Menu

Lidar com ansiedade e depressão: Como trabalhar com a história da família pode ajudar

Amelie Bleakley, 41 anos, de Keynsham, Inglaterra, encontrou um maior propósito e valor através da história da família.
Christie Blair posa para uma foto em Plimoth Plantation, durante uma viagem de pesquisa da história da família em junho de 2003.
Christie Blair visita um cemitério em Easton, Bristol, Massachusetts durante uma viagem de pesquisa da história da família em junho de 2003. Crédito: Cortesia de Christie Blair
Lisa Coffey, mãe de quatro filhos que mora em Meridian, Idaho, recebeu muitas bênçãos de cura devido a seu trabalho com a história da família. Crédito: Cortesia de Lisa Coffey
Da esquerda para a direita: Jeff Westover, sua filha Maggie e sua esposa Sandy sorriem em Independence Rock em Wyoming, no primeiro dia da Trilha dos Pioneiros em junho de 2013. Crédito: Cortesia de Jeff Westover
Amelie Bleakley, 41 anos, de Keynsham, Inglaterra, é fotografada em frente ao Invalides em Paris, França, onde um de seus ancestrais viveu a maior parte de sua vida como veterano das guerras napoleônicas. Crédito: Cortesia de Amelie Bleakley

Nota do editor: Este artigo é parte de uma série de artigos sobre as bênçãos de cura por meio do trabalho com a história da família, baseado no discurso da conferência geral de abril de 2018 do Élder Dale G. Renlund, “Trabalho do Templo e História da Família: Selar e Curar.” Embora muitas pessoas sofrendo com ansiedade e depressão possam se sentir fortalecidas ao pesquisar a história da família, tal atividade não substitui a ajuda profissional à saúde mental. Para obter mais recursos, visite o site mentalhealth.ChurchofJesusChrist.org, ou fale com um médico.

Depois de sobreviver ao seu primeiro ano ensinando no norte do estado do Texas como recém-graduada, Christie Blair decidiu viajar. Os primeiros meses de ensino são sempre difíceis, porém lidar com ansiedade os torna ainda mais duros, ela disse.

Mas esta não foi uma viagem de férias relaxantes para o Havaí, Bahamas ou México. Esta viagem a estimularia de uma maneira diferente.

Blair fez as malas com seus arquivos de história da família, colocou uma barraca no carro e saiu em seu pequeno Ford Escort para dirigir do Texas até a região Centro-Oeste dos Estados Unidos para ver os locais onde seus ancestrais viveram.

“Tirando fotos de sepulturas, encontrando documentos escritos à mão em pequenas bibliotecas e simplesmente vendo por mim mesma esses lugares que só havia visto em um microfilme … tudo isto estimulou minha alma, dia após dia”, lembrou Blair, uma santa dos últimos dias que tem 44 anos e vive com seu marido e filhos em McAllen, Texas.

Ela dá crédito aos momentos fortalecedores daquela viagem, assim como de uma viagem de pesquisa da história da família que ela fez há dois verões, por ajudá-la a lidar com a ansiedade e “por enriquecer meu mundo, ao invés de deixá-lo me contrair e sufocar”.

Christie Blair visita um cemitério em Easton, Bristol, Massachusetts durante uma viagem de pesquisa da história da família em junho de 2003.
Christie Blair visita um cemitério em Easton, Bristol, Massachusetts durante uma viagem de pesquisa da história da família em junho de 2003. | Crédito: Cortesia de Christie Blair

A Associação Psiquiátrica Americana relata que, quase 30 por cento dos adultos nos Estados Unidos serão afetados por algum tipo de desordem de ansiedade em algum momento de suas vidas. De acordo com A Associação Americana de Ansiedade e Depressão, quase metade das pessoas diagnosticadas com depressão também são diagnosticadas com ansiedade.

Pesquisadores na Universidade Emory descobriram que adolescentes que participam da história da família “possuem níveis mais altos de bem-estar emocional”, pois as histórias familiares ajudam a fornecer um senso de identidade e de quem são no mundo.

Líderes da Igreja tem prometido bênçãos similares para os santos dos últimos dias que buscam seus ancestrais, compilam histórias familiares e realizam ordenanças no templo.

“O trabalho do templo e da história da família não é apenas para os mortos, mas também abençoa os vivos”, disse o Élder Dale G. Renlund, do Quórum dos Doze Apóstolos, durante a conferência geral de abril de 2018. Ao participar da história da família, “Também reivindicamos as bênçãos ‘de cura’ prometidas pelos profetas e apóstolos”.

Entre essas bênçãos estão maior entendimento do Salvador e de Sua Expiação; maior alegria e habilidade de sentir o amor do Senhor; um amor maior pelos ancestrais e parentes vivos “para que não nos sintamos mais sozinhos”; e “mais ajuda para curar corações tribulados, partidos ou ansiosos e cicatrizar os que estavam feridos”, Élder Renlund disse.

