Há pouco mais de um ano, a corredora de meia distância da BYU, Meghan Hunter [em inglês], considerou abandonar a corrida universitária.
O acidente de carro, que a deixou com o pescoço quebrado, havia ficado para trás há anos. Ela estava fisicamente capaz de competir e conhecia Diljeet Taylor, técnica de atletismo e cross-country feminino da BYU, e outros acreditavam nela.
Mas ela não estava tendo o desempenho desejado e não estava melhorando. “Foi muito difícil e estava me prejudicando”, disse Hunter.
“Até minha treinadora disse: ‘Olha, se você não resolver suas coisas no próximo mês ou depois, talvez seja hora de seguir em frente’”, disse Hunter. “As coisas simplesmente não estavam indo bem.”
Ouvir essas palavras mudou sua perspectiva. Ela percebeu que correr era escolha sua.
Ela descobriu um novo senso de gratidão e se concentrou em coisas simples.
“Comecei a pensar: ‘Não importa o que aconteça, só preciso chegar à linha de partida e me divertir’”, disse ela. “Foi aí que as coisas começaram a melhorar.”
Em maio de 2023, Hunter se classificou para a NCAA West Preliminary Round [Rodada Preliminar da NCAA Oeste] na corrida de 800 metros com o tempo de 2m06s08. Ela passou por todas as três rodadas de qualificação e ganhou uma vaga na final, onde ficou em oitavo lugar nos campeonatos da NCAA, registrou seu melhor tempo pessoal de 2m01s53 e foi nomeada para a Primeira Equipe All-American [melhores atletas universitários do ano].
Seu ressurgimento continuou com um terceiro lugar nos campeonatos indoor da NCAA em março de 2024, onde ganhou sua segunda nomeação para a Primeira Equipe All-American.
Hunter, que é membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, agora espera se qualificar para as seletivas olímpicas dos E.U.A..
Em 30 de maio, a aluna do último ano da BYU foi nomeada uma das três finalistas do Honda Inspiration Award [Prêmio Honda Inspiração – em inglês], uma homenagem anual concedida a uma estudante-atleta que passou por adversidades físicas ou emocionais extraordinárias, lesões ou doenças, ou sacrifício pessoal durante seu período na faculdade e ainda retornou ao sucesso atlético.
As outras duas finalistas são jogadoras de basquete feminino: Aaliyah Gayles da Universidade de Southern California e Annie Tate, da Wheaton College, Illinois, de acordo com um comunicado à imprensa [em inglês].
O Honda Inspiration Award é patrocinado pelo Collegiate Women’s Sports Awards [Prêmio de Esporte Feminino Universitário]. As três finalistas serão apresentadas pela CBS Sports Network, em um programa intitulado “Defying the Odds: The 2024 Honda Inspiration Award” [Desafiando as probabilidades: Prêmio Honda Inspiração 2024], no dia 17 de junho às 18h [horário de Salt Lake City]. A vencedora será anunciada em 18 de junho.
“É uma grande honra”, disse ela. “É muito legal poder inspirar as pessoas e dar esperança a outras pessoas que estão passando por coisas diferentes.”
Hunter refletiu com o Church News sobre alguns dos momentos de fortalecimento da fé em sua jornada notável, de um pescoço quebrado à nomeação como All-American.
O acidente e o ‘milagroso retorno’
Na manhã de 4 de julho de 2019, Meghan Hunter e seu irmão, Morgan Hunter, estavam viajando pelo Provo Canyon para serem voluntários em uma corrida de rua em Park City, Utah. Quando um cervo cruzou a rodovia, Morgan desviou na tentativa de evitar uma colisão. O veículo capotou quatro ou cinco vezes.
O acidente deixou Meghan Hunter com dores no pescoço que pioraram rapidamente. Ela foi levada para um hospital em Park City, onde os médicos descobriram que ela estava com o pescoço quebrado. Ela foi transportada de avião para Provo para uma cirurgia complexa de seis horas e meia para fundir suas vértebras C3 a C5 em um único bloco de osso.
Após o procedimento, Meghan enfrentou vários meses desafiadores usando constantemente um colar cervical, e todos se perguntavam se a estrela do atletismo do ensino médio, que escolheu a BYU em vez das Universidades de Oregon, Stanford e USC, seria capaz de correr em competições novamente.
Os médicos deram a previsão de que ela poderia voltar a correr em um ou dois anos. Com reabilitação e determinação, ela foi liberada para treinos de pista apenas nove meses depois e voltou a competir em 2021.
“Ela realmente teve um milagroso retorno”, disse Taylor ao Deseret News [em inglês]. “Não tínhamos certeza se ela voltaria a correr. Ela lutou por cada segundo que passou na pista de corrida. Ela lutou com uma quantidade incrível de coragem, apenas para voltar a correr. Seus treinos são muito promissores. Ela será uma das melhores corredoras da NCAA, não tenho dúvidas. Ela é super talentosa, e será alguém a ser observada nos próximos anos.”
