LISBOA, Portugal — Explorar. Descobrir. E voltar para casa.
Isto tudo têm sido parte fundamental da história de Portugal há mais de cinco séculos.
Pela segunda vez nos últimos cinquenta anos, um Apóstolo santo dos últimos dias mencionou as realizações dos séculos XV e XVI dos exploradores de viagens marítimas em uma dedicação fundamental para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias naquele país europeu.
Élder Neil L. Andersen, do Quórum dos Doze Apóstolos, dedicou o Templo de Lisboa Portugal no domingo, 15 de setembro de 2019, o qual se tornou o 166º templo em funcionamento da Igreja no mundo, e chamando a atenção para a fascinante história das descobertas globais de Portugal, comparando os santos dos últimos dias que vão ao templo aos exploradores que procuram descobrir algo maior do que terras e riquezas.
Em entrevista ao Church News dias antes da dedicação, Élder Andersen falou sobre as conquistas históricas dos exploradores portugueses, como Bartolomeu Dias, que ajudou a mapear o litoral da África; Vasco da Gama, que seguiu a rota inicial de Dias e continuou a traçar um curso pelo mar em busca das Índias; Fernão de Magalhães, que recebeu o crédito por ter sido o primeiro a circundar o globo, navegando abaixo da América do Sul e através dos estreitos que agora levam seu nome; e até Cristóvão Colombo, que passou sete anos em Portugal observando e aprendendo com outros exploradores.
Élder José A. Teixeira, nativo de Portugal e membro da Presidência dos Setenta que acompanhou Élder Andersen na designação no Templo de Lisboa, disse: “Não se pode desassociar a cidade de Lisboa do oceano — é parte integrante do que somos. (…) A história dos portugueses tem a ver com descobrir o mundo”.
Élder Andersen explicou a analogia com o novo Templo de Lisboa Portugal. “Nesta casa do Senhor dedicada e consagrada nós também somos exploradores, procurando não por novas terras, mas por algo muito mais precioso”, disse ele. Em seguida, citou João 17:3: “E a vida eterna é esta: que [T]e conheçam, a [T]i só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”
“Como discípulos de Jesus Cristo, entramos nesta casa para descobrir as coisas da eternidade e para nos prepararmos, para um dia fazermos a viagem de volta através do véu e retornar ao nosso lar celestial.”
Este tema presente na dedicação do Templo de Lisboa Portugal foi ouvido também na oração oferecida em 22 de abril de 1975, pelo então Élder Thomas S. Monson, do Quórum dos Doze, quando dedicou Portugal para o trabalho missionário.
“Reconhecemos, Pai, que a partir desta terra saíram navegadores e exploradores marítimos em dias de outrora e que o povo português teve um espírito aventureiro. Eles confiaram em Ti e procuraram por terras desconhecidas”, orou o futuro presidente da Igreja na periferia de Lisboa, com vista para a costa do Oceano Atlântico do país. “Concede-lhes que confiem em Ti ao buscarem as verdades que os levarão à vida eterna.”
Trinta e cinco anos depois, durante a Conferência Geral de outubro de 2010, Presidente Monson anunciou a construção de um templo em Lisboa.
Os membros do distrito do Templo de Lisboa Portugal podem, como antecipa Élder Andersen, usar a adoração e o serviço no templo para explorar e descobrir as belezas, mistérios e bênçãos inestimáveis do céu.
“Com paciência e retidão, nossa exploração trará as descobertas que buscamos”, disse ele. “Conheceremos nosso Pai Celestial e Seu Filho, Jesus Cristo.”
Élder Andersen compartilhou uma rota para esta exploração eterna: “Primeiro vamos ao templo para obter nossa própria investidura e selamentos. Colocamos nossa própria família em um caminho, rumo ao reino celestial, percebendo que devemos ser fiéis aos convênios que fizemos.”
Antigas viagens ao templo
Élder Teixeira e sua esposa, a irmã Filomena Teixeira, têm muitas experiências com viagens longas quando se trata de frequentar o templo. Os dois estão entre os membros pioneiros do país: ele começou a frequentar a Igreja aos 16 anos com sua família, em 1976, quando havia menos de 400 membros da Igreja em Portugal. Ele e a família Teles Grilo foram batizados no ano seguinte.
Quando as duas famílias estavam prontas para as primeiras ordenanças e para os selamentos na Casa do Senhor, o templo em funcionamento mais próximo da Igreja na época ficava em Berna, Suíça, uma distância de ida e volta de quase 5.000 km que exigia dois dias e uma noite de viagem em um ônibus para ir e depois tudo isso novamente para voltar, lembrou Élder Teixeira.
Os membros portugueses continuaram desde então a percorrer grandes distâncias para frequentar o templo: primeiro Berna, depois Londres Inglaterra; Frankfurt Alemanha; e, mais recentemente, Madri Espanha.
Em um artigo da revista Ensign, há mais de três décadas, o pai da irmã Teixeira, Arnaldo Teles Grilo, primeiro patriarca da Igreja no país, disse que tinha “o sonho de que um dia pudessem ter um templo em Portugal”.
