Não há nada que coloque a vida em perspectiva como levar seu marido ao pronto-socorro.
No início deste ano, quando seus estudos de doutorado em engenharia química se aproximavam da conclusão, meu marido, Kenny, sofreu uma grave crise de saúde mental que exigiu hospitalização. Embora minhas emoções pessoais não fossem nada comparadas à escuridão turbulenta que se agitava em sua mente, eu me sentia apavorada e perdida. Enquanto ele estava internado para tratamento hospitalar, fui deixada sozinha para encontrar meu próprio caminho, fora do pronto-socorro, em torno de contas médicas e seguros e cuidando de meu marido.
Nesse processo, aprendi que apoiar alguém com depressão requer o apoio de uma tribo, e é essencial para ambas as partes. Uma das melhores tribos para se confiar é uma comunidade de fé.
É embaraçoso admitir que eu, uma funcionária do Church News e missionária retornada, tenha ficado inativa pelo conforto da ociosidade, optando por assistir à reunião sacramental no Zoom em vez de comparecer pessoalmente, e faltar à Escola Dominical e à Sociedade de Socorro. Mesmo quando ia pessoalmente, não interagia com ninguém. Eu estava em minha ala havia dois anos e mal sabia o nome das pessoas.
No domingo depois que meu marido adoeceu, me encontrei com meu bispo e expliquei as dificuldades de saúde de meu marido e suas exigentes obrigações educacionais, e como nos sentimos solitários e desconectados da ala depois de ingressar nela, durante o auge da pandemia de COVID-19. Eu sabia que meu marido e eu precisávamos fazer amigos nesta ala de alguma forma.
Então, enquanto me aconselhava com meu bispo, o Espírito lhe deu uma resposta que eu não esperava. Meu bispo perguntou como eu me sentia sobre aceitar um chamado. Prometi fazer o que fosse necessário para me tornar um membro ativo da Igreja e da ala novamente.
Embora ainda precisasse consultar seus conselheiros e o presidente da Escola Dominical da ala, o bispo perguntou se eu poderia dar aulas.
Meus instintos diziam: “Esta é uma decisão difícil que você nunca fez antes. Não faça isso. Mas o Espírito que ambos sentimos naquele escritório nos deu paz e uma confirmação que superou meus medos. Eu sabia que, se ele me chamasse, aceitaria um chamado para ensinar na Escola Dominical.
Passaram-se mais algumas semanas até que eu fosse oficialmente chamada e designada. Mas ser designada e cumprir meu chamado trouxe bênçãos notáveis à minha vida.
Em seu estudo sobre o acesso ao poder do sacerdócio por meio da designação, a presidente geral das Moças, Bonnie H. Cordon, escreveu: “Com a simplicidade e frequência de uma designação, podemos perder a importância desta ordenança do sacerdócio, uma ordenança que literalmente nos separa do mundo e nos designa para a obra do Senhor.”
“Quando somos designadas e agimos diligentemente nos privilégios e responsabilidades que nos são concedidos, Deus pode, e criará em nós, uma mente mais como a de Cristo, um coração puro e um espírito mais nobre.”
Ao ler o estudo da presidente Cordon alguns meses depois de me tornar professora da Escola Dominical, senti um toque do Espírito Santo, me lembrando do Espírito que meu bispo e eu sentimos em seu escritório muitos meses antes, bem como das inúmeras bênçãos que minha família recebeu desde então.
Meu marido e eu começamos a fazer amizades ao conhecermos os membros da ala. O Espírito tem sido mais forte em nosso lar enquanto eu preparava as aulas e estudava o evangelho com Kenny.
Mais importante, a saúde de meu marido melhorou muito, evidenciada por sua alegria geral e diminuição do isolamento. Ele até se sentiu à vontade para ir comigo ao Centro de Conferências para participar da sessão da manhã de sábado da conferência geral de outubro.
Neste último Dia de Ação de Graças, me senti grata pelo tratamento e melhora da saúde mental de meu marido, um bispo que me ouviu e ouviu o Espírito, uma ala que me dá forças e amor, e por ser professora da Escola Dominical. Valorizar essas bênçãos agora significa que, quando meu marido começar a procurar emprego no próximo ano em uma área de trabalho afetada pela pandemia, quando eu assumir mais responsabilidades no Church News e, seja lá o que acontecer no futuro, usaremos o poder do sacerdócio que nos é prometido quando somos designados para um chamado.
— Valerie Walton é redatora do Church News
