Nenhum missionário de tempo integral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias testou positivo para a COVID-19. Cerca de 50% da força missionária global de 67.000 jovens está sendo impactada ao retornarem para casa para receberem novas designações ou serem desobrigados, de acordo com os ajustes da Igreja feitos em relação ao serviço missionário e à pandemia do coronavírus.
Entretanto, o Departamento Missionário da Igreja está vendo uma reformulação da obra missionária, conforme élderes e sísteres estão se aproximando, ensinando e sendo treinados de novas maneiras.
“A aventura de uma vida” é o lema usado pelo Élder Brent H. Nielson, setenta autoridade geral que é diretor executivo do Departamento Missionário. Esta frase descreve apropriadamente, não só os impactos recentes para cada missionário, mas também os ajustes constantes feitos pela Igreja e pelo Departamento Missionário.
Em sua mente, a atenção dada aos ajustes pode fazer com que os missionários, suas famílias, os membros da Igreja, e até mesmo os funcionários do Departamento Missionário, ignorem aquilo que se tornou uma experiência missionária singular.
“Esta é a aventura de uma vida”, disse. “Nossos missionários serão aqueles que dirão: ‘Fui um missionário durante a pandemia do coronavírus. Servi nas Filipinas por um tempo, saímos de lá, e servi em Nebraska — foi um dia diferente e uma época diferente, e fomos aqueles missionários.’”
Com emoção, continuou: “Quando vejo suas fotos nos aviões, percebo que são o ‘exército de Helamã’ atual — são muito impressionantes. Espero que as pessoas, em meio a tudo isto, não percam a experiência histórica que isto é para estes rapazes e moças, que são aqueles que sobreviveram à pandemia.
David N. Weidman, diretor geral do Departamento Missionário, acrescentou sobre os élderes e sísteres em auto isolamento, aguardando por novas designações em seu país natal: “Quantos missionários poderão dizer ‘Fui designado para servir em casa por duas semanas’? Não estão em casa como missionários desobrigados — o chamado ainda é válido.”
Informações e perspectivas
Os dois se reuniram com o Church News em uma entrevista por meio de vídeoconferência para oferecer informações, perspectivas e anedotas sobre os recentes ajustes do serviço missionário.
Três coisas importantes: Weidman separou três pontos que os líderes da Igreja e do Departamento Missionário querem que os missionários, seus pais e santos dos últimos dias saibam.
“Segurança é a preocupação número um que temos com os missionários, mas logo em seguida é continuar a ajudar na coligação de Israel”, disse. “Os líderes da Igreja, quando tomam decisões, pesam estas duas coisas e suas decisões se baseiam nestas duas prioridades.”
A terceira coisa a saber é a “nossa gratidão por sua paciência”, disse. Os missionários precisarão ter paciência até receberem suas novas designações, novos chamados e informações de treinamento.
Nenhum teste positivo: Até o momento, nenhum missionário ou líder de missão testou positivo para a COVID-19.
Alguns missionários mostraram sintomas semelhantes aos da gripe, ocasionando a preocupação de que possam ter o vírus, Élder Nielson disse. Para aqueles testados, os resultados foram negativos.
Afetando 50%: O retorno dos missionários não-nativos para casa em seus países de origem, para auto isolamento, nova designação ou desobrigação devido aos ajustes feitos quanto ao tempo de missão, ou ainda com preocupações relativas à saúde, estão afetando cerca de 50% dos missionários da Igreja, Weidman disse.
“Tenho ficado totalmente impressionado com a grandeza dos nossos missionários”, disse sobre a movimentação global contínua dos missionários que começou na Ásia no mês passado.
Ele citou um exemplo publicado nas mídias sociais — missionários em um voo fretado retornando para seus países de origem após servirem nas Filipinas, com um élder sugerindo que uma oração fosse feita antes do avião decolar.
“Continuam focados e comprometidos”, Weidman disse. “Quando voltam, eles se fortalecem durante seu período em casa.”
Retornando para casa: Missionários não-nativos estão voltando para missões em muitas áreas da Igreja. Para missionários em alguns locais, é melhor ficarem onde estão.
“Não sabemos o que o futuro trará. Eventualmente, talvez precisarão voltar para casa ou depois que isto passar, continuarão a fazer o que estão fazendo em sua missão”, disse Élder Nielson. A Igreja está frequentemente consultando oficiais de segurança, especialistas locais, entre outros, para aconselhamento.
“Nossa preocupação principal é sempre a segurança dos nossos missionários e analisamos cada situação — onde estarão mais seguros e o que podemos fazer para manter esta segurança.”
E missionários esperando em casa também podem causar impacto, acrescentou. “Recebemos relatórios todo o tempo — por exemplo, um jovem élder que recentemente voltou com um grande grupo das Filipinas e seus pais não são membros. Eles estavam lá para buscá-lo no aeroporto e expressaram gratidão à Igreja por cuidarem tão bem dele.
Movimento internacional: Embora os missionários retornando para casa nos Estados Unidos e Canadá estejam recebendo mais atenção devivo à quantidade, os ajustes estão afetando, tanto aqueles missionários servindo na América do Norte, como outros atravessando fronteiras em outros continentes para retornarem para seus países de origem.
“Peruanos servindo na Colômbia, brasileiros servindo em Moçambique e japoneses servindo no Brasil”, disse Weidman, oferecendo apenas três exemplos.
Cancelamentos de viagens internacionais e domésticas, e proibições estão provando ser uma grande preocupação, Élder Nielson disse. “Este é o nosso maior desafio. Estamos preocupados com isto todos os dias.”
