Na noite do nascimento do Salvador, “o local era tão tranquilo quanto a natureza poderia oferecer”, disse Élder Jeffrey R. Holland durante o Devocional de Natal da Primeira Presidência no domingo, dia 6 de dezembro.
Com o início da noite no começo da primavera e estrelas aparecendo em dezenas, centenas e então milhares, o único elemento fora do comum – mas lindo – daquela cena pastoral foi o estábulo na colina, onde duas figuras se juntavam a um recém-nascido deitado em uma manjedoura, disse Élder Holland.
Em seus comentários durante o evento anual de Natal, o membro do Quórum dos Doze Apóstolos descreveu a cena e circunstâncias em torno do nascimento do Menino Cristo, “onde, verdadeiramente, ‘esperanças e medos de todos os anos’ foram encontrados nos sonhos de Belém.”
As três figuras humanas, que não haviam encontrado nenhum hospedeiro disposto a abrigá-las na cidade de Belém lotada, incluía a linda e jovem virgem mãe, Maria, “cuja coragem e notável fé são mais marcantes do que qualquer outra coisa jamais registrada nas escrituras”, disse Élder Holland.
A segunda figura era seu marido, José, “que por definição, deve ter sido o homem mais digno na Terra para criar um bebê que não era seu filho fisicamente, mas que, no devido tempo, se tornaria seu pai espiritual.
A última e mais bela figura, Élder Holland continuou, era “o bebê a ser chamado de Jesus, deitado envolto em panos, no feno mais limpo que um ansioso pai poderia ter encontrado.”
A ironia daquela cena quieta e sem publicidade era “o fato de que nenhum bebê jamais havia nascido do qual já se sabia tanto a respeito, de quem tanto já havia sido escrito, e sobre quem tanto já era esperado”, Élder Holland disse.
O bebê recém-nascido era o Primogênito do Pai no mundo espiritual, pré-ordenado a ser o Cordeiro “morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:8).
Ele seria o grande Jeová do Velho Testamento, Élder Holland continuou, ajudando Noé no momento do dilúvio e José no momento da fome. Seus nomes incluiriam “Maravilhoso, Conselheiro, Poderoso Deus, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (2 Néfi 19:6).
“Ele era o Alfa e o Ômega (Apocalipse 21:6) no grande plano de misericórdia e quem eventualmente “pregar[ia] boas novas aos mansos; …restaurar[ia] os contritos de coração; … apregoar[ia] liberdade aos cativos, e [abriria a] prisão aos presos” (Isaías 61:1).
Para completar aquela missão, disse Élder Holland, “Ele pisaria no lagar da redenção, completa e inteiramente sozinho, sem um companheiro mortal que O ajudasse, e sem um companheiro celestial que pudesse. Ao tomar sobre Si todos os pecados do mundo e sofrimentos da mortalidade, Ele traria a incompreensível dádiva da salvação a toda a humanidade, de Adão até o fim do mundo. Em todo o trajeto de Sua jornada, Ele seria o Pastor e o Bispo de nossa Alma (1 Pedro 2:25), o sumo sacerdote da fé que professamos (Hebreus 3:1), a fonte de toda retidão (Éter 8:26).”
Todas essas obrigações e demandas seriam cumpridas. “Mas não nesta noite”, Élder Holland observou. “Aqui Ele era apenas um bebê nos braços de uma mãe que O adorava, acompanhado por um pai que era gentil e forte.”
Os pastores vieram representando os homens mais pobres e seu trabalhos. Mais tarde, os Reis Magos vieram do leste, simbolizando os homens mais ricos e seus trabalhos.
Um mensageiro celestial veio cantando “Glória da Deus nas alturas”, (Lucas 2:14), para louvar o pequeno bebê que finalmente havia vindo para a Terra. Anjos, Élder Holland adicionou, haviam marcado o caminho à manjedoura há séculos. Um anjo viera até Maria para anunciar aquilo ao qual ela havia sido escolhida para fazer. Um anjo apareceu a José para lhe dar coragem para se casar com a jovem que já estava grávida.
Um anjo também apareceu, depois do nascimento, para dizer ao jovem casal para fugirem de Herodes e seu massacre de inocentes, e mais tarde, quando era seguro retornar ao Egito. “Obviamente, os anjos nos céus sabiam muito mais do que os mortais na Terra sobre o quanto este nascimento significava e qual era a missão desta criança”, Élder Holland disse, “especificamente, ‘[tomar] sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores [levar] sobre si; … [ser] ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; [para deixar claro que] o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e [que] pelas suas pisaduras [seríamos] sarados’” (Isaías 53:4-5).
Para ele, disse Élder Holland, é significativo que estes eventos tenham acontecido à noite, “quando os músculos relaxam e a fadiga está repousando, quando orações foram ditas, quando revelações são antecipadas, e seres divinos estão mais propensos a estarem perto.”
À noite é quando as crianças podem apenas fechar seus olhos pela emoção, sabendo que amanhã será o Natal. “Sim, não importa o quão difícil nosso dia tenha sido, os doces sonhos da noite podem fazer tudo ficar bem”, disse.
Élder Holland concluiu seus comentários com um poema escrito por Susie M. Best, intitulado “Os sonhos miraculosos” [Tradução livre].
Naquela noite, quando nos céus da Judeia
A mística estrela distribuiu sua luz,
Um cego [se moveu] em seu sono,
E sonhou [que] podia enxergar.
Naquela noite, quando os pastores ouviram a canção
Das hostes angelicais cantando próximas,
Um homem surdo se mexeu em um sono encantado,
E sonhou [que] podia ouvir.
Naquela noite, quando na estrebaria
Dormia a Criança e a Mãe [sem conversar]
Um aleijado virou seus membros torcidos,
E sonhou [que] [podia andar].
Naquela noite, quando sobre o Bebê recém nascido
A terna Maria se levantou para se inclinar,
Um repugnante leproso sorriu dormindo,
E sonhou [que] estava limpo.
Naquela noite, quando no seio de sua mãe
O pequeno Rei estava seguramente protegido,
Uma meretriz dormiu feliz,
E sonhou [que] estava pura.
Naquela noite, quando na manjedoura se deitava
O Santificado, que veio para salvar,
Um homem avançou no sono da morte,
E sonhou que não havia nenhum túmulo.