Santos dos últimos dias em todo o mundo fazem convênios e participam das ordenanças dos templos em quase 100 idiomas. O Templo de Mesa Arizona foi o primeiro a oferecer ordenanças em um idioma além do inglês, com a disponibilização da língua espanhola há 76 anos, quando o edifício sagrado era conhecido como Templo do Arizona.
Presidente Dallin H. Oaks, primeiro conselheiro na Primeira Presidência de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, disse que a participação no templo não deve ser limitada pelo idioma.
“Tenho certeza de que o Senhor deseja que os templos estejam disponíveis para todos os Seus filhos, seja qual for o idioma de cada um deles”, disse ele. “Este templo foi o primeiro a oferecer as bênçãos e as ordenanças em um idioma além do inglês.”
Presidente Oaks rededicou o templo de Mesa no domingo, dia 12 de dezembro, após uma longa reforma no edifício e nos jardins. O templo foi dedicado originalmente no dia 23 de outubro de 1927, pelo Presidente Heber J. Grant.
Proporcionar a oportunidade de adorar no templo em idiomas diferentes é uma maneira de ajudar os santos a sentirem que fazem parte da família eterna do Pai Celestial. Os filhos de Deus representam “culturas diversas com muitos idiomas e circunstâncias diferentes”, disse Presidente Oaks. “Mas quando vamos ao templo, todos nos vestimos de branco. Somos indistinguíveis pelas roupas que vestimos.”
Presidente Oaks disse que os santos dos últimos dias são iguais — filhas e filhos de Deus — quando frequentam o templo.
“As ordenanças, os convênios e as bênçãos são os mesmos para pessoas de qualquer idioma, cultura, estado civil, idade ou cidadania”, disse ele. “O templo é uma influência unificadora para todos os filhos de Deus, nos lembrando de que a cultura à qual pertencemos é a cultura do evangelho de Jesus Cristo.”
A acessibilidade é mais do que um idioma
O acréscimo de novos idiomas à experiência de adoração no templo é um passo para ajudar mais pessoas a fazerem convênios do templo com o Pai Celestial. Contudo, Élder Gerrit W. Gong, do Quórum dos Doze Apóstolos, também destacou outro aspecto importante da adoração no templo — a acessibilidade física.
“A aproximação dos templos aos filhos de Deus em toda a Terra é uma manifestação do amor do Pai Celestial por todos os seus filhos”, disse ele. “As ordenanças e os convênios do templo nos aproximam de Jesus Cristo, oferecendo inspiração e proteção, à medida que centralizamos nossa adoração e serviço no templo em nosso Salvador Jesus Cristo e em servir a Seus filhos em ambos os lados do véu.”
A irmã Susan L. Gong, que acompanhou seu esposo durante o fim de semana de rededicação, acrescentou: “Todos os templos são especiais, mas a história deste é muito rica e gloriosa por incluir os filhos de Deus de vários lugares diferentes.”
Lágrimas de alegria por entes queridos
Élder Paul B. Pieper, Setenta Autoridade Geral e presidente da Área América do Norte Sudoeste da Igreja, cresceu em Idaho, mas tem laços estreitos com o Templo de Mesa Arizona devido à capacidade de oferecer ordenanças na língua espanhola. Ele aceitou de bom grado a designação de participar dos eventos da rededicação do templo.
Após sua missão quando jovem, Élder Pieper teve a oportunidade de frequentar o templo em Mesa com algumas das famílias que viu aceitarem o evangelho no México.
“Por ter servido minha missão no México, assim como na presidência de área de lá, sei quanto poder foi conferido ao país por causa do que aconteceu aqui”, disse ele.
Ao ver esses membros frequentarem o templo pela primeira vez, os olhos de Élder Pieper se encheram de lágrimas, recordou ele. Ele disse que a alegria por trás dessas lágrimas pode ser compreendida por outras pessoas que viram alguém que amam entrar no templo pela primeira vez.
Os santos do México não foram os únicos a se beneficiarem da oportunidade de receberem a investidura e participarem de outras ordenanças do templo em seu idioma nativo.
Membros da América Central e do Sul começaram a organizar viagens ao Arizona quando a oportunidade de participar do templo em espanhol se tornou disponível. Por décadas, o templo também foi o preferido dos santos dos últimos dias em todas as regiões sul e sudoeste dos Estados Unidos.
