Em 2018, a irmã Sharon Eubank visitou um centro de comando de coordenação de assistência pós-desastre dirigido pela Igreja após um incêndio florestal fatal ter incinerado grande parte da cidade de Paradise, Califórnia, e outras comunidades vizinhas.
O centro de comando foi dirigido por um presidente de estaca que trabalhou incessantemente para servir às pessoas que ficaram desalojadas por conta das chamas. Ela logo descobriu que esse dedicado presidente de estaca era uma vítima do incêndio florestal. Ele também havia perdido sua casa no incêndio.
Mas, apesar de suas próprias dificuldades e temores, ele continuou a servir.
“Ele não estava servindo por causa de uma designação ou por interesse pessoal, mas pelo espírito comunitário e pelo amor fraternal, e porque ama o lugar onde mora”, disse a irmã Eubank. “Esse exemplo de sacrifício é o que impulsiona este tipo de trabalho — e o que nos une como seres humanos.
“É a única coisa boa que surge de um desastre.”
A irmã Eubank, primeira conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro e diretora do Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias, compartilhou essa memória marcante na segunda-feira, dia 26 de abril, durante um painel de debate com legisladores e representantes de várias organizações religiosas de assistência pós-desastre.
Os participantes se reuniram virtualmente para discutir qual é a melhor forma de atender às pessoas afetadas por um desastre e, ao mesmo tempo, auxiliar os líderes estaduais da Califórnia a estarem mais preparados para uma resposta eficaz a desastres.
Os californianos têm enfrentado várias crises nos últimos anos — incluindo os grandes incêndios florestais, os terremotos e a atual pandemia de COVID-19. O consenso dos participantes foi que os relacionamentos de confiança estabelecidos entre líderes religiosos e comunitários são essenciais para ajudar as pessoas afetadas por tais desastres.
Os participantes do painel da segunda-feira concordaram que o momento ideal para as organizações religiosas de assistência humanitária estabelecerem uma associação com os líderes governamentais não é após os terremotos, os incêndios florestais, as pandemias ou outros desastres.
Em vez disso, as parcerias estabelecidas muito antes da ocorrência de um desastre ajudam a aliviar o sofrimento.
A irmã Eubank observou que a Igreja é a segunda maior denominação religiosa na Califórnia com quase 1.200 congregações. A Igreja também possui um longo histórico de ajuda humanitária no “Estado Dourado” que teve início na época da corrida do ouro na Califórnia.
“Um dos seus primeiros projetos de grande escala foi providenciar alimentos após o terremoto e o incêndio de 1906 em San Francisco”, disse ela.
A Igreja e outras organizações religiosas, disse Ken Cooley, membro da Assembleia da Califórnia, continuam sendo essenciais aos esforços de assistência pós-desastre. “Quando algo ruim acontece, elas são geralmente as primeiras a entrarem em cena — e as últimas a saírem.”
Em seus comentários iniciais, a irmã Eubank identificou cinco questões orientadoras que ancoram a abordagem voluntária da Igreja de resposta a desastres:
1. A atividade de resposta da Igreja está de acordo com os planos e as prioridades estratégicas do governo local?
Os Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias não possuem seus próprios interesses, disse ela. A coordenação da Igreja com os oficiais locais é indispensável para que os esforços não sejam duplicados. Tal coordenação é o elemento central de toda resposta a desastres.
2. De quais atividades os beneficiários participarão?
“O instinto humano é poupar as pessoas que perderam tudo em um desastre”, disse ela. “Mas os especialistas em saúde mental compartilham os benefícios de envolvê-los no trabalho. Isso os ajuda a processarem sua perda e sentirem a amizade e o apoio de outras pessoas ao seu redor.”
3. Como os voluntários da comunidade estarão envolvidos?
As respostas de emergência que solicitam voluntários de várias comunidades para trabalharem juntos podem ser maneiras “extremamente eficazes” de se diminuir o preconceito e unir as pessoas, disse ela. Esse é o lado positivo de todo desastre.
4. A atividade é sustentável?
Uma solução específica deve resolver problemas semelhantes quando eles surgirem novamente. “É um paliativo?”, perguntou ela, “ou ataca o problema pela raiz?
5. E finalmente, é uma solução local que pode ser replicada por pessoas e recursos locais?
Abordar as necessidades a longo prazo é essencial à recuperação, acrescentou a irmã Eubank.
A cobertura de notícias de um desastre específico acaba diminuindo, e os recursos de emergência logo são redirecionados para outros desastres. Mas as congregações locais, disse ela, podem ajudar as pessoas afetadas por desastres em suas próprias comunidades, “com necessidades de emprego e de resiliência emocional… e fazer uso das pontes que construímos para que possamos ser mais fortes.”
Andres Molina, diretor da Catholic Charities of California [Caridades Católicas da Califórnia], repetiu a crença da irmã Eubank sobre a importância que as congregações locais têm de ajudarem seus vizinhos com sua recuperação a longo prazo.
“Tentamos ajudar as nossas congregações a estabelecerem projetos sustentáveis”, disse ele.
John Jackson, Presidente da Universidade William Jessup, observou que a comunicação e a confiança entre as organizações humanitárias cívicas e religiosas é essencial. “Todos nós precisamos estar em sintonia quando ocorre um desastre”, disse ele durante o painel de debate.
Mike Bivins, que dirige o escritório de assistência pós-desastre da Igreja Batista da Califórnia, enfatizou a importância da comunicação eficaz entre as organizações religiosas e as comunidades as quais servem.
Apesar das diferenças doutrinárias que separam as organizações religiosas de assistência humanitária, todas elas têm um objetivo em comum: aliviar o fardo dos necessitados.
Há apenas um requisito para receber assistência, disse Molina. “Ter uma necessidade não atendida.”