Ancestrais difíceis de serem encontrados não são invisíveis. Esta foi a mensagem transmitida por Michael D. Lacopo, um genealogista e palestrante profissional, durante a RootsTech 2025.
Apontando as semelhanças entre Jane Eyre [em inglês] e os ancestrais desconhecidos de alguém, Lacopo começou com uma citação de Eyre do romance da escritora Charlotte Brontë, de 1847. “Você acha que, por eu ser pobre, obscura, simples e pequena, não tenho alma nem coração? Você está errado”, ele citou.
Durante suas duas apresentações, uma presencial e outra tanto presencial quanto online [em inglês], Lacopo ensinou aos participantes sobre instrumentos de pesquisa que podem ajudá-los a descobrirem antepassados difíceis de serem encontrados.
Ancestrais invisíveis?
Shellie Robertson, de Salt Lake City e participante da RootsTech há quatro anos, disse que ela é a contadora de histórias da família, como seu pai era antes dela. No entanto, ela não pode contar as histórias de alguns antepassados que parecem ter desaparecido.
“Acho que todos encontram um obstáculo em algum momento da história da família”, disse ela, que frequentou a aula para aprender outras maneiras para “ultrapassar este obstáculo.”
Lacopo reconheceu a frustração que muitas pessoas sentem quando os registros vitais de seus antepassados parecem não existir, levando-as a expressarem que seus antepassados são “invisíveis”.
“Vocês estão errados”, disse Lacopo durante a aula presencial. “Eles são difíceis de encontrar, mas não são invisíveis.”
Embora os registros vitais sejam um recurso comum para a pesquisa genealógica, eles não são a única fonte de informação, explicou Lacopo. Mesmo esta documentação pode conter erros ou não existir devido à falta de registros ou perda. Ele incentivou os participantes a pensarem além dos registros de nascimento, casamento e óbito.
Lacopo separou as outras fontes de informação valiosa em três grupos:
- Fontes criadas pela presença de dinheiro.
- Fontes criadas por causa da falta de dinheiro.
- Fontes criadas sem levar em conta o dinheiro.
Fontes criadas pela presença de dinheiro
Nem todos os antepassados possuíam terras, e as famílias trabalhadoras que viviam como inquilinas frequentemente não aparecem nos registros do censo de 1800-1840. Testamentos e arquivos de herança podem não existir, e os marcadores de sepultura em madeira há muito se deterioraram.
“O problema [primeiro passo] é onde frequentemente nos frustramos”, disse Lacopo.
Fontes criadas por causa da falta de dinheiro
“Nunca presumam que seus antepassados não eram pobres”, advertiu ele, explicando que um equívoco comum é pensar que somente pessoas com dinheiro ou terra eram registradas. “Os pobres frequentemente geravam registros pelo simples fato de serem pobres.”
Lacopo incentivou os ouvintes a se familiarizarem com a história social de uma área. Frequentemente, asilos, casas de caridade, manicômios e fazendas do condado cuidavam dos indigentes. Os estados tinham leis específicas que geravam muitos registros relacionados aos pobres, como registros de devedores insolventes e registros de pensões para idosos e mães.
“Neste mundo, nada pode ser dado como certo, exceto a morte e os impostos”, disse Lacopo, citando as palavras de Benjamin Franklin em uma carta de 1789 [em inglês].
“Quantos de vocês procuram diligentemente registros de óbito?” perguntou Lacopo, dizendo que todos são tributados, até mesmo sobre bens pessoais, e se tanto a morte quanto os impostos são certos, os registros fiscais devem ser pesquisados. Independentemente de alguém ter pago ou não um imposto, geralmente há um registro disso.
Fontes criadas sem considerar o dinheiro
Lacopo disse que muitos registros não têm nada a ver com o quanto de dinheiro uma pessoa tinha ou não. Os registros de igrejas que listam membros, confirmações e filiação fornecem pistas sobre idades e relacionamentos. Manuscritos, arquivos e coleções particulares também oferecem informações relevantes.
“Não presumam que seus antepassados não cometeram crimes”, advertiu Lacopo, dizendo que ele acredita que “os registros judiciais são extremamente subutilizados”.
A pesquisa de registros civis em busca de notas promissórias, fornece informações sobre datas, locais e pessoas associadas a um antepassado. Lacopo disse que as fianças em registros criminais são ótimas para se estabelecer relacionamentos, porque geralmente é um membro da família quem paga a fiança.
‘Eles deixaram uma marca’
Lacopo lembrou os ouvintes de que nem todos esses registros estão digitalizados, mas eles existem. Ele incentivou aqueles que estão tentando encontrar seus antepassados que, mesmo sem registros genealógicos tradicionais, tais como registros vitais, testamentos, escrituras e lápides, os “antepassados invisíveis” podem ser encontrados.
Shelley Robertson disse que ficou surpresa com a apresentação de Lacopo. “Eu não tinha ideia das tantas coisas que você pode verificar”, disse ela, empolgada para usar as ferramentas apresentadas.
Lacopo lembrou: “Seus antepassados podem não ter tido dinheiro, mas deixaram um legado.”
