus comentários aos estudantes, a irmã Peggy Worthen, primeira-dama da BYU, compartilhou a história de uma mulher que culpou um homem injustamente, apenas para descobrir mais tarde que era ela quem estava errada e que era tarde demais para se desculpar.
“Vocês podem se identificar com essa história?” Perguntou a irmã Worthen. “Vocês já tiveram uma experiência na qual julgaram severamente alguém e depois descobriram que estavam seriamente enganados — e que era tarde demais para se desculparem pelo erro cometido?”
Em seguida, ela compartilhou três sugestões para ajudar a evitarmos ou respondermos a tais situações.
Primeiro, sejam lentos em presumir que as pessoas agiram com más intenções. “Se aprendermos a analisar as situações com uma perspectiva de caridade ou boa-fé, podemos evitar os sentimentos de culpa e arrependimento que surgem quando somos muito rápidos ou muito duros na formação de nossas opiniões.”
Em segundo lugar, interpretações errôneas e mal-entendidos acontecem. “Às vezes, passamos muito tempo focando exclusivamente nas coisas que fizemos de errado…”, ressaltou a irmã Worthen. “Assim como devemos presumir que outras pessoas agiram com boa-fé, também precisamos interpretar nossas próprias ações de maneira caridosa, dando crédito a nós mesmos pelas coisas que fazemos bem, mesmo em meio às nossas imperfeições.”
Terceiro, mantenham-se diligentemente concentrados no Salvador. “Ele pode nos ajudar a evitarmos julgamentos errôneos, bem como melhorarmos e superarmos todos os nossos erros e fraquezas”, disse ela.