A sister Morgan Taylor tinha acabado de sair do Templo de Papeete Taiti para desfrutar um pouco de ar fresco quando a vida, mais uma vez, tomou um rumo inesperado.
Naquele momento, aparentemente esperando por ela do lado de fora, estava um homem mais velho que parecia vagamente familiar. A jovem missionária às vezes tinha dificuldade para se lembrar de rostos e nomes depois de ter sido atropelada por um motorista bêbado enquanto andava de bicicleta meses antes, sofrendo traumatismo craniano e outras lesões.
Então o homem falou, chamando-a pelo primeiro nome.
“Morgan”, ele disse, “sou o homem que atropelou você …poderia me perdoar, por favor?”
Então, claramente angustiado, começou a ter uma discussão interna, se perguntando: “Como ela poderia me perdoar pelo que fiz?”
Morgan muitas vezes se perguntava o que ela diria ao homem que tinha acabado com sua vida e, por meio de suas más escolhas, apagou muitas experiências preciosas de sua mente, que não podem ser substituídas.
“Perdi muitas memórias”, disse ela. “Não sei quem beijei pela primeira vez. Não me lembro de quando recebi meu diploma do curso superior.
“Mas sabia exatamente o que iria dizer.”
Ela então, olhou para o homem por um momento antes de responder: “Não se preocupe com isto. Eu o perdoei há muito tempo”.
Então ela o abraçou. Disse-lhe que o amava e que ficasse em paz.
Quase sete anos se passaram desde aquele encontro emocional entre, em termos legais, a vítima e o criminoso.
A sister Taylor concluiu sua missão há muito tempo. Ela voltou para casa e seguiu a vida, se apaixonou e depois se casou com um rapaz chamado Brandon Bijold.
O casal mora em Salt Lake City e são pais de uma menina chamada Dorothy — mas todos a chamam de Dot.
Mas a história de perdão e esperança de Morgan Taylor-Bijold continua a edificar outras pessoas. Ela continua sendo uma oradora procurada nos devocionais para jovens e nas reuniões da Sociedade de Socorro.
Sua mensagem é simples: com Cristo e Seu amor expiatório, não há necessidade de carregar rancor ou fardos.
Um coração orientado pela missão
Dias antes do Natal de 2013, a sister Morgan Taylor era uma típica missionária, trabalhando todos os dias para compartilhar o evangelho. Era alegre por servir e se conectar com as pessoas na Missão Papeete Taiti.
Natural do estado de Utah, ela nunca poderia ter adivinhado como o caminho de sua vida mudaria para sempre ao sair de bicicleta como sempre fazia, depois de ajudar a preparar uma festa de Natal em uma capela local.
A sister Taylor e sua companheira, sister Moli, foram atingidas por trás por um carro dirigido por um homem supostamente debilitado. A sister Moli não ficou gravemente ferida, mas sua companheira precisou lutar pela vida.
Uma bênção crucial chegou em meio ao horror, na forma de um bombeiro de folga que estava passando pelo local quando o acidente ocorreu. Por ser experiente, rapidamente ele pulou de seu carro e começou a administrar a ressuscitação cardiopulmonar (CPR) na sister Taylor, provavelmente salvando a vida da jovem missionária, conforme reportou o Newsroom em 2014.
Ela foi levada às pressas para um hospital próximo. Seu cérebro e corpo lesados logo passaram por cirurgias. Seus pais viajaram de Utah para o distante Taiti a fim de ficar com a filha.
O casal Taylor ficou ao lado da cama de Morgan por semanas, até que todos pudessem voltar para os Estados Unidos e continuar o tratamento.
Os cirurgiões em Utah esperavam operar a pélvis fraturada da sister Taylor. Mas duas semanas depois de chegar em casa, os raios-X revelaram que a pélvis havia sido inesperadamente curada.
Anos depois, Taylor-Bijhold, seus pais e muitos outros chamam essa feliz virada de eventos, de um milagre médico.
Logo após retornar a Utah, a atlética jovem estava correndo e até dançando, coisas que ela sempre amou fazer na vida.
Mas mesmo enquanto seu corpo se recuperava na companhia de familiares e entes queridos, seu coração permaneceu firmemente no Taiti. Ela queria voltar para a missão. Suas orações logo foram atendidas. Depois de oito meses em Utah, a sister Taylor retornou à Missão Papeete.
Mais uma vez, ela usava a plaqueta com o nome missionário e estava servindo entre pessoas de todas as origens, incluindo muitas que nunca tinham parado de orar pela jovem americana de sorriso acolhedor.
Sua decisão de voltar ao Taiti também, é claro, permitiu o encontro pessoal inesperado com o idoso, cuja vida havia sido assolada pela culpa.
As palavras de perdão da sister Taylor — refletindo uma decisão que ela havia tomado muito antes de seu breve encontro — trouxeram paz ao homem taitiano e uma doce tranquilidade à jovem de Utah.
O alívio da amargura e do fardo por meio da Expiação
Taylor-Bijold ainda enfrenta desafios diários resultantes do acidente. E todos os dias ela decide se vai ficar feliz ou com raiva.
“Fisicamente, sinto-me bem”, disse ela. “Contudo, tenho alguns problemas muito graves de memória.”
Ela esperava cursar a faculdade de Direito, mas nem sempre consegue reter as informações que se amontoam nas aulas. Ela vê melhora, mas acrescenta: “O cérebro é estranho — [meus médicos] não sabem o que vai acontecer no futuro”.
Então ela conta com técnicas de memorização que aprendeu para lembrar as minúcias do dia a dia.
Taylor-Bijold talvez tenha direito de se sentir amargurada. Ela não pediu por este fardo. Não fez nada para causá-lo. Entretanto, em vez disso, ela optou pela felicidade.
“Sou grata pelo acidente que aconteceu enquanto estava na missão, porque estava cercada pelo evangelho e tentando me aproximar de Cristo todos os dias”, declarou. “Mas nunca estou realmente com raiva. … Tenho frustrações, mas é porque há coisas que não posso fazer.
“Contudo, a melhor coisa que aprendi por causa de tudo isto é que há alguém que sabe exatamente como me sinto. E Ele morreu, então não tenho mais que sentir isto.”
A Expiação, afirmou, permitiu que ela virasse o que chamamos de páginas de sua vida. Cristo tirou seu fardo para que ela possa seguir em frente. E com o passar dos anos, ela não é mais definida — por ela mesma e por outros — “como a missionária que foi atropelada por um carro. A maioria das pessoas não tem ideia.”
Mesmo assim, ela ainda pensa em como lidaria com as consequências do dia a dia daquele acidente, que ocorreu nas vésperas do Natal no Taiti, sem suas crenças religiosas. “Eu não teria me curado. Não teria sido capaz de perseverar.”
E se ela não tivesse optado por perdoar o infrator, mesmo antes dele lhe pedir perdão?
“Eu estaria com um sentimento muito sombrio agora.”
Taylor-Bijold encontra forças ao compartilhar sua experiência e seu testemunho sobre a Expiação do Salvador com outros, incluindo muitos que estão enfrentando dificuldades para perdoar ofensores por alguma injustiça.
Volte-se a Cristo, ela aconselha.
“A coisa mais importante que alguém pode se perguntar é: ‘Você está ajudando a si mesma ao guardar este rancor? Você continua carregando um fardo que já recebeu permissão de abandonar?’”