O grande jogador de beisebol, Joe DiMaggio disse certa vez que, quando era criança, achava a abertura dos jogos da temporada tão fascinante “quanto uma festa de aniversário. Você acha que algo maravilhoso vai acontecer”.
O presidente da Missão Texas Houston Sul, Jeremy Guthrie, sabe exatamente do que “Joltin Joe” estava falando.
Durante 15 temporadas como jogador profissional de beisebol, Guthrie contava nos dedos os últimos dias de março que culminavam com a abertura dos jogos — o início de uma nova temporada com todas as suas possibilidades.

“Os jogos treinos da primavera começavam mais ou menos no início de março”, contou ele ao Church News. “Esse era sempre um período empolgante porque você voltava a jogar e tinha que ver se que todas as partes do corpo estavam em boa forma e precisava ficar pronto para a temporada, para competir com outros jogadores.”
Para arremessadores como Guthrie, os dias e as semanas de março que culminavam com a abertura dos jogos eram muitas vezes sinônimo de estresse.
“Mas eu encarava o desafio de tentar dar o melhor de mim durante aquele curto período de tempo. Você tem cerca de quatro semanas de audições, às vezes menos, para mostrar a um time o que você é capaz de fazer e ter a oportunidade de ser arremessador nas ligas profissionais.”
Os treinos da primavera também davam oportunidade ao ex-missionário de ter momentos inesquecíveis com seus colegas, jogando algumas partidas de golf e desfrutando das noites quentes da Flórida ou do Arizona com a família e os amigos.
O mês de março de 2019 foi “completamente diferente” para este homem de 39 anos que uma vez foi o arremessador titular no último jogo (Game 7) do campeonato mundial.
“Uma das grandes diferenças entre ser um presidente de missão e um jogador de beisebol é que, como jogador, você tem dias de folga e férias”, disse ele. “Mas, na obra do Senhor — no trabalho missionário especificamente — você não tem dias de folga. O trabalho nunca diminui.”

Os dias de março, para Guthrie, como arremessador, eram de treinos, jogos da pré-temporada e treinamento específico com os receptores (catchers) e o técnico. Agora, a agenda do presidente Guthrie no mês de março está tomada de conferências de zona, treinamentos, boas-vindas a novos missionários, despedidas para as sísteres e os élderes que terminaram sua missão e trabalho de coordenação com os líderes do sacerdócio da área Houston.
Toda vez que ele e sua esposa e companheira de missão, síster Jenny Guthrie, veem os missionários trabalhando juntos, eles se lembram da camaradagem dos jogadores de um time de beisebol bem articulado.
“As duplas de missionários muitas vezes desenvolvem uma amizade que dura para sempre, porque passam muito tempo juntos, do mesmo modo que os jogadores de um time de beisebol”, disse ele.
Para os Guthries, é difícil achar tempo para ficarem juntos no campo missionário. Seus três filhos em idade escolar, estão ocupados com suas respectivas atividades, e é a síster Guthrie quem geralmente vai buscá-los na escola e levá-los para outras atividades. Trabalhar com 140 missionários de tempo integral exige muito do tempo do presidente Guthrie.
“Minha mulher vai comigo a todas as conferências e treinamentos durante o dia, mas está em casa quando as crianças chegam da escola.”
Houston, claro, tem um time de beisebol profissional, o Astros, que joga no Minute Maid Park, situado no centro da cidade. Na “Cidade Espacial”, como é conhecida, todo mundo comenta sobre a temporada de beisebol de 2019. Faltam algumas semanas para o presidente Guthrie completar 40 anos. Parece que ele ainda está em boa forma para arremessar a bola em algumas entradas. No entanto, ele não sofre de nostalgia com a proximidade da temporada.

“Não tenho tempo de pensar em beisebol”, disse ele. “Amei minha carreira e adoro beisebol. Mas tenho uma grande capacidade de separar as coisas, estabelecer prioridades e seguir em frente. Quando me aposentei, eu estava pronto para a próxima etapa da minha vida.”
Mas ele ainda tem uma luva no carro e está sempre pronto para jogar com os filhos, com os missionários ou qualquer um que queira jogar com o cara que ganhou o anel de diamantes da World Series (o campeonato mundial) com o time do Kansas City Royals de 2015.
“Um cara muito legal do Kansas City me reconheceu e veio falar comigo”, disse ele. “Ele jogou beisebol na faculdade, então, um dia ele veio e nós jogamos um pouco, e ele ouviu uma palestra dos missionários. Ficamos amigos.”
Então, será que o receptor (catcher) que virou presidente de missão ainda tem um “braço forte”?
“Não”, disse ele rindo, “meu braço está tão fraco que parece morto”.
Poucos missionários de tempo integral foram jogadores profissionais de beisebol. Mas o presidente Guthrie concorda que todo élder e síster, em sua mordomia, deixou para trás oportunidades e pessoas queridas para servir ao Senhor. Eles estão fazendo sacrifícios inestimáveis.
“Os missionários chegam na missão com tanta fé e esperança de abençoar e servir ao próximo!”, disse ele. “Isso mostra o quanto esta geração de rapazes e moças está disposta a sacrificar para servir.”

Pouco antes de receber seu chamado como presidente de missão no ano passado, o presidente Guthrie disse ao Deseret News que era “uma prova viva de que o Senhor às vezes usa os fracos e simples em Sua obra”.
Com a proximidade do aniversário de primeiro ano de serviço missionário do presidente e da síster Guthrie em Houston, o presidente Guthrie acredita nisso mais do que nunca ao tentarem dar apoio aos missionários e ajudá-los a encontrar respostas.
“Cheguei a um nível de humildade que jamais consegui alcançar em toda a minha vida. (…) Com certeza, eu me sinto ainda mais fraco e simples do que quando fui chamado.”