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Vanessa Fitzgibbon: Estar no mundo sem ser do mundo

Estátua do Cristo Redentor, Rio de Janeiro, Brasil. Crédito: Vanessa Fitzgibbon
Pôr de sol em uma rua de Cidade de Deus, Rio de Janeiro, 2007. Crédito: Vanessa Fitzgibbon
Uma das muitas vistas a partir da estátua do Cristo Redentor, no morro do Corcovado, Rio de Janeiro, Brasil. Crédito: Vanessa Fitzgibbon
Uma das muitas vistas da cidade do Rio de Janeiro, a partir da estátua do Cristo Redentor no morro do Corcovado, Rio de Janeiro, Brasil. Crédito: Vanessa Fitzgibbon
Uma das muitas vistas da cidade do Rio de Janeiro, a partir da estátua do Cristo Redentor no morro do Corcovado, Rio de Janeiro, Brasil. Crédito: Vanessa Fitzgibbon
Jovens de uma ala do Rio de Janeiro, Brasil, em fevereiro de 2007. Crédito: Vanessa Fitzgibbon
Uma das muitas vistas da cidade do Rio de Janeiro, a partir da estátua do Cristo Redentor no morro do Corcovado, Rio de Janeiro, Brasil. Crédito: Vanessa Fitzgibbon
Uma das muitas vistas da cidade do Rio de Janeiro, a partir da estátua do Cristo Redentor no morro do Corcovado, Rio de Janeiro, Brasil. Crédito: Vanessa Fitzgibbon
Estátua do Cristo Redentor, Rio de Janeiro, Brasil. Crédito: Vanessa Fitzgibbon
Uma das muitas vistas da cidade do Rio de Janeiro, a partir da estátua do Cristo Redentor no morro do Corcovado, Rio de Janeiro, Brasil. Crédito: Vanessa Fitzgibbon

Enquanto trabalhava como professora universitária, frequentemente era convidada a dar palestras especiais sobre minha área de especialização, a qual incluía uma pesquisa abrangente das favelas brasileiras, em particular, a Cidade de Deus, localizada no Rio de Janeiro.

Para melhor me preparar para minha primeira palestra há quase 15 anos, tive o desejo de ver aquela realidade com meus próprios olhos, a qual conhecia apenas através de livros e filmes. Depois de planejar cuidadosamente por vários meses, retornei ao meu país natal, o Brasil, e marquei uma visita à Cidade de Deus.

Em meu primeiro dia lá, fui acompanhada por representantes de uma Organização Não-Governamental (ONG), pois o código de segurança das favelas não permitia a entrada de “estrangeiros” desacompanhados. Imediatamente compreendi que eu era uma “estrangeira” naquele mundo, e representava uma verdadeira ameaça à segurança de seus moradores.

Porém, desde meu primeiro passo lá, vi e senti algo muito diferente daquilo que havia encontrado em minha pesquisa. Descobri pessoas de todas as idades com uma fé inigualável, tentando dar uma vida melhor para suas famílias.

Sim, encontrei a violência retratada nos jornais, livros e filmes. Entretanto, exemplos de fé, esperança e perseverança eram muito mais evidentes e fortes do que tudo mais.

Tive a oportunidade de retornar à comunidade no dia seguinte, acompanhada por um bispo local. Entrevistei alguns membros da Igreja, inclusive jovens de uma ala daquela área. Como parte de minha pesquisa, queria conhecer e procurar compreender como aqueles jovens viam o mundo ao seu redor, seus medos, sonhos e, mais do que tudo, o papel do evangelho em uma vida rodeada pela pobreza, violência e crime.

Jovens de uma ala do Rio de Janeiro, Brasil, em fevereiro de 2007.
Jovens de uma ala do Rio de Janeiro, Brasil, em fevereiro de 2007. | Crédito: Vanessa Fitzgibbon

Conversei com moças e rapazes durante uma atividade na capela. Todos, sem exceção, tinham um sorriso lindo e contagiante, assim como uma esperança e fé concretas de que, um dia, seriam capazes de ajudar a sua e outras comunidades carentes.

Ao voltar ao local no meu terceiro e último dia, havia planejado visitar algumas famílias, cujos filhos havia conhecido na noite anterior. Entretanto, as ruas estavam vazias e pude perceber um sentimento de medo ao meu redor. Soube então que um crime terrível havia ocorrido na noite anterior naquela vizinhança, impedindo assim que alguns jovens voltassem para casa por questões de segurança.

Perguntei então ao pai de um dos rapazes, por que ele mantinha sua família naquele lugar “horrível” e não os levava para longe de toda aquela violência.

Sua resposta foi simples. “O Senhor trabalha de dentro para fora”, disse ele, parafraseando Presidente Ezra T. Benson: “O mundo opera de fora para dentro. O mundo procura tirar as pessoas das favelas. Cristo tira a favela das pessoas, e então eles tiram a si mesmos das favelas.”

Ele ainda acrescentou: “Irmã, este é o meu lar onde nasci e criei minha família. Estamos na favela mas a favela não está dentro de nós.”

Sentindo-me um pouco envergonhada por minhas pressuposições, percebi em seus olhos e em suas palavras um tipo de fé e esperança em Cristo, poucas vezes encontradas nas pessoas.

Ao deixar o Rio de Janeiro alguns dias depois, olhei mais uma vez para a majestosa estátua do Cristo Redentor, com seus braços abertos, e não tive a menor dúvida de que Cristo estava cuidando daqueles fiéis membros.

Pôr de sol em uma rua de Cidade de Deus, Rio de Janeiro, 2007.
Pôr de sol em uma rua de Cidade de Deus, Rio de Janeiro, 2007. | Crédito: Vanessa Fitzgibbon

Aquele bom irmão, desempregado há mais de seis meses e lutando para pôr comida em sua mesa, compartilhou comigo seu maior tesouro – sua fé em Cristo, vindo de seu puro coração e testemunho do evangelho.

Ele literalmente vivia as palavras do Salvador: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.” (Mateus 6:19-20).

Em sua jornada mortal, Jesus Cristo não procurou por reis, palacetes, ou riquezas. Ele esteve entre os humildes e puros de coração, ensinando que todos somos filhos de um Deus que nos ama e que “não faz acepção de pessoas” (Atos 10:34).

A luz, paz, ensinamentos e conforto espirituais de Cristo estão disponíveis a todos nós, independentemente de nosso status social, de onde moramos, do que somos ou fazemos, pois o Senhor prometeu àqueles que O procuram e correm em direção à Sua luz: “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus” (Mateus 5:8). 

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