Ser o primeiro não é fácil
Élder Pieper compartilhou a história de Udine Falabela, da Cidade da Guatemala, Guatemala. Quando sua esposa, Leonor, faleceu em 1955, Falabela descreveu seu casamento como “puro e santo”. Sete anos após o falecimento de sua esposa, ele aprendeu sobre o evangelho restaurado de Jesus Cristo e a doutrina do casamento eterno.
Ele queria ter uma maneira de permanecer casado com ela por mais tempo do que eles passaram juntos nesta Terra e sabia que, para que isso acontecesse, teria que ser selado a ela no templo. Ser selado beneficiaria, não apenas sua falecida esposa e ele, mas também seus quatro filhos.
Em 1964, o irmão Falabela foi chamado para servir como presidente de distrito. Terrence Hansen, presidente da missão na Guatemala na época, pediu ao recém-chamado presidente Falabela que identificasse a primeira coisa que ele faria em seu novo chamado. Sua resposta foi imediata.
“Irei ao templo.”
Embora a resposta tivesse vindo rapidamente, o processo demoraria um pouco mais.
Os santos da Guatemala não tinham dinheiro para viajar, não tinham onde se hospedar e não podiam se ausentar do trabalho que sustentava suas famílias.
Com inspiração, criatividade e muito trabalho, aqueles que desejavam ir ao templo fizeram de tudo para chegar à Mesa.
Em 1972, a revista Ensign publicou uma história [em inglês] sobre a viagem, seus desafios e suas recompensas. O artigo citou Presidente David O. McKay dizendo aos santos dos últimos dias da Guatemala, que fizeram essa primeira viagem, que seus esforços abriram os olhos dos líderes da Igreja para a possibilidade de oferecer as ordenanças do templo em outros idiomas.
“Foi devido à sua fidelidade e diligência que nos sentimos inspirados a proporcionar a outras pessoas, a oportunidade de receber essas bênçãos”, disse Presidente McKay.
Agora, graças aos recursos de tecnologia e tradução, as ordenanças do templo podem ser oferecidas em quase 100 idiomas, em praticamente todos os 170 templos da Igreja.
Retornando a uma âncora espiritual
A primeira viagem do presidente Falabela a Mesa deu início a um padrão seguido por outros membros na Guatemala e em outros países da América Central e do Sul.
Silvia Alvarez, também da Cidade da Guatemala, recorda ter viajado a Mesa décadas atrás, aos 10 anos de idade, para ser selada a sua família. Nos últimos dois anos, ela se mudou para o Arizona e serve no templo em Mesa.
Durante a recente visitação pública do templo, Alvarez mencionou que desejava ter a oportunidade de conhecer um apóstolo um dia. Ela orou e perguntou ao Pai Celestial se poderia conhecer um apóstolo pessoalmente. O tempo passou e ela se contentou com o fato de que, talvez, seu desejo não fosse o que Ele havia planejado para ela.
Porém, quando um longo dia de visitação pública estava chegando ao fim, ela disse que Élder Gong estava entrando no templo e parou para cumprimentá-la.
“Ele me perguntou: ‘Você está feliz agora?’ Eu respondi: ‘Sim, estou muito feliz agora’”, disse ela, relatando a experiência nos jardins do templo no dia da rededicação em 12 de dezembro.
Seu desejo havia se tornado realidade. “O Senhor responde às nossas orações”, disse ela, “quando somos fiéis e servimos a Ele”.
O sentimento é o mesmo
Os santos dos últimos dias em todo o mundo vivem em circunstâncias que não podem ser facilmente comparadas. A cultura, a comida, a política e o clima diferem de um lugar para outro e de pessoa para pessoa. Mas os templos se encontram em uma categoria diferente.
Leda Goodwin mora nos Estados Unidos há quatro anos e se mudou de seu lar na Venezuela para Mesa.
“Estar aqui no templo é a coisa mais linda que existe”, disse Goodwin nos jardins do templo de Mesa, enquanto servia com Alvarez coletando os protetores de sapatos após a primeira sessão de domingo.
“Na Venezuela, tínhamos apenas um templo, que ficava a cinco ou seis horas de distância e era de difícil acesso”.
Mas quer o templo esteja a horas de distância ou simplesmente na mesma rua, cada um deles tem o mesmo propósito e sentimento.
“Servir no templo tem sido uma bênção imensa para mim e minha família”, disse Goodwin. “Aqui, sentimos um espírito especial. Em todos os templos, sentimos esse mesmo espírito especial.”
Servir ao lado de quem fala um idioma diferente destacou esse sentimento para Goodwin.
“Não importa que não falemos a mesma língua”, disse ela. “Todos nós sentimos a mesma coisa. O sentimento que temos é exatamente o mesmo.”