Orações e bênçãos
Na manhã do acidente, Hunter se lembra de seu irmão sugerindo que eles fizessem uma oração pedindo segurança antes de dirigirem pelo cânion, o que eles fizeram.
Após o acidente, quando aceitou a realidade de um pescoço quebrado, ela se perguntou se o Senhor ouviu sua oração.
Enquanto Hunter continuava a pensar no automóvel danificado, na distância que o veículo estava da estrada e no fato de que ela e seu irmão conseguiram sair vivos — seu irmão não ficou ferido — ela percebeu que o Senhor havia respondido à sua oração.
“Esse foi um dos milagres daquele dia”, disse ela. “Tive uma enorme sensação de paz, de que ficaria bem. E isso me fez sentir mais humilde. Nós realmente fomos mantidos em segurança e houve muitos milagres naquela manhã.”
Hunter recebeu garantia adicional de que tudo daria certo por meio das bênçãos do sacerdócio e das orações de familiares, amigos, membros de sua ala e outras pessoas da comunidade que a fortaleceram e apoiaram durante sua recuperação. Ela se lembra especificamente de seu pai lhe dizendo: “Você ficará bem”, e de ter uma calorosa sensação de paz.
“Ser capaz de sentir tanta paz quando havia tanta incerteza foi algo pelo qual fiquei muito grata”, disse Hunter.
Espere milagres e encontre alegria
Demorou um pouco para Hunter voltar a se sentir ela mesma após o acidente. Fisicamente, ela às vezes sente rigidez e dor no pescoço e nos ombros e é cuidadosa na sala de musculação. Ela diz que teve uma recuperação de 95%.
“No que diz respeito à corrida, eu me sinto muito feliz por ainda poder correr”, disse Hunter, que está perto de terminar seu primeiro ano de pós-graduação na BYU. “No geral, a recuperação física foi muito boa.”
Espiritualmente, uma das maiores lições que ela aprendeu foi esperar milagres, algo que Presidente Russell M. Nelson ensinou em sua mensagem da conferência geral de abril de 2022, “O poder do ímpeto espiritual”.
“Às vezes, quando você está passando por algo difícil, é difícil ver como as coisas melhorarão”, disse ela. “À medida que olhei com mais fé, pude ver os milagres ao longo do caminho.”
Outra mensagem recente da conferência geral, “Uma alegria mais elevada”, de Élder Dieter F. Uchtdorf, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou Hunter a encontrar alegria durante as provações da vida.
Embora muitas orações e bênçãos a tenham ajudado a lidar com o transtorno de estresse pós-traumático e os ataques de pânico durante sua recuperação, manter um diário de gratidão também fez uma grande diferença para ela mentalmente.
“Ao longo do caminho, eu perdia a coragem e ficava muito desanimado com as coisas, procurando motivos para reclamar e ficar chateada. Às vezes eu precisava dar um passo para trás e pensar: ‘Não! Há coisas boas acontecendo’”, disse ela.
Durante um desses episódios, a mãe de Hunter a interrompeu e disse: “Não. Vamos listar 10 coisas pelas quais somos gratas.”
“Buscar realmente o que há de bom em nossa vida é muito importante”, disse Hunter.
Identidade divina
Outra fonte de força para Hunter, durante tempos difíceis e se sentindo triste, é lembrar que ela é filha de Deus. Ela também aprendeu a ver os outros da mesma maneira, como filhos de Deus, ao enfrentarem as provações com fé e coragem.
“Quando dei um passo para trás e pensei: ‘Não. Sou filha de Deus e Ele está ao meu lado’, isso foi algo que realmente ajudou a mudar minha mentalidade, apenas perceber que sou filha de Deus”, ela disse. “Ser capaz de dizer isso para mim mesma foi algo muito importante nesse processo, e às vezes difícil de fazer. Mas quando me apeguei a essa identidade, isso foi algo que realmente me ajudou durante o processo.”
Fé em Cristo
Olhando para trás agora, cinco anos depois, Hunter pode dizer que a experiência fortaleceu sua fé em Jesus Cristo.
“Passar por provações e coisas difíceis definitivamente nos aproxima do Pai Celestial e de Jesus Cristo”, disse ela. “Ao passar por coisas difíceis, é quando você mais precisa Deles e do evangelho. Foram nesses momentos, em que me senti pior, que mais confiei Neles. Ao sair desses momentos, vi a mão de Deus e percebi repetidas vezes o quanto preciso confiar no Salvador, no evangelho e em meu testemunho. Isto me ajudou muitas vezes. ... Esta foi definitivamente uma grande experiência de edificação da fé. Sou muito grata por ter me sentido fortalecida e consolada por meio de Cristo.”
