Com as cortinas fechadas para o Espetáculo do Monte Cumora, a Igreja se dedicará a um projeto de longo prazo para recuperar e preservar o sagrado local histórico.
No dia 11 de junho, em suas considerações durante a 56ª Conferência Anual da Associação de História Mórmon, Élder LeGrand R. Curtis Jr. destacou o significado histórico do Monte Cumora para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e descreveu planos para restaurar o local e torná-lo mais semelhante ao que Joseph Smith vivenciou lá no início do século XIX.
O Monte Cumora é um “drumlin” — uma colina pequena e baixa — localizada em Manchester, Nova York, onde Joseph Smith se encontrou um vez por ano, durante quatro anos, com o anjo Morôni e foi, eventualmente, encarregado das placas de ouro e sua tradução para o que é hoje conhecido como o Livro de Mórmon.
“No Departamento de História da Igreja, somos gratos por esta oportunidade de focar nossa atenção na preservação deste local histórico sagrado, para que futuras gerações possam conhecer o lugar onde Joseph Smith foi cuidadosamente ensinado e preparado para seu papel profético, por meio de repetidas visitações angelicais”, disse Élder Curtis, Setenta Autoridade Geral e registrador e historiador da Igreja.
Barbara Jones Brown, diretora executiva da Associação Histórica Mórmon, disse que o anúncio da sexta-feira referente ao local histórico de Nova York, seria apresentado durante a conferência da associação no ano de 2020, em Rochester, Nova York. Infelizmente, a pandemia de COVID-19 levou ao cancelamento da conferência de 2020 e à realização da conferência de 2021 em Park City, Utah, ao invés de Nova York.
Em sua palestra, Élder Curtis observou que o projeto de recuperação do Monte Cumora segue a reforma anterior feita no Bosque Sagrado, localizado em Palmyra, a pouco mais de 6 km ao norte, onde a Igreja tomou medidas cuidadosas na tentativa de proporcionar um lugar de reverência e reflexão.
O projeto no Monte Cumora terá três elementos principais, explicou Élder Curtis:
- Remover a infraestrutura do espetáculo e outras instalações sem valor histórico.
- Recuperar a paisagem.
- Atualizar a mensagem do significado histórico e sagrado do monte.
O processo de recuperação
Durante muitos anos, à medida que a popularidade do Espetáculo do Monte Cumora cresceu, o mesmo aconteceu com sua infraestrutura. Na década de 1960, o número de palcos usados para apresentação aumentou para 25, o que exigiu a retirada de 150 árvores. Em razão disso, foram adicionadas ao local 10 torres de iluminação, oito km de cabos necessários para iluminação e efeitos especiais, uma estrutura de controle utilizada para operar os efeitos especiais, bem como o sistema de som do espetáculo; uma estrutura elétrica, dois galpões de armazenamento, dois prédios com banheiros usados por membros do elenco, banheiros separados para o público; um local para os trajes, um prédio para o elenco trocar de roupa, com um pavilhão aberto anexo; um prédio administrativo, um local de descanso, conhecido como o “abrigo de estudo”; uma cozinha industrial usada para alimentar o elenco e membros da equipe, e caminhos de concreto que ligam todas essas estruturas.
A primeira ação para recuperar o Monte Cumora incluirá a retirada de 21 prédios não históricos e mais de 37 mil m2 de ruas feitas de asfalto e brita, áreas de estacionamento e caminhos que levam ao espetáculo. O centro de visitantes, ao pé do monte, e o Monumento do Anjo Morôni, no topo dele, permanecerão onde estão.
Em seguida, a área será reflorestada com milhares de sementes de árvores nativas. “Com o tempo, estas sementes crescerão até se tornarem uma floresta desenvolvida, semelhante à floresta que visitantes podem hoje apreciar em outras partes no monte”, disse Élder Curtis.
É importante entender, continuou Élder Curtis, que foram 80 anos de acúmulo de infraestrutura para o espetáculo. “De modo semelhante, o monte levará muitos anos para voltar a ser uma área florestal. Este processo de reflorestamento exigirá paciência e um compromisso a longo prazo, conforme a transformação acontece, mas estamos confiantes de que a meta principal de recuperar este cenário sagrado da Restauração valerá toda a espera”, disse ele.
Em meio aos esforços de reflorestamento, a Igreja também criará uma rede acessível de trilhas. No início da trilha principal haverá um quiosque que fornecerá informações sobre os eventos sagrados que ocorreram no monte e um mapa das trilhas. Cada trilha, por fim, levará os visitantes ao Monumento do Anjo Morôni, no cume do monte.
A estátua do anjo Morôni será redourada e a paisagem ao redor do monumento será renovada com plantas nativas. Diversas novas exibições serão instaladas no centro de visitantes até 2023, a tempo do bicentenário da primeira visita de Joseph Smith ao local.