Líderes de missão no local: Líderes de missão não-nativos ainda não retornaram para seus países de origem.
Élder Nielson disse que todos os presidentes de missão e suas companheiras foram convidados a permanecerem onde estão.
“Estão ficando em casa”, disse. “Tomamos conta de cada um individualmente.”
Treinando através da tecnologia: Embora os 10 centros de treinamento missionário da Igreja estejam fechados para hospedagem e treinamento de novos missionários no local, o treinamento continua online, com os novos missionários sendo instruídos em casa pelos instrutores do CTM ao redor do mundo.
O treinamento através de vídeoconferência tem novos missionários designados para zonas, distritos e companheirismos, trabalhando para ensinar de seis a oito horas por dia. Escutam os devocionais, trabalham em grupos pequenos, são divididos com companheiros para práticas — muito como o treinamento tradicional nos CTMs, mas feitos de maneira virtual.
“Não existe realmente nenhuma diferença no tipo de atividades que estão sendo realizadas, quando comparadas às que aconteciam de forma presencial, exceto que não estão frente a frente”, Weidman disse.
O treinamento do idioma é um exemplo em que um instrutor pode conseguir — através da tecnologia — ajudar um missionário, baseado nas necessidades individuais, ao invés das necessidades em grupo, e ambos dizem que o treinamento virtual pode mudar a maneira que missionários trabalham e são treinados.
Reações ‘consagradas’: Weidman disse que os líderes do Departamento Missionário têm ficado impressionados com a “quantidade de consagração que existe no corpo da Igreja — o número de pessoas que tem contatado a cada um de nós, ou à Igreja coletivamente como uma organização, e fizeram ofertas consagradas para ajudar. É realmente impressionante para mim ver este entusiasmo.”
Estas ofertas incluem pequenos atos, como no seu próprio bairro, onde um missionário retornando da África está em auto isolamento. “As pessoas da nossa ala estão organizando visitas diárias”, ele disse. As pessoas dirigem até sua casa, saem do carro e apenas acenam para este bom élder dizendo olá enquanto está de quarentena.
E se estendem a grandes atos, acrescentou, “onde pessoas, como famílias e indivíduos, estão fazendo ofertas financeiras substanciais para ajudar durante este momento”.
Novos chamados e designações: A Igreja ainda está aceitando e processando novos chamados missionários e fazendo designações. Mas o processo poderá ser um pouco mais lento do que anteriormente, disse Élder Nielson, pedindo a compreensão e paciência aos missionários em perspectiva e a suas famílias.
A movimentação mundial contínua dos missionários retornando para casa e os ajustes para receberem novas designações ou serem desobrigados, impactou os números da missão em curto e longo prazo que, por sua vez, afeta o chamado e a designação de novos missionários — durante o ajuste do período da COVID-19, assim como antecipando sua conclusão.
Remodelando a obra missionária
Élder Nielson disse que vê benefícios para a obra missionária vindo dos missionários enfrentando restrições na interação com o público. Uma delas sendo aprender a trabalhar, servir e ensinar de suas próprias residências.
“Em muitas áreas, nossos missionários estão ensinando com dispositivos móveis com tantas ou mais pessoas do que quando estavam saindo de casa”, disse sobre as missões ao redor dos Estados Unidos e em outros lugares.
Isto contradiz o pensamento de que a obra missionária fica parada quando os missionários ficam em seus apartamentos.
“Estão, na verdade, fazendo a obra missionária de uma forma que não havíamos pensado antes”, disse. “É como se este evento estivesse nos forçando a aprender a usar a tecnologia que todos possuem.
“Sempre quisemos fazer isso, mas nossos missionários sentiam a obrigação de estar nas ruas, parando as pessoas e batendo às portas, e agora estamos aprendendo que, na verdade, existe uma maneira diferente de fazer isto.”
Weidman disse que tem falado recentemente com muitos presidentes de missão no Japão, onde os missionários estão sob atividades restritas por cerca de quatro semanas. “Estes presidentes falaram sobre seus missionários, em alguns casos, que estão ensinando e ministrando para mais membros através da tecnologia. Estão encontrando maneiras novas e diferentes de manterem o foco.”
O ensino utilizando a tecnologia e a comunicação dos missionários com maior frequência com sua família — que no momento são uma bênção com a pandemia da COVID-19 — vieram com a aprovação da Primeira Presidência logo no início deste ano e todas as missões do mundo receberam dispositivos móveis.
“Tudo isto foi aprovado antes mesmo de saber sobre a chegada do vírus”, disse Élder Nielson, acrescentando que a implantação destes esforços ainda continua em algumas missões.
‘O que vier no nosso caminho’
Élder Nielson disse que se viu lembrando de que esta vida é cheia de provações e desafios. “Estamos em uma sociedade que, até então, tudo tem sido quase perfeito — e esta experiência não é perfeita. Está fazendo com que nos voltemos para nós mesmos e façamos coisas que não havíamos planejado antes, e precisamos estar preparados para fazer o que vier ao nosso encontro.
“Quero que saibam que todos estão fazendo o melhor que podem em circunstâncias incertas, todos nós devemos realmente ser pacientes como membros da Igreja de Jesus Cristo.
Mesmo sendo a “aventura de uma vida”, em que experiências missionárias tradicionais e normas estão sendo ajustadas, acrescentou.
“Acho que será uma experiência maravilhosa quando tudo estiver dito e feito e quando a história estiver escrita.”