Enquanto Zina Young e Emmeline Wells viajavam de trem para participar de uma conferência de mulheres na Exposição Universal de Columbia de 1893, em Chicago, seus pensamentos se voltaram ao passado. As líderes santos dos últimos dias refletiram sobre as muitas provações e os muitos triunfos dos últimos 50 anos.
“Quando formos para o descanso, depois de nossos sacrifícios indescritíveis, que seja como o mais belo pôr do sol de Utah, que muitos no futuro tenham motivo para louvar a Deus pelas nobres mulheres desta geração,” disse Young mais tarde a Wells.
Esta conversa — que pode ser encontrada no final de “Santos, Volume 2, Nenhuma Mão Ímpia, 1846-1893” — retrata de modo preciso a visão que Lisa Olsen Tait espera que os leitores tenham do novo volume, lançado no dia 12 de fevereiro.
“É um período muito significativo para a história das mulheres santos dos últimos dias, por tudo que realizaram, pelo senso de si próprias que desenvolveram, e pela coragem e capacidade de se erguerem e fazerem com que suas vozes fossem ouvidas”, disse Tait, editora do volume 2. “Espero que os leitores sintam um maior apreço pelas mulheres da Igreja daquela época.”
Maior apreço por elas é um dos vários aprendizados que os editores e escritores de “Santos, Volume 2” esperam que os leitores adquiram. O novo volume também apresenta vozes singulares de nativos, o contexto histórico em torno de questões polêmicas e uma lição sobre o relacionamento de Deus com Seu povo do convênio.
A versão impressa em inglês de “Santos, Volume 2” ficou disponível no dia 12 de fevereiro, bem como a versão digital em 13 idiomas adicionais. A versão impressa em outras línguas estará pronta dentro de alguns meses. Foram vendidos mais de 500.000 exemplares do livro “Santos, Volume 1, O Estandarte da Verdade, 1815-1846” publicado em 2018.
O segundo livro de uma série de quatro volumes da história da Igreja encomendada pela Primeira Presidência, narra a jornada dos Santos rumo ao oeste, o estabelecimento no Vale do Lago Salgado, a expansão do trabalho missionário para muitas nações e a construção e dedicação do Templo de Salt Lake — ou como os santos mantiveram a fé enquanto suportavam “sacrifícios indescritíveis”.
Vozes de nativos e questões polêmicas
Aos 23 anos, George Q. Cannon foi chamado pelo Presidente Brigham Young para cumprir uma missão nas ilhas havaianas em 1850. Durante sua missão, ele traduziu o Livro de Mórmon para o idioma havaiano.
Muitos santos dos últimos dias talvez conheçam esta história. Mas eles provavelmente nunca a leram com os comentários de Jonathan Napela — um santo havaiano nativo que ajudou George Q. Cannon a traduzir o Livro de Mórmon.
“Repetidas vezes veremos declarações e povos nativos que nunca fizeram parte da nossa história antes”, declarou Jed Woodworth, historiador responsável pelo volume 2.
Muitos leitores do volume 1 disseram ter descoberto novas histórias, das quais nunca tinham ouvido falar, explicou Angela Hallstrom, escritora do volume 2. “Creio que veremos isto acontecer com mais frequência no volume 2.”
Haverá todos os tipos de pessoas interessantes e acontecimentos emocionantes, assim como outros momentos difíceis dos quais geralmente não estamos cientes”, disse ela.
Um exemplo de acontecimento difícil é a perseguição que os santos enfrentaram nas décadas de 1870 e 1880 por praticarem o casamento plural. “Sabemos pouco a este respeito, mas acho que o volume 2 nos mostra realmente o tamanho da pressão que a Igreja passou e o quanto as pessoas sofreram”, afirmou Hallstrom.
Outro exemplo é a primeira década de assentamento, depois que os santos chegaram ao vale de Salt Lake, acrescentou Olsen. “As pessoas são inclinadas a pensar que conhecem a história dos pioneiros, mas nossa tendência é de parar de contá-la quando os santos chegam ao vale.
Na década de 1850, eles foram de uma situação em que estavam perto de passar fome, para o desastre com os carrinhos de mão e depois para o Exército indo a Utah para o Massacre de Mountain Meadows”, disse Olsen. “Isto só mostra como o caminho foi árduo e acidentado” — sem mencionar as muitas mulheres que chegaram sozinhas para se estabelecerem em um local novo, enquanto seus maridos cumpriam missões.
Scott Hales, editor geral de “Santos, Volume 2”, disse que o Massacre de Mountain Meadows é um dos vários eventos e tópicos polêmicos que os leitores encontrarão no novo volume. O casamento plural e as restrições raciais ao sacerdócio são outros.
“Muitas vezes, somos um pouco críticos por causa de algumas das coisas que eles fizeram”, disse Hales. “Acho que uma das coisas que este livro fará é auxiliar os leitores a entenderem o contexto histórico das situações ao redor destas polêmicas … e ajudá-los a começarem o estudo pessoal destas questões, assim como chegar a sua própria conclusão sobre elas.
“Na verdade, só espero que mais santos assimilem sua história, à medida que aprendem a seu respeito.”
Um tema de libertação
Outro aprendizado de “Santos, Volume 2” é sobre o relacionamento de Deus com Seu povo do convênio, disse Woodworth. Este tema faz um paralelo com aquilo que os membros da Igreja estão estudando no Livro de Mórmon com o “Vem, e Segue-Me” este ano.
Antes da família de Leí chegar à terra prometida, eles passaram oito anos no deserto. “Deus usou aqueles oito anos para ajudar, ensinar e socorrer o povo de Néfi”, declarou Woodworth. “Apesar de todas as dificuldades, a oposição parece ter sido necessária para ajudá-los a crescer e a se desenvolver como povo.”
O “poder de libertação” ilustrado no Livro de Mórmon, também pode ser encontrado em “Santos, Volume 2”. As dificuldades e oposições que os primeiros santos enfrentaram os ajudaram a crescer e a se desenvolver também.
Em comparação com Kirtland, Nauvoo e o Condado de Jackson, o Vale do Lago Salgado forneceu muito mais espaço físico para o assentamento, e “lhes permitiu, na ocasião, que aumentassem drasticamente o tamanho e o escopo do projeto de reunião”, comentou Woodworth.
No volume 1, os santos que se reuniram vinham do Reino Unido e do Canadá. No volume 2, eles começam a se reunir vindo de todas as partes do mundo. “Ao final do volume 2, os santos somavam cerca de 200 mil pessoas e a maioria estava localizada na Grande Bacia. Isto jamais teria sido possível se tivessem permanecido em Illinois, Missouri ou Ohio”, disse ele.
Hales comentou que o tema da libertação também é refletido no subtítulo da série — “Nenhuma Mão Ímpia”, trecho do “Estandarte da Verdade” que foi citado na Carta Wentworth escrita por Joseph Smith.
“Os leitores podem se perguntar, quais são as ‘mãos ímpias’ que estão tentando obstruir o progresso da obra?” Hales afirmou:
“Apesar de suas fraquezas, apesar de suas muitas falhas e de seus erros, eles foram capazes de superar aqueles desafios confiando em Jesus Cristo, assim como uns nos outros e na comunidade que estavam construindo, contando com a orientação de seus líderes e do Espírito”, declarou.
“Eles foram capazes de superar estes obstáculos e alcançar o que se propuseram a fazer — que foi estabelecer Sião, construir um templo e continuar o trabalho que o Senhor lhes tinha dado.”