Após ser chamado, um tanto contra sua vontade, a missão do profeta Jeremias do Velho Testamento foi de mal a pior. Por fim, ele foi preso. “Persuadiste-me, ó Senhor,” disse Jeremias. “E persuadido fiquei; … sirvo de escárnio todo o dia, cada um deles zomba de mim. … Não me lembrarei de [ti], e não falarei mais no [teu] nome” (Jeremias 20:7,9).
Em seu discurso para os recém-chamados líderes de missão no dia 26 de junho, Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, acrescentou seu próprio comentário, singular aos pensamentos de Jeremias: “Você não me disse nada sobre o tempo que eu passaria na prisão, Senhor. Revisei minhas anotações do seminário de liderança de missão, e não havia nenhuma palavra sobre algemas e encarceramento. …
“Contei meu último relato da Primeira Visão. Não distribuirei mais nenhum cartão de amizade, e excluirei todos da minha página no Facebook, exceto meus filhos. Estou acabado, cansado, esgotado, chega!”
Todavia, apesar dos “dias difíceis, das cartas de rejeição e da oposição em todas as coisas”, Jeremias proferiu uma frase reveladora: “Mas foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; e [fiquei] fatigado de contê-lo, e não posso mais [abandoná-lo].” (Jeremias 20: 9).
“O que o manteve na obra?”, perguntou Élder Holland. “O que o impediu de ir para casa? O que faz com que os missionários se levantem no horário, amem cada companheiro e trabalhem com afinco dia e noite, tentando ser o melhor que podem todos os dias de sua missão?”
A resposta — “As Palavras de Cristo” — foi o título e o foco do discurso de Élder Holland durante o Seminário para Nova Liderança de Missão, realizado online pelo segundo ano consecutivo devido à pandemia de COVID-19.
“Por favor, ensinem as escrituras a seus missionários”, disse Élder Holland. “Permitam que eles os vejam com suas escrituras nas mãos. Deixem que esses élderes e sísteres vejam onde vocês encontram sua inspiração: na palavra viva do Deus vivo.
“Tornem seu testemunho das escrituras tão óbvio que nada de negativo que seus missionários enfrentem em seus casamentos, em seus estudos ou em suas profissões jamais os desvie do caminho em que vocês os colocaram.”
O chamado de um líder de missão
Élder Holland sugeriu que há três coisas que vêm com o chamado de um líder de missão — “uma responsabilidade, um deleite e uma oportunidade crucial”. Primeiro, os líderes de missão são enviados ao mundo para ensinarem todas as nações, batizando em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Presidente Russell M. Nelson disse que “coligar Israel” é o trabalho mais importante da Terra.
Segundo, à medida que, como casais, sirvam como líderes de missão, vocês passarão mais tempo servindo, conversando e viajando juntos do que passavam anteriormente em sua vida conjugal.
“Seu casamento será mais forte, mais doce, e vocês serão mais unidos e mais exemplares do que nunca. … Vocês estarão mais chegados um ao outro e a Deus espiritualmente do que jamais estiveram em sua vida conjugal”, disse Élder Holland.
E terceiro, disse ele, “na medida do possível, vocês têm a oportunidade crucial — que também é uma responsabilidade e um deleite — de salvar as almas dos missionários que são chamados a trabalhar sob sua direção.”
Élder Holland observou que a inatividade de um missionário retornado é de “imensa preocupação” para os líderes. “Esses números podem não ser grandes, mas qualquer número é muito grande se for um de meus filhos ou netos — ou um dos seus”, disse ele.
“Ao mergulharem nesta obra, vocês sem dúvida alguma perderão alguns de seus conversos recém-batizados, que não chegam completamente ao aprisco. Porém, nunca devemos perder os pastores desse rebanho.”
Expressando profunda gratidão por seu presidente de missão, Élder Marion D. Hanks, Élder Holland disse que “a coisa mais maravilhosa” que Élder Hanks fez foi ter usado as escrituras para ensinar o evangelho de Jesus Cristo de maneira deliberada e pessoal.
“Praticamente em todos os lugares em que estávamos, ele nos conduzia às obras-padrão e nos ensinava o evangelho até que estivesse tão profunda e firmemente dentro de nossas almas, que nem mesmo cavalos selvagens poderiam arrancá-lo de nós. Ele nos ensinou as palavras de Cristo”, disse Élder Holland.
Para ajudar os líderes de missão, o Senhor forneceu uma “fonte inesgotável” de materiais inspirados para missionários nas obras-padrão. “Nós nunca devemos ‘tratá-las levianamente’, e jamais devemos negligenciá-las, especialmente o Livro de Mórmon”, disse Élder Holland.
Compreendendo o ‘porquê’
De membros desde o nascimento a recém-conversos, élderes e sísteres virão de uma variedade de origens, mas poucos terão imediatamente o tipo de testemunho maduro e temperado necessário para ser um poderoso missionário. O que eles precisam — e o que Élder Holland precisava como um jovem missionário — são as palavras de Cristo.
Parafraseando o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, Élder Holland disse: “Diga-me com convicção suficiente o ‘porquê, e descobrirei ‘como’”.
Élder Holland descreveu “Pregar Meu Evangelho” como “a melhor coleção de ‘comos’ já fornecida aos missionários nesta era moderna da Igreja.”
“Mas, por melhor que seja o ‘como’ da obra missionária”, disse ele, “essas informações e recursos só serão eficazes e confiáveis durante os bons e maus momentos, se os missionários souberem o ‘porquê’ estão estudando ou planejando, encontrando ou refinando habilidades de ensino, trabalhando com membros ou melhorando seus métodos de uso da mídia social e assim por diante.”
Ele continuou: “Melhores ferramentas nunca poderão substituir um testemunho ardente, e técnicas finamente ajustadas jamais substituirão um testemunho revelado das escrituras.
“Se entendermos a ordem, com o testemunho e a verdade estabelecendo primeiro as bases para as ferramentas e técnicas a seguirmos, teremos a poderosa fórmula para o sucesso missionário que Deus planejou.”
Élder Holland mencionou os exemplos de Abinádi; Alma, o pai; Alma, o jovem; e os filhos de Mosias, que ensinaram “com poder e autoridade de Deus”.
“Se vocês querem conversos como Abinádi ou Alma, o pai, ou missionários como Alma, o filho, ou os filhos de Mosias; se desejam despertar missionários, membros ou pesquisadores em perspectiva de um sono profundo e levá-los das trevas à luz, então lembrem-se de que ‘no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus’”, disse ele.
“Lembrem-se de que a nossa história santo dos últimos dias começou com um jovem de 14 anos lendo Tiago 1:5, do Novo Testamento. … Lembrem-se de que, de 1820 a 1830, Joseph tinha apenas uma tarefa a fazer — preparar-se para receber e traduzir o Livro de Mórmon. Ele não deveria buscar, conforme Doutrina e Convênios seção 5 diz, nenhum outro dom.”
Segurando uma cópia pessoal das escrituras, Élder Holland encerrou seus comentários incentivando os líderes de missão a “darem a seus missionários um presente que nunca acaba.”
“Ofereçam-lhes uma experiência pessoal com e um amor eterno pelas palavras de Cristo”, declarou ele. “Ensinem-nos a agarrarem-se firmemente à barra de ferro. Se vocês o fizerem, e se eles o fizerem, seus missionários os chamarão de bem-aventurados todos os dias de suas vidas. E assim os chamará o Deus e Pai de todos nós, cuja obra — e palavras e doutrina redentora de Seu Filho — nos foi ordenada levar a todo o mundo.”
