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Sarah Jane Weaver: Sentir-se responsável perante Deus e trabalhar com outras pessoas para ajudar necessitados

Relembrando como, em um dia, e sem qualquer aviso, os missionários compartilharam a amplitude e abrangência do trabalho humanitário da Igreja em apoio aos refugiados em Roma

ROMA, Itália — O diário de Fasasi Abeerdeen era inesquecível. Desenhos a lápis registram sua perigosa jornada pelo Mar Mediterrâneo.

Cada página oferecia um vislumbre de sua história: uma criança gritando e sendo passada de adulto para adulto até estar seguro. Um menino, em uma luta contra um mar fulminante, tentando respirar. O corpo sem vida de uma mulher, retirado do mar.

Abeedeen mostrou seus esboços para Tom e Anita Herway, missionários dos Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias que já haviam servido em Roma por um ano, quando nos conhecemos em 2018.  

Os missionários dos Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias, Tom e Anita Herway, examinam os esboços do refugiado e artista Fasasi Abeedeen na Casa Scalabrini em Roma, Itália, na terça-feira, 17 de abril de 2018. Abeedeen é um refugiado da Nigéria e desenha cenas sobre refugiados. | Jeffrey D. Allred, Deseret News

Juntamente com um fotógrafo, fui designada para cobrir a primeira viagem de ministério global [em inglês] de Presidente Russell M. Nelson, em abril de 2018. Eu tinha planejado passar alguns dias em Jerusalém [em inglês]. Contudo, pouco depois de chegar ao Centro da BYU em Jerusalém, recebemos a notícia do aumento das tensões na região. Em meio ao conflito, Presidente Nelson e Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, decidiram interromper a visita e deixaram Jerusalém [em inglês].

Com alguns colegas, viajamos para a Itália. Tínhamos um dia e, surpreendentemente, um calendário livre. Enviei um e-mail aos líderes locais da Igreja, os quais me colocaram em contato com o élder e a sister Herway.

Nunca poderemos subestimar aquilo que aconteceu em seguida.

Em um dia, sem qualquer aviso prévio, eles nos mostraram a amplitude e abrangência do trabalho humanitário da Igreja em apoio aos refugiados [em inglês] em Roma. Uma das pessoas que conhecemos foi Abeedeen, que estava recebendo ajuda da Casa Scalabrini, um programa administrado por missionários scalabrinianos, uma ordem religiosa Católica Romana.

Pensei em Abeedeen este mês quando voltei à Roma, onde Presidente Dallin H. Oaks proferiu um discurso histórico sobre a liberdade religiosa global. Durante a Cúpula da Liberdade Religiosa de Notre Dame de 2022, Presidente Oaks pediu “um esforço global para se defender e promover a liberdade religiosa de todos os filhos de Deus em todas as nações do mundo”.

Quando tive algumas horas de tempo livre, visitei o Centro de Refugiados Joel Nafuma, um dos lugares aos quais o élder e a sister Herway me levaram em 2018. O importante trabalho lá continua a ser realizado com parceiros, incluindo a Igreja.

O centro é um símbolo do que pode acontecer com pessoas que se sentem responsáveis perante Deus e trabalham juntas para ajudar os necessitados.

Recebemos um vislumbre poderoso de tais esforços em 2018.

Naquela época, o élder e a sister Herway explicaram que a Igreja não pode prestar serviços a todos os refugiados, então faz parcerias com organizações como a Cruz Vermelha, a Intersos e o Centro de Refugiados Joel Nafuma para fazer em conjunto o que não pode ser realizado por apenas uma instituição.

No acampamento da Cruz Vermelha em Roma, vimos abrigos construídos em parceria com os Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias. O abrigo Better Shelters foi especialmente útil quando nevou naquele ano em Roma.

Lembro-me de ter visto o logotipo dos Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias em uma van da Intersos. Essas vans transportaram grupos de refugiados em situação de risco, incluindo mulheres, crianças e rapazes, e os transferiram para suas unidades habitacionais de transição. Durante a estadia no alojamento de transição, os refugiados tomaram banhos, tiveram refeições quentes e tempo para refletirem sobre seus objetivos e próximos passos. 

Os voluntários que conhecemos no Centro de Refugiados Joel Nafuma se concentram no respeito e empatia ao prestarem serviços à comunidade de refugiados. Os voluntários santos dos últimos dias presentes no centro naquele dia estavam dando aulas de culinária, italiano e inglês.

O sol estava se pondo naquele dia corrido em Roma, quando chegamos ao campo de refugiados Baobob. O campo incluía mais de 130 homens e algumas mulheres e crianças que estavam vivendo em mais de 100 barracas ou abrigos.

Higiene, alimentação e abrigo eram grandes problemas para a população do acampamento, mas quando perguntei a alguns refugiados quais eram seus sonhos, suas respostas me acalmaram. “Um lugar para morar”, “um lugar para guardar meus pertences”, “um lugar para dormir sem ser acordado”.

Naquele dia, no campo de refugiados Baobob, aprendemos que respeito e dignidade são muito mais importantes do que qualquer coisa tangível.

Os santos dos últimos dias em Roma já sabiam disso. Vários se reuniram no acampamento naquela noite para servir o jantar. Mas eles também encontraram tempo para jogar futebol com muitos dos refugiados e conversar com eles. Uma das minhas fotografias favoritas tiradas no campo retrata uma de nossos membros estendendo seus braços para uma criança. 

Anita Herway, missionária dos Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias, à esquerda, e Ariane e Kate Woods, membros da Igreja, brincam com uma criança refugiada no campo de refugiados Baobob, em Roma, Itália, na segunda-feira, 16 de abril de 2018. Os Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias contribuem com voluntários, barracas para refeitórios e doações monetárias para a organização. | Jeffrey D. Allred, Deseret News

Tivemos um dia, sem qualquer aviso prévio, para trabalharmos em Roma. Os membros da Igreja não sabiam que a mídia dos santos dos últimos dias estaria presente. Eles estavam simplesmente fazendo o que sempre fazem.

Não tenho certeza, mas suspeito que o élder e a sister Herway poderiam ter nos mantido ocupados por uma semana inteira.

Abeedeen foi contado entre os poucos afortunados em Roma que encontraram refúgio e inclusão na Casa Scalabrini. Os esboços em seu caderno, usados por ele como guia para criar esculturas, foram intitulados “Minha jornada”. 

Eu estava ponderando sobre as imagens que comunicam tristeza e sofrimento, quando ele compartilhou conosco um outro caderno, o qual contém esboços feitos desde que chegou ao centro. Eles foram intitulados “Esperança” e retratam, não apenas refugiados, mas também outras populações marginalizadas, como os desabrigados em Roma.

Seus cadernos refletem o que acontece quando as pessoas se tornam autossuficientes: elas voltam seus pensamentos para os outros.

Ao oferecer um vislumbre do trabalho humanitário da Igreja em Roma em 2018, a sister Herway o resumiu da melhor forma: “Sentimos que estamos oferecendo esperança às pessoas”, disse ela. “Estamos lá, dizendo: ‘Talvez possamos ajudar.’”

— Sarah Jane Weaver é editora do Church News.

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