PROVO, Utah — Em um momento desafiador de interrupção e incerteza, várias frases da era COVID-19 entraram para sempre no léxico da Universidade Brigham Young: Distanciamento social. Conferências pelo Zoom. Aprendizado remoto.
Mas quando a professora de Gestão Pública da BYU, Eva Witesman, reflete sobre os turbilhões de mudanças perturbadoras em curso, ela descobre a esperança nos muitos pequenos atos de bondade dentro da comunidade escolar que são imunes a vírus e pandemias.
“Os alunos têm me enviado e-mails e simplesmente dizem: ‘Oi, estou pensando em você. Sei que é difícil, mas sou muito grato pelas coisas que você está fazendo — então obrigado’”.
Dezenas de milhares de alunos, administradores, funcionários, treinadores e membros do corpo docente da BYU, como Witesman, tiveram sua rotina alterada por conta de uma crise global de saúde pública que mudou temporariamente a forma como a escola, de propriedade da Igreja, ensina, aprende e serve.
As aulas da BYU que estavam sendo lecionadas há algumas semanas na Torre Spencer W. Kimball ou no Edifício David O. McKay, agora estão sendo transmitidas para os alunos que estão se isolando em casas e apartamentos por todo o mundo, através de plataformas de videoconferência online como o Zoom.
E como em outras escolas operadas pela Igreja, a BYU está cumprindo o encargo de educar e inspirar seus mais de 33.000 alunos, graças a uma combinação de capacidade e comprometimento em todo o campus, disse o presidente da escola, Kevin J. Worthen.
“Estou surpreso e grato pela maneira como as pessoas reagiram”, declarou ele ao Church News.
A transição da BYU para a educação remota aconteceu praticamente durante um fim de semana.
“Encerramos as aulas e os cursos na sexta-feira (13 de março) — e na quarta-feira seguinte (18 de março), tudo, com algumas raras exceções, foi transferido para o ensino remoto”, disse o presidente Worthen. “Foi uma tarefa notável.”
O presidente da universidade comentou que a rápida transição sem precedentes para o ensino remoto exigiu a flexibilidade e a cooperação de alunos, professores e administradores — juntamente com os profissionais do escritório de tecnologia da informação da universidade.
Novos capítulos inesquecíveis da história da escola estão sendo escritos quase que diariamente na instituição de 144 anos.
Witesman disse que o maior ajuste que ela fez nas últimas semanas foi se tornar professora de tempo integral de quatro crianças (de 3 a 17 anos), mesmo enquanto realiza suas tarefas diárias da BYU.
“Com certeza, mudar minhas aulas para uma pedagogia online tem sido complicado (…) mas eu já estava familiarizada com o Zoom e o usava regularmente, e minhas turmas já estavam se comunicando eletronicamente via Slack.”
Não é de se surpreender que Witesman e outros professores admitam alguns problemas engraçados durante a transição. Recentemente, antes de começar a sessão de uma aula, ela configurou uma chamada pelo Zoom, esquecendo que já tinha programado uma chamada recorrente.
O resultado: muitos dos alunos de Witesman acabaram em uma chamada diferente de sua professora. Mas eles amavelmente assumiram o controle da situação.
“A ‘outra’ aula continuou sem mim, os alunos fizeram anotações sobre as perguntas que tinham, e então designaram um deles para me enviá-las para que eu pudesse responder a todos.”
Sophie Stephenson, aluna do segundo ano do curso de Relações Públicas, de Salem, Oregon, disse que sente falta da vida no campus. Atividades como torcer nos jogos dos Cougars e apoiar as brincadeiras dos alunos com os amigos, enriquecem sua experiência universitária.
Mas ela não se sente sozinha, agora que suas aulas mudaram para a instrução remota.
“Os professores fizeram um ótimo trabalho mudando para as aulas online”, disse ela. “Não é o ideal, mas tem sido bom.”