Muitos santos dos últimos dias que enfrentam desafios de saúde mental encontraram estas e muitas outras bênçãos ao descobrirem, se reunirem e se conectarem com suas famílias.

Colocarmo-nos no contexto de algo maior

Matt Millican é um conselheiro profissional licenciado e membro da Igreja que mora em Ontário, Oregon. Ele disse que o envolvimento com a história da família pode ser uma ferramenta útil àqueles lidando com depressão e ansiedade, porque ela fornece uma maneira para as pessoas se sentirem produtivas e focadas em algo além da sua depressão e ansiedade.

Ao pesquisar a história da família, “Podemos sair de nossas cabeças e olhar para nós mesmos no contexto de algo muito maior”, comentou.

Millican disse que sempre há um aspecto de “saia e faça” na história da família, que pode beneficiar àqueles lidando com desafios de saúde mental. “Existe muito mais do que a pesquisa online”, disse. Por exemplo, as pessoas podem visitar lugares onde eventos familiares importantes aconteceram, ou ainda tirar fotos de lápides de sepulturas de membros da família — assim como Blair fez naquele verão.

“Atividades como estas fornecem a oportunidade de tentar algo diferente, ou ir para algum lugar novo que possa ter um significado em nossas vidas e ainda assim, não há realmente nenhuma pressão de alcançar algo específico, além de ir e conhecer”, comentou. 

Christie Blair posa para uma foto em Plimoth Plantation, durante uma viagem de pesquisa da história da família em junho de 2003.
Christie Blair posa para uma foto em Plimoth Plantation, durante uma viagem de pesquisa da história da família em junho de 2003.

Blair disse que as memórias daquelas viagens de verão a ajudaram durante os dias difíceis de “pratos sujos, fraldas e não poder sair de casa”, quando ela era uma jovem mãe com três filhos com 3 anos ou menos. Ela também se lembra de amamentar no seu computador enquanto indexava e trabalhava na história da família, porque isto fazia toda a diferença para ela.

Blair continua se voltando para a história da família nos dias difíceis. “Ainda lido com ansiedade e, às vezes, ela me limita em minhas interações com outras pessoas”, disse. “Mas sei que esta é a forma como posso servir a outras pessoas quando sinto que não consigo nem mesmo dizer ‘Oi.’”

Um senso de propósito e valor

Amelie Bleakley, 41 anos, membro da Igreja morando em Keynsham, Inglaterra, sofreu de depressão e ansiedade por muitos anos. Durante um período de depressão, ela se lembrou de um conselho na sua bênção patriarcal para buscar seus ancestrais. Membros da família lhe diziam que estavam parados e que não havia mais trabalho para fazer. Mas confiando no Senhor e em sua bênção, ela decidiu tentar.

Amelie Bleakley, 41 anos, de Keynsham, Inglaterra, é fotografada em frente ao Invalides em Paris, França, onde um de seus ancestrais viveu a maior parte de sua vida como veterano das guerras napoleônicas.
Amelie Bleakley, 41 anos, de Keynsham, Inglaterra, é fotografada em frente ao Invalides em Paris, França, onde um de seus ancestrais viveu a maior parte de sua vida como veterano das guerras napoleônicas. | Crédito: Cortesia de Amelie Bleakley

Enquanto batalhava com sentimentos de inutilidade, “eu pensava que, se pudesse achar pelo menos uma pista, ou um arquivo, isto ajudaria a me sentir útil porque eu teria achado uma pessoa para quem poderia fazer as ordenanças no templo”, comentou. 

Bleakley encontrou um propósito conforme testava os limites de suas habilidades e mergulhou profundamente na pesquisa. Sua família ficou animada quando conseguiu quebrar barreiras que estiveram lá por anos.

“Foi um sentimento fantástico, humilde e animador poder vislumbrar a vida das pessoas do passado. … Eu ria, eu chorava”, ela lembrou. “Estava me sentindo viva, o que não era sempre o caso quando estava deprimida. … Isto me ajudou a sobrepujar o sentimento de que eu era inútil e sem valor.”

Lisa Coffey, mãe de quatro filhos e conversa da Igreja que vive em Meridian, Idaho, também sentiu as bênçãos de cura através do trabalho de história da família, por sofrer de ansiedade crônica.

Em uma noite, durante um momento particularmente difícil — em que descreveu como “um daqueles pontos mais baixos que consigo lembrar na minha vida” — ela estava chorando no seu laptop, após horas de pesquisa. De repente, se deparou com o registro de nascimento original de seu pai, de 1922 no México. Este registro a guiou a muitos ancestrais que ela nunca havia ouvido falar.

