PROVO, UTAH — Depois de passar a manhã de Natal com missionários ao redor do mundo que estavam celebrando o dia longe de família e amigos, um empático élder D. Todd Christofferson relatou sua própria experiência.
“Eu cheguei em minha missão na Argentina 10 dias antes do Natal”, relembrou o membro do Quórum dos Doze Apóstolos. “Eu estava acostumado à neve e ao frio durante o Natal nos Estados Unidos. Eu descobri que na América do Sul você pode realmente celebrar o Natal no calor do verão e com fogos de artifício”.
O apóstolo Santo dos Últimos Dias, então, compartilhou outras reflexões voltadas para o Natal — do nascimento no final de dezembro do profeta Joseph Smith, das experiências da era pioneira e do nascimento e da Expiação do Salvador Jesus Cristo — quando ele e irmã Kathy Christofferson falaram aos 1.223 missionários num devocional no dia 25 de dezembro no Centro de Treinamento Missionário de Provo.
O evento também foi transmitido via satélite aos outros CTMs ao redor do mundo.
Como membro do Conselho Executivo Missionário da Igreja, élder Christofferson sublinhou o momento mútuo como representante de Cristo numa ocasião especial.
“Que maior privilégio poderíamos ter do que nos encontrarmos no Natal servindo em nome do Salvador, cujo nascimento estamos celebrando”, ele disse. “Não haverá muitos Natais em que vocês serão autorizados a carregarem Seu nome em seus vestidos ou camisas ou jaquetas como Seus emissários, Seus embaixadores. Vocês são os companheiros dos Apóstolos nesta obra e que honra é podermos servir juntos no Natal”.
Reconhecendo o nascimento de Joseph Smith no dia 23 de dezembro próximo à data comemorando o nascimento de Cristo, élder Christofferson mencionou quando ele e sua esposa estavam com presidente M. Russell Ballard, presidente em exercício do Quórum dos Doze Apóstolos, mais cedo neste outono no local de nascimento do profeta Joseph Smith em Sharon, Vermont.
Ambos os nascimentos vieram em circunstâncias de pobreza, com pouco significado para o mundo. E o chamado e a vida de Joseph tornou-se entrelaçada com a do Salvador.
“Para esta, a Dispensação da Plenitude dos Tempos, Joseph Smith tornou-se o revelador de Jesus Cristo em Sua verdadeira identidade como o próprio Filho de Deus e o testemunho de Joseph movimenta todos os que o escutam”, élder Christofferson disse. “O Salvador nunca teve uma testemunha mais forte, um maior defensor ou um melhor amigo do que o profeta Joseph Smith.
“Então, eu digo que é mais do que apropriado que o aniversário de Joseph Smith seja tão próximo do Natal. Os sacrifícios do profeta Joseph no serviço de Cristo são um exemplo digno para nós seguirmos em nossas vidas e em nosso serviço missionário.”
Élder Christofferson transmitiu várias vinhetas de Natais durante a época pioneira em Utah.
Escreveu Elizabeth Huffaker sobre o Natal de 1847, o primeiro ano no vale do Lago Salgado:
“Todos nós trabalhamos como sempre. Os homens reuniram plantas arborizadas e alguns arados; apesar de ter nevado, o solo ainda estava macio e os arados foram usados quase pelo dia inteiro. [O Natal era num sábado, mas] o celebramos no dia do Senhor. . . . Cantamos louvores a Deus, todos nos reunimos numa oração noturna e o que foi falado naquele dia tem sempre sido lembrado. Não existiam palavras de ação de graças e alegria. Nenhuma palavra desesperada foi proferida. As pessoas estavam esperançosas e flutuantes por causa de sua fé na grande obra que estavam empreendendo. Depois da reunião, houve apertos de mão por todos os lados. Alguns choraram de alegria. As crianças brincaram no cercado e ao redor de uma fogueira de plantas arborizadas a noite. Nos reunimos e cantamos ‘Vinde, Ó Santos’. Tivemos coelho cozido e um pouco de pão no nosso jantar. Muitos dos que estavam lá naquele primeiro Natal no Vale mais tarde comentaram num senso de perfeita paz e benevolência que nunca haviam tido um Natal mais feliz em suas vidas.”
Mary Jane Tanner acrescentou daquele mesmo ano: “Não tínhamos nenhum piso, só o solo, mas estávamos gratos por um teto. Meu pai se deitou no chão no dia de Natal e minha mão chamou aquele dia de um feliz Natal. Foi de fato um momento de júbilo, estávamos há tanto tempo sem um lar e sofremos tanto vivendo num carroção durante a temperatura fria”.