Élder Teixeira falou que seus pais viajavam cerca de 600 km para irem ao Templo de Madri Espanha, a fim de manterem a frequência programada por mais de uma década. Seu pai servia como selador naquele templo. Fernando Teixeira falou na abertura de terra do Templo de Lisboa em 5 de dezembro de 2015 e aguardava ansioso pela dedicação, mas ele acabou por falecer em abril de 2018.
“Tenho certeza de que ele está se regozijando hoje”, disse Élder Teixeira.
Dedicação e cerimônia de assentamento da pedra angular
Durante as cerimônias e atividades em torno à dedicação do Templo de Lisboa, Élder Andersen estava acompanhado por sua esposa, a irmã Kathy Andersen, e Élder Teixeira por sua esposa, a irmã Filomena Teixeira, assim como Élder Gary B. Sabin, Setenta Autoridade Geral e presidente da Área Europa, e sua esposa, a irmã Valerie Sabin, e Élder Kevin R. Duncan, Setenta Autoridade geral e diretor executivo do Departamento de Templos da Igreja, e sua esposa, a irmã Nancy Duncan.
A dedicação do domingo, dia 15 de setembro, foi feita em três sessões no templo, com Élder Andersen oferecendo, tanto seus discursos quanto a oração dedicatória, em português. Com exceção de raras conversas em inglês, os procedimentos das três sessões de domingo foram feitos no idioma local.
A primeira sessão contou com a tradicional cerimônia de assentamento da pedra angular, a única parte da dedicação com a presença do público externo, com o restante das sessões disponíveis apenas para membros com recomendações ou convites especiais anteriormente recebidos, distribuídos por líderes locais.
Élder e irmã Andersen, assim como outros convidados do Apóstolo, usaram espátulas para colocarem a argamassa em torno da pedra angular, onde se lê: “Erigido em 2019”. A aplicação da argamassa, que fica lá somente temporariamente durante a cerimônia e é substituída mais tarde por um acabamento profissional, simboliza a conclusão do templo, com os membros sendo lembrados de que a Igreja é edificada sobre o fundamento dos profetas e apóstolos, com Jesus Cristo como principal pedra de esquina. (Efésios 2:20).
Além disso, as sessões de dedicação foram transmitidas via satélite para membros em capelas em todo o distrito do templo. Participaram centenas presentes no templo e nas sedes de estacas adjacentes, em sessões às 9h, meio-dia e 15h daquele memorável domingo.
Por causa do espaço limitado, nem todos os que desejavam participar de uma sessão dedicatória no templo conseguiram acomodações. Outros tiveram diferentes razões para não conseguirem participar pessoalmente.
Inês Amaral, 94 anos, pioneira da Igreja em Portugal, estava ansiosa havia muito tempo para participar da dedicação. Décadas antes, ela e seu falecido marido, Fernando dos Reis Amaral, foram o primeiro casal em Portugal a ser selado em um templo.
Mas na semana que antecedeu a dedicação, ela sofreu uma grave queda, resultando em um quadril quebrado e consequente hospitalização, o que a impediu de comparecer. Ela chorou muito por perder a ocasião. Então, líderes locais fizeram preparativos para ajudá-la a assistir a uma sessão da dedicação por meio de uma transmissão especial feita diretamente para seu quarto no hospital.
Gabriela Melo também estava ansiosa para a dedicação, até que uma nova posição profissional no Hotel de Lisboa, onde ela trabalha, exigiu que estivesse presente em um treinamento que aconteceu durante os dois dias do final de semana da dedicação.
Entretanto, ela estava trabalhando na recepção do hotel quando Élder e irmã Andersen, e Élder e irmã Duncan chegaram para fazer o check-in. Ela os reconheceu, apresentou-se como membro da Igreja e falou com eles sobre a dedicação. O casal Andersen retornou mais tarde para conversar um pouco mais com ela.
Visivelmente triste por perder a dedicação, ela disse que as interações com líderes gerais da Igreja ajudaram a diminuir sua tristeza pela ausência. “E de uma forma pequena”, disse ela, “consegui ajudar”.
‘Sem retrocesso, sem recuo’
Desde o reconhecimento oficial do governo em agosto de 1974, aos primeiros missionários e mais tarde, a dedicação do país que aconteceu em abril do ano seguinte, a Igreja tem tido um crescimento considerável ao longo das décadas em Portugal. Em julho de 1975, o número de membros no país era 100. Três anos mais tarde, 1.000. Em 1981, veio a primeira estaca, com outras quatro que se seguiram antes do final da década.
Hoje [2019], Portugal tem mais de 45.000 santos dos últimos dias, bem como seis estacas, 68 congregações, uma missão e quatro distritos.
“Tudo isso aconteceu nos últimos 45 anos”, disse Élder Andersen, ciente do que um novo templo em Lisboa significa para Portugal.
“Depois que o Salvador retornar à Terra e a verdadeira história de Portugal for escrita, a dedicação desta casa sagrada será um momento culminante desta nação.”
Chamando os 45 anos desde a dedicação de Portugal até a dedicação do seu primeiro templo de “uma época de enorme satisfação espiritual”, ele acrescentou: “agora temos a Casa do Senhor, que é um símbolo que permanecerá aqui até que o Salvador retorne.
“Sem retrocesso, sem recuo”.
Apenas avançar — para explorar, descobrir e voltar para casa.