Uma comunidade de convênios
Em uma recente mensagem de vídeo, o presidente Worthen falou sobre a BYU permanecendo como uma “comunidade de convênios”, mesmo enquanto os alunos se dispersam pelo mundo.
Para se importar com os outros, não é necessário ter proximidade física.
“Somos abençoados por vivermos em uma era de tecnologia na qual podemos manter contato uns com os outros, mesmo que haja uma distância física”, disse ele. “Isso é uma das coisas que torna esta experiência na BYU singular.”
Witesman é edificada pela empatia que os professores têm mostrado por seus alunos durante a pandemia. Em uma recente reunião do conselho consultivo do corpo docente da BYU e dos administradores da escola, os professores mencionaram muitos desafios da aprendizagem remota.
“Mas a maioria da reunião foi um grupo de professores falando sobre as preocupações que eles tinham sobre os alunos e querendo mais informações sobre como eles poderiam ajudar a apoiá-los durante a transição”, disse ela.
As circunstâncias atuais não durarão para sempre. Um dia, alunos e professores se reunirão novamente nas salas de aula do campus. Fãs e ex-alunos encherão novamente o Estádio Lavell Edwards e outros locais esportivos e torcerão pelos Cougars.
“Quando isto terminar, teremos aprendido as coisas que podemos fazer remotamente”, disse o presidente Worthen. “Mas continuo convencido de que ainda há uma razão para se reunir aqui em Provo, e estou ansioso por esse dia. Contudo, podemos manter nossa comunidade através dos meios que nos são fornecidos, e como pudermos.”
Seguir o profeta: encontrar alegria em qualquer circunstância
O presidente Worthen também está pedindo à comunidade da BYU e a outras pessoas, que se lembrem do conselho do Presidente Russell M. Nelson para ter alegria, independentemente das circunstâncias.
O presidente da Igreja, disse ele, ensina que ser feliz se torna ainda mais importante nas “tragédias e nas farsas”. Mantenham-se focados no Salvador e no Seu evangelho restaurado.
“Podemos ver isso entre nossos alunos e professores que estão, de certa forma, alegremente fazendo ajustes que não são necessariamente convenientes”, compartilhou o presidente Worthen. “Mas eles estão sentindo alegria ao focarem nos outros. Há algo dentro de nós, como filhos espirituais de Deus, que nos dá ‘endorfinas espirituais’ para servirmos os outros, adaptarmo-nos à circunstâncias que nunca previmos e vermos talentos que não sabíamos que tínhamos.”
O presidente Worthen reconhece que a comunidade da BYU mudou para sempre. Será diferente quando os alunos se reunirem novamente com seus professores dentro das salas de aula e de estudo.
Em um nível prático, as lições estão sendo aprendidas diariamente sobre os recursos da educação remota e da tecnologia. Isso vai melhorar a experiência presencial em sala de aula.
“E espero uma compreensão mais profunda da importância de uma comunidade de convênios e do poder da alegria e de sua centralidade para nossa existência”, disse ele.
Stephenson disse que nunca se sentiu tão conectada com seus professores e colegas de classe, apesar da indesejável separação física.
“Meus professores falam sobre ajudar aqueles que estão tendo dificuldades”, disse ela. “E em outras ocasiões, falam sobre fé e como seu amor pelo evangelho os está ajudando a superar este período.”
Witesman acrescentou que voltará à sua tradicional sala de aula da BYU, uma professora diferente e uma pessoa diferente por causa de suas experiências com a pandemia e com o aprendizado remoto.
“Esta tem sido uma oportunidade incrível para fazer uma avaliação do que é mais importante: Quais são os traços mais importantes do meu caráter? Quais são as peças mais importantes do meu trabalho? O que é mais importante resolver em casa?
E então, ser capaz de juntar todas essas peças de uma maneira nova com um novo começo, é emocionante para mim. Espero que quando todos superarmos isto, aquele sentimento de priorização me permita ser um ser humano mais completo e gracioso. E espero que eu leve isso para meu trabalho na BYU.