Wilford Woodruff descreveu seu Natal em 1877 em St. George, Utah: “Você pergunta o que eu estava fazendo no Natal. Eu passei o dia inteiro no templo em St. George. Quarenta mulheres estavam costurando carpetes e todos os homens estavam no trabalho. Josiah Hardy trabalhou na serra circular até 9 da noite para terminar. Nós colocamos carpetes, colocamos cortinas nas partições e cobrimos os altares, preparando o templo para sua dedicação”.
Um menino chamado James Nielsen em Sanpete, Utah, ofereceu o seguinte evento sem data: “Havia três grandes meninos na fazenda: Jim, Tom e Wayne. Eu costumava dormir com eles no sótão acima da casa. Passamos uma véspera de Natal na casa deles e todos penduramos nossas meias. As meias estavam cheias [de doces] na manhã seguinte. Os meninos me deram alguns dos seus doces e tinham o sabor como de chulé, mas eu comi mesmo assim”.
E Hannah Daphne Dalton lembrou desta experiência de quando era criança em Parowan, Utah, em 1862: “Todos nós, as crianças, penduramos nossas meias na véspera de Natal. Nos levantamos cedo na manhã para ver o que o Papai Noel havia trazido, mas não havia nada nelas. A mamãe chorou amargamente. Ela foi até a sua caixa e pegou uma pequena maça e a cortou em pequenos pedacinhos e este foi o nosso Natal. Mas eu nunca me esqueci como eu amei suas queridas mãos enquanto ela cortava aquela maçã”.
Élder Christofferson comparou o período dos pioneiros — com comida escassa, poucas posses e trabalho constante para sobreviverem — com as condições em que o Salvador cresceu.
Após mostrar o vídeo “O Menino Jesus”, ele ofereceu pensamentos finais, seu testemunho e uma bênção apostólica.
“Sabemos o suficiente para entender que a verdadeira celebração no Natal não é apenas o nascimento do Filho de Deus, mas o que viria no final de Sua vida mortal”, élder Christofferson disse.
“O Natal tem pouco significado sem a Páscoa. É a Expiação de Cristo que dá significado para nossa existência. Sem isso, toda vida mortal seria destinada à morte, escuridão e desespero. Mas com a Expiação de Jesus Cristo, nosso destino é felicidade incomparável, progresso eterno e alegria sem fim com aqueles que amamos”.
A evidência convincente de que a Expiação de Jesus Cristo é real é a Ressurreição, com o fato de que Cristo levantou da tumba como prova de que Ele de fato é o divino Filho de Deus e que Seu poder para redimir é ilimitado, élder Christofferson disse.
Com Sua ressurreição, não pode haver nenhuma dúvida de que Ele nos deu a dádiva da imortalidade e, condicionada ao arrependimento, a dádiva da vida eterna, ele acrescentou.
“Eu testifico a vocês com todo o poder de minha alma de que Jesus Cristo vive hoje. Ele é o Redentor ressurreto. Vocês são servos Dele. Eu desejo a vocês um alegre Natal hoje e invoco Sua bênção sobre vocês: a bênção de alegria em Sua obra, a bênção de Sua proteção e orientação e a bênção de respostas às suas orações”.
Irmã Christofferson precedeu seu marido, primeiro mostrando um vídeo antigo de dois netos — na época com 4 e 2 anos — recitando de cabeça a maior parte de Lucas 2. Ela frequentemente referiu-se ao relato do Novo Testamento do nascimento de Cristo em sua mensagem, assim como o relato do Livro de Mórmon do que estava acontecendo nas Américas ao mesmo tempo.
Ela falou sobre como Maria provavelmente sentia que o nascimento do Salvador chegava num momento “inoportuno” por causa de sua gravidez atrasada e da viagem para Belém, a grande quantidade de pessoas lá por causa do decreto de tributação e das acomodações lotadas que a forçaram a ter o bebê numa área de estábulo.
Inversamente, a chegada do Salvador foi bem “oportuna” no relato do Livro de Mórmon, ela acrescentou, já que que crentes e fiéis estavam a ponto de morrer a não ser que os sinais profetizados do nascimento de Cristo viessem a acontecer.
E irmã Christofferson comparou os pastores de Belém com os missionários modernos, já que os pastores “divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita” (Lucas 2:17).
“Eles foram os primeiros a prestarem a mensagem e testemunho do Salvador”, ela disse. “Eles foram os primeiros missionários e isso se relaciona a vocês”.