Reunida virtualmente com líderes ilustres em todo o mundo no Dia Internacional da Mulher, para celebrar a resiliência e engenhosidade das mulheres na diplomacia, a minha presidente geral da Sociedade de Socorro, Jean B. Bingham, elogiou as mulheres por sua força no ano passado.
“Algumas de vocês perderam entes queridos, outras passaram por maior ansiedade ou depressão e algumas estão lidando com os efeitos financeiros — todos eles problemas que podem sobrecarregar nossa saúde mental e física”, comentou. “Tiro o chapéu a todas — ou melhor ainda, inclino minha cabeça em reverência a todas — por tudo que vocês estão fazendo nesses tempos difíceis.”
Uma das vantagens da pandemia COVID-19 foi ter tempo para refletir sobre como os recursos estão sendo gastos e redescobrir as paixões que “nos trouxeram até o patamar onde estamos hoje”, ponderou a presidente Bingham.
“De mulher para mulher, regozijo-me em nossa visão compartilhada de ajudar a melhorar a vida das mulheres, não importa onde vivamos.”
O discurso inaugural da presidente Bingham deu início ao 5º Simpósio Anual do Dia Internacional da Mulher na Diplomacia, na segunda-feira, 8 de março de 2021, organizado por Mame T. Mbaye, Cônsul Geral Honorária do Senegal em Los Angeles. O evento também incluiu painéis de discussão com diplomatas, líderes empresariais entre outros, sobre como melhorar os desafios que as mulheres enfrentam em todo o mundo.

Representando a organização da Igreja que congregra 7,5 milhões de mulheres em 220 países, a líder geral da Sociedade de Socorro enfatizou sua crença de que “cada mulher e menina nesta terra é uma filha amada de Deus.”
“Essa crença me dá esperança de que as circunstâncias que oprimem a tantas mulheres possam ser superadas ao nos lembrarmos de nossa origem comum”, afirmou a Presidente Bingham. “Minha fé no poder da bondade me leva avante com otimismo.”
Carência de educação formal
A presidente Bingham reconheceu que um dos maiores obstáculos para o sucesso e felicidade é a carência de educação formal, especificamente a incapacidade de se ler e escrever.
Aproximadamente 14% da população mundial é analfabeta e dois terços dos analfabetos são mulheres, observou. Apenas 39% dos países do mundo oferecem oportunidades iguais de educação para meninos e meninas.
Um estudo do Citi Global Perspectives & Solutions em cooperação com a Plan International relatou que atingir 100% das taxas de conclusão do ensino médio para meninas até 2030, por meio de uma série de intervenções, poderia aumentar o PIB nas economias emergentes em uma média de 10% — e com retornos econômicos ainda maiores após 2030.
Os benefícios de se educar e capacitar meninas são mais abrangentes para suas famílias e comunidades, indicou o relatório. Melhorar a educação e a saúde das meninas leva a “uma diminuição nas taxas de mortalidade …, custos de saúde reduzidos, crianças mais saudáveis e mais bem formadas, e pode também ajudar a reduzir a pobreza entre gerações.”

Os autores deste estudo apelaram à cooperação entre governos, ONGs, a comunidade financeira e o setor privado, disse a presidente Bingham. “Eles entendem que o verdadeiro propósito da educação não é ‘encher um balde de conhecimento’ mas, ao invés disso, é acender uma chama.”
A presidente Bingham destacou a iniciativa de Alfabetização do Evangelho da Igreja, como um exemplo de como abordar a questão da educação.
O objetivo do programa — que começou na África Ocidental e está se expandindo para outras áreas — é ajudar as mulheres a adquirir habilidades suficientes para poderem ajudar seus próprios filhos em sua escolaridade e ter educação suficiente para servirem como professoras ou líderes em suas congregações locais, esclareceu em seu discurso.

Ela contou a história de uma mulher que conheceu, Martha Lusenie Kongoley, que foi forçada a abandonar a escola antes de aprender a ler ou escrever porque seus pais não conseguiam pagar as taxas escolares. Como jovem mãe, Martha precisava ganhar dinheiro para comprar comida para seus filhos. Ao se inscrever no programa de Alfabetização do Evangelho, ela adquiriu as habilidades e a confiança necessárias para começar um pequeno negócio de colheita de castanhas.
“Ela também aceitou o convite para servir como mentora de adolescentes em sua congregação. Seu exemplo é motivador para as meninas que testemunharam a transformação que ocorreu na vida de Martha”, comentou a presidente Bingham, mostrando uma foto de Martha segurando seu cartão de eleitora que recebeu após ser aprovada em seu teste de cidadania.

Além de passar algum tempo em Serra Leoa e Gana, a presidente Bingham teve a oportunidade de ajudar outras mulheres a aumentarem suas competências de alfabetização, incluindo uma mulher refugiada do Afeganistão e sua filha adulta que se mudaram para Salt Lake City, Utah, e que a irmã Bingham acompanhou como mentora durante os últimos 10 anos.
“Repetidamente, em minha vida profissional e pessoal, tenho visto mulheres se empoderarem quando recebem — e abraçam — a oportunidade de se educarem.”
‘Valem a pena em nossa luta’
O analfabetismo, a pobreza e a violência de gênero nunca serão ultrapassados até que homens e mulheres, juntos, enfrentem as atitudes culturais negativas, comentou a presidente Bingham.
Ela citou a ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, que afirmou no Dia Internacional da Mulher em 2016 que “… as barreiras para a educação das meninas não são apenas os recursos. Não se trata apenas do acesso a bolsas de estudo, transporte ou banheiros escolares. Tem também a ver com as atitudes e crenças — a crença de que meninas simplesmente não são dignas de uma educação.”
A presidente Bingham disse que reconhece “a necessidade profunda” de sevvalorizar o que as mulheres trazem à mesa comunal e, embora o caminho a percorrer esteja cheio de obstáculos, as mudanças ocorridas na sociedade em torno da educação das mulheres e meninas “valem absolutamente a pena em nossa luta.”
“Sei que o poder de boas mulheres e bons homens trabalhando juntos pode criar oportunidades onde antes haviam limitações. … Sei do poder existente em uma comunidade que decide proteger e capacitar seu recurso mais vulnerável e mais valioso — as futuras gerações.”

Ela repetiu as palavras da sufragista e uma das primeira presidentes da Sociedade de Socorro, Emmeline B. Wells: “Eu acredito nas mulheres, especialmente nas mulheres que pensam.”
A presidente Bingham concluiu seus comentários expressando gratidão àqueles que procuram proporcionar às mulheres em todo o mundo, segurança, recursos e oportunidades. Ela também fez um convite à ação.
“É minha esperança fervorosa que cada um de nós aceite o desafio de nos comprometermos novamente com o fortalecimento de nossas comunidades e sociedades”, afirmou. “Como líderes, estamos em uma posição única para influenciar aqueles que criam as políticas que abrirão as portas à educação das mulheres e meninas.
“Faço um convite a cada uma de nós para alavancarmos as posições privilegiadas que possuímos para criarmos mais oportunidades a nossas irmãs em todo o mundo. Que tenhamos a coragem e sabedoria para assim fazer, com urgência e eficácia.”