A declaração de Joseph Smith, “Eu ensino princípios corretos e eles governam a si mesmos”, é uma verdade que os líderes de missão devem compreender e dominar ao estabelecer o tom e o exemplo de liderança centrada em princípios, disse Élder D. Todd Christofferson no Seminário para Nova Liderança de Missão de 2021.
A missão pode proporcionar uma experiência fundamental no aprendizado de como aplicar os princípios do evangelho em situações da vida real. E os líderes da Igreja esperam que os líderes de missão ajudem os jovens missionários a amadurecerem em sua capacidade para tomarem decisões e agirem com base nos princípios do evangelho, disse ele em seu discurso proferido na sexta-feira, 25 de junho, no Teatro do Centro de Conferências e transmitido ao vivo para os 109 novos casais líderes de missão participando remotamente.
“A missão deve ser um exercício prolongado de definição de metas, desenvolvendo um plano razoável para atingir tais metas, e aceitando a responsabilidade pelos resultados, incluindo o ajuste dos planos, conforme necessário. É fácil ver que o desenvolvimento destas competências e habilidades pode contribuir para o futuro serviço à Igreja de um missionário e seu sucesso na vida. Mais rapidamente, contribuirá significativamente para uma missão gratificante.”
Élder Christofferson citou vários exemplos de como os missionários podem aprender a aplicar os princípios do evangelho, usando “mandamentos”, “padrões” e “princípios” alternadamente.
Um princípio importante do evangelho no serviço missionário é encontrado em Doutrina e Convênios 58:26-28, quando o Senhor diz “não é adequado que eu mande em todas as coisas” e que as pessoas devem “fazer muitas coisas por sua própria vontade” como “agentes próprios”.
Da mesma forma, Élder Christofferson disse que, não é bom ou apropriado que um líder de missão mande em todas as coisas. “Isso seria liderança por regras e não por princípios. Se você tem uma regra para tudo, está ajudando a criar servos indolentes e insensatos.”
Um segundo princípio é ensinar pelo Espírito (ver Doutrina e Convênios 50:13-14). Para ajudar os missionários a aprenderem e aplicarem isto, os líderes de missão podem ensinar como alguém pode obter o Espírito, bem como acautelar contra comportamentos que levem a perdê-lo.
Outro princípio é evitar a tentação, e quando não puder ser evitada, resistir a ela, disse Élder Christofferson, citando a declaração de Néfi a respeito de se agarrar à barra de ferro para que “nem as tentações e os dardos inflamados do adversário os dominem até a cegueira” (1 Néfi 15:23–24).
“Curiosamente, este é um princípio que interage bem com as regras — as poucas regras básicas estabelecidas para todas as missões, como estar sempre com seu companheiro”, disse ele. “Igualmente importantes são as regras que um missionário cria para si mesmo, como uma aplicação do princípio à sua própria personalidade e circunstâncias únicas.”
Um princípio adicional é o da diligência, ou consagração. O Apóstolo usou várias escrituras de Doutrina e Convênios e do Livro de Mórmon para evitar a ociosidade e fazer as coisas com sabedoria, ordem e diligência.
Sem um compromisso com os princípios verdadeiros e uma compreensão de como aplicá-los na tomada de decisões, pode-se facilmente cometer erros graves na vida, disse Élder Christofferson. No início de sua carreira jurídica como assistente do Juiz John J. Sirica, ele pode observar, de forma privilegiada, o escândalo de Watergate que se desenrolou no início dos anos 1970. O encobrimento de atividades clandestinas e ilegais, e a obstrução da investigação levaram à renúncia do presidente Richard M. Nixon.
“Eu me perguntei na época: ‘O que me impediria de cometer erros semelhantes se eu sentisse intensa pressão, por qualquer motivo que fosse, para esconder a verdade ou enganar?’”, lembrou Élder Christofferson, acrescentando: “Concluí que minha segurança estava em nunca cometer uma exceção, nunca pisar fora da rocha da integridade, mesmo por um momento.”
Ele disse que vê uma tendência nos governos e sociedades, em direção a mais e mais regras e regulamentos, alguns vindos do desejo de exercer poder e autoridade sobre os outros.
“Mas, em muitos casos, acredito que esta tendência surge do desespero dos líderes em manter a ordem e a segurança na sociedade, quando as pessoas não se controlam. No entanto, como você sabe, nunca pode haver regras suficientes — e nunca policiais suficientes para aplicá-las — se as pessoas não governarem a si mesmas, pelo menos em algum grau.”
“Assim como a sociedade”, continuou ele, “o mesmo ocorre com a Igreja e o indivíduo — mais cedo ou mais tarde, sairemos do caminho se não internalizarmos e aprendermos a viver de acordo com os princípios do evangelho.”
Élder Christofferson enfatizou que a Igreja e seus líderes não são contra as regras em si. “Algumas regras são essenciais. Na verdade, algumas regras são necessárias para implementar princípios corretos. Mas não queremos mais do que realmente precisamos.”
Uma desvantagem do excesso de confiança nas regras de liderança é que desmoraliza os jovens líderes missionários, disse ele. “Em vez de aprenderem a honrar a confiança depositada neles, a liderarem e elevarem os outros, e a serem responsáveis pelos resultados, eles se tornam pouco mais do que cumpridores de regras.”
Ainda mais crítico é o efeito sobre os missionários individualmente, que poderiam aprender a transferir sua responsabilidade por escolhas e conduta, a quem fez a regra — neste caso, para os líderes de missão, disse Élder Christofferson.
“Você não o teria ajudado a aprender como agir, mas apenas a receber a ação. Nessas circunstâncias, ninguém deve se surpreender se, ao retornar para casa depois da missão, um élder voltar aos velhos padrões e ceder às influências e às pessoas ao seu redor, em vez de assumir responsabilidades e traçar um curso melhor para si mesmo.”
“Se um missionário retornado não for mais devotado e estiver seguro em seguir o caminho do convênio do que antes de sua missão, falhamos em algo muito importante.”
Élder Christofferson acrescentou que não há nada de errado em usar exemplos — por vídeo, dramatização ou outros meios — para ajudar os missionários a aprenderem a arte de tomarem decisões baseadas em princípios.
“É claro que nenhum exemplo para seus missionários se igualará ao que eles observam em você”, disse. “Não estou ignorando o exemplo perfeito do Salvador; estou presumindo que é o Seu exemplo que eles verão em vocês. Assim como o Salvador, você podem determinar o que criticar e o que deixar de lado; vocês podem corrigir sem rejeitar; e vocês podem devolver muitas perguntas e problemas ao missionário com a garantia de que, ‘Você vai descobrir, mas se, como Pedro, você começar a afundar, estou aqui para ajudar.’
“Vocês podem ensinar o que e o por que, enquanto deixa para o missionário a maior parte do como. Vocês podem lhes oferecer confiança.”
Élder Christofferson listou algumas das características de liderança do Salvador que os líderes de missão desenvolveram e podem cultivar ainda mais — Ele governou a Si mesmo, Ele liderou, Ele preparou Seus seguidores, Ele supervisionou o desempenho de Seus seguidores, Ele julgou com justiça e Ele honrou os relacionamentos.
“De tudo isso, queremos e precisamos de seguidores de Cristo autodisciplinados que sejam entusiasmados com a obra, obedientes às regras, mas guiados por princípios, que tenham magnificado seus um, dois ou cinco talentos, conforme o caso, e que estejam preparados para receber mais.”