Lisa Coffey, mãe de quatro filhos que mora em Meridian, Idaho, recebeu muitas bênçãos de cura devido a seu trabalho com a história da família.
Lisa Coffey, mãe de quatro filhos que mora em Meridian, Idaho, recebeu muitas bênçãos de cura devido a seu trabalho com a história da família. | Crédito: Cortesia de Lisa Coffey

“Aprendi que, definitivamente, somos ajudados por aqueles que já faleceram”, Coffey disse sobre a experiência. “Senti sua influência e senti que eles estavam guardando a mim e à minha família, o que diminuiu os fardos que estava carregando. Foi um momento maravilhoso de revelação, no meio de um momento obscuro.” 

Um dos problemas com ansiedade, disse, é a incapacidade de focar e tomar decisões simples porque a mente está se movimentando rapidamente. Pensamentos negativos são persistentes. Mas a história da família fortalece seus pensamentos e a mantém em foco.

“O processo preciso e detalhado de usar o FamilySearch (acrescentando nomes, documentos, unindo registros) foi uma dádiva que começou a crescer em outras áreas da minha vida quanto mais eu participava”, acrescentou. “Ir ao templo se tornou uma alegria e, com o tempo, mudou os pensamentos negativos persistentes.”

Buscando forças no passado

Houve um momento na vida de Jeff Westover em que surgiu uma crise em sua carreira, sua mãe teve um AVC, ele descobriu que um de seus filhos adolescentes estava tendo problemas e sua filha estava voltando para casa de sua missão de tempo integral — tudo dentro de uma semana. 

“Tudo culminou ao mesmo tempo e começou um período muito difícil na minha vida, em que pensava que a depressão havia começado por causa das circunstâncias”, disse Westover, pai de sete filhos e, em breve, avô de sete, que mora em Smithfield, Utah.

Pouco tempo depois, Westover e sua família se mudaram para Cache Valley e pediram que ele e sua esposa participassem de uma trilha pioneira — uma atividade em que jovens reencenam as experiências de fortalecimento de fé dos pioneiros, que viajaram para o Vale do Lago Salgado em meados de 1800. Parte da designação de Westover incluía trazer histórias de ancestrais que atravessaram as planícies.

“Toda a experiência de fazer a caminhada e realmente ser colocado na posição de fazer um pouco da história da família … basicamente abriu as portas para mim”, Westover comentou.

Foi a história da família, ele disse, que o ajudou naquele momento crítico de sua vida.

Da esquerda para a direita: Jeff Westover, sua filha Maggie e sua esposa Sandy sorriem em Independence Rock em Wyoming, no primeiro dia da Trilha dos Pioneiros em junho de 2013.
Da esquerda para a direita: Jeff Westover, sua filha Maggie e sua esposa Sandy sorriem em Independence Rock em Wyoming, no primeiro dia da Trilha dos Pioneiros em junho de 2013. | Crédito: Cortesia de Jeff Westover

Pesquisar sua história da família também o ajudou a entender a ansiedade que ele vê em seus filhos. “Meus filhos sofrem de ansiedade de uma forma que nunca sofri quando era mais jovem. Lutei por muito tempo para entender”, disse. “Mas ao pesquisar sobre a família da minha esposa, vejo isso. Vejo padrões da ansiedade na família que são genéticos.”

A melhor forma para seus filhos lidarem com sua ansiedade, disse, “É fazer a história da família e compreender que eles não são os primeiros a lidarem com isso”.

Amy Harris, professora associada da Universidade Brigham Young e diretora do programa de História da Família, disse que muitos estudantes comentaram como a história da família os tem ajudado a entender os desafios da saúde mental em si mesmos ou em suas famílias.

“Não é uma pílula mágica que você toma e de repente não tem mais problemas”, Harris disse sobre pesquisas da história da família. “Mas ela meio que ajuda a lhes dar um contexto e a não se sentirem sozinhos.”

Em um mundo onde a ansiedade e a depressão são frequentemente “exacerbadas pelo perfeccionismo”, aprender sobre os obstáculos e desafios que membros da família passaram “podem lhes dar um pouco tolerância com si mesmos … para não ter que fazer tudo e ser tudo”, acrescentou.

Christina Herzog-Garcia, 50 anos, de Meridian, Idaho, descobriu um conforto similar já que ela e seu marido nunca conseguiram ter filhos, nem mesmo adotar. “Houve muitos anos de tristeza e raiva”, comentou.

Mas então ela mergulhou na história da família e descobriu alguém com quem podia se relacionar. 

“Ao saber que a irmã do meu bisavô foi casada e nunca conseguiu ter filhos como eu, senti um conforto pois alguém da minha família passou por exatamente a mesma coisa que estou passando agora”, Herzog-Garcia disse.

Tornando a história da família mais fácil: 7 ideias que levam menos de 5 minutos

Para mais ideias, visite o site familysearch.org/blog/es/genealogia-se-facilita/

NEWSLETTER
Receba destaques do Church News entregues semanalmente na sua caixa de entrada grátis. Digite seu endereço de e-mail abaixo.