“Estes novos materiais interpretativos são projetados para ajudar os visitantes a aumentarem sua compreensão e apreciação pelo modo como o jovem Joseph Smith foi ensinado e preparado para sua missão como o Profeta da Restauração”, disse Élder Curtis.
Honrando o espetáculo
Em suas considerações, Élder Curtis destacou a importante história do Espetáculo do Monte Cumora e seu legado como uma ferramenta missionária eficaz.
“Nos últimos 80 anos, o espetáculo ajudou milhões de visitantes a saberem mais sobre o Livro de Mórmon e a Restauração”, disse. “Assim como os eventos sagrados da Restauração que ocorreram no monte na década de 1820, o espetáculo representa um outro importante capítulo na história do envolvimento da Igreja com o Monte Cumora. Também ocupa um lugar importante no coração dos muitos conversos que foram apresentados à Igreja através do evento.”
Élder Curtis relembrou que assistiu ao espetáculo pela primeira vez quando tinha 11 anos de idade e voltou, décadas depois, com seus próprios filhos. “Este espetáculo criou lembranças maravilhosas para muitos, muitos membros.”
No entanto, ele mencionou que as opções de entretenimento mudaram ao longo dos anos. Espetáculos, como uma forma de arte, estão menos populares. Em 1983, o comparecimento anual ao evento ultrapassou 200.000. Em 2011, entretanto, o comparecimento caiu para 30.000, embora em 2019, o último ano de apresentações do espetáculo, ele tenha recebido, aproximadamente, 42.000 pessoas.
Élder Curtis citou a declaração oficial, publicada em outubro de 2018, quando a Igreja desencorajou grandes produções como aqueles espetáculos.
Logo após a declaração de outubro de 2018, foi anunciado que o Espetáculo do Monte Cumora seria totalmente suspenso depois de uma apresentação final no verão de 2020. Em abril de 2020, a Igreja anunciou que o Espetáculo do Monte Cumora havia sido adiado, em razão das restrições da COVID-19, com as apresentações finais tentativamente reagendadas para julho de 2021. O plano para 2021 também foi cancelado por motivos de precaução relacionados à pandemia.
“Reduzir grandes produções como o Espetáculo do Monte Cumora possibilita que a Igreja concentre seus esforços em programas e atividades que abençoem a vida de todos os seus membros em todo o mundo”, disse Élder Curtis.
A Igreja organizará um devocional comemorativo no dia 9 de julho de 2021, às 18h (horário de Salt Lake City). O evento incluirá os comentários de Élder D. Todd Christofferson, do Quórum dos Dozes Apóstolos, e uma retransmissão do último Espetáculo do Monte Cumora.
É normal ter a sensação de perda quando algo duradouro e estimado chega ao fim, Élder Curtis admitiu. “É importante, contudo, lembrarmos que a suspensão do espetáculo e o subsequente projeto para recuperar o Monte Cumora são apenas algumas das muitas mudanças dos últimos anos pelas quais este local sagrado da Restauração tem passado. Onde uma porta se fecha, outra se abre, levando à oportunidade única de reconquistar e preservar o cenário sagrado de alguns dos mais importantes eventos espirituais e fundamentais da Restauração.”
Fortalecer a fé da Restauração
Élder Curtis garante que os membros que conhecerem o cenário sagrado e recuperado do Monte Cumora fortalecerão sua fé e testemunho pessoal da Restauração. “Esperamos que o revitalizado Monte Cumora incentive estes visitantes a se lembrarem e darem graças por tudo que o Senhor fez para nos abençoar através de Sua Igreja e evangelho restaurados em nossos dias.” O anúncio do projeto do Monte Cumora surge apenas duas semanas depois da conclusão de outro projeto de preservação: Élder Quentin L. Cook, do Quórum dos Doze Apóstolos, dedicou o Distrito do Templo de Nauvoo, a área a oeste do Templo de Nauvoo Illinois, no sábado, 29 de maio.
Durante o evento, Steven Olsen, curador sênior dos locais históricos da Igreja, disse ao Church News que os locais históricos “são os testemunhos materiais mais poderosos da Restauração” que a Igreja tem.
Em um artigo para o Church News de janeiro deste ano, Ben Pykles, curador dos locais históricos da Igreja, explicou que o propósito de uma visita a qualquer local histórico — do Bosque Sagrado e Monte Cumora, em Nova York, ao local Histórico do Batalhão Mórmon em San Diego, Califórnia — é proporcionar uma compreensão da importância e santidade do lugar e convidar o Espírito a testificar que o que aconteceu nestes lugares é real. “É por isso que desejamos compartilhá-los com todo o mundo”, disse ele.