Nota do editor: O quarto artigo desta série sobre o papel essencial dos conselhos na Igreja explora como os princípios de aconselhamento em âmbito geral podem ser aplicados aos conselhos de estaca, ala e família. Leia mais sobre o tema no primeiro, segundo e terceiro artigos.
Enquanto buscava a vontade do Senhor em um novo programa para crianças e jovens alguns anos atrás, Bonnie H. Cordon, presidente geral das Moças, testemunhou o poder da inspiração e da revelação que surge através do aconselhamento.
“O que aprendi é que o Senhor tem uma maneira de refinar e moldar à medida que prosseguimos no processo”, disse ela. “A direção pode mudar completamente, mas há um espírito de união quando isso acontece porque percebemos que estamos sendo guiados e orientados pelo Espírito.”
Conforme as presidências gerais das Moças e dos Rapazes apresentaram a proposta de um novo programa a vários conselhos — incluindo as presidências gerais da Sociedade de Socorro, Primária e Escola Dominical, alguns dos Setentas Autoridades Gerais e membros do Conselho Executivo do Sacerdócio e da Família — ela foi ajustada de acordo com as perguntas feitas e as perspectivas compartilhadas.
O Quórum dos Doze Apóstolos revisou a proposta e fez perguntas diferentes, oferecendo uma nova visão e perspectiva, disse presidente Cordon. A proposta foi novamente aperfeiçoada e apresentada à Primeira Presidência, que também contribuiu com sua opinião e aprovação final.
A proposta se tornou o programa Crianças e Jovens da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, uma abordagem divinamente inspirada para fortalecer a fé da nova geração em Jesus Cristo, que começou a ser implementada em janeiro de 2020.
“Esta é A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias; é maravilhoso nos lembrarmos de que é Sua Igreja”, disse presidente Cordon. “À medida que procuramos conhecer a Sua vontade, conforme homens e mulheres se reúnem, ouvindo uns aos outros e ao Espírito, a revelação é recebida.”
Os líderes da Igreja têm enfatizado com frequência que esse padrão divino de aconselhamento também guia os conselhos de estaca, ala e família, conforme homens e mulheres trabalham juntos para buscarem a vontade do Senhor por meio da inspiração e da revelação.
Presidente Dallin H. Oaks, primeiro conselheiro na Primeira Presidência, disse: “O princípio de aconselhamento em nenhum lugar é mais importante do que no relacionamento entre marido e mulher, e em seu relacionamento como pais com seus filhos, ou com qualquer outro parente ou pessoa que possa estar vivendo com eles.”
Presidente Oaks e presidente Cordon — juntamente com Presidente Henry B. Eyring, segundo conselheiro na Primeira Presidência; Presidente M. Russell Ballard, Presidente em Exercício do Quórum dos Doze Apóstolos; Élder Dieter F. Uchtdorf, Élder David A. Bednar e Élder Quentin L. Cook do Quórum dos Doze Apóstolos; Jean B. Bingham, presidente geral da Sociedade de Socorro; e Camille N. Johnson, presidente geral da Primária — conversaram recentemente com o Church News sobre o papel essencial dos conselhos na Igreja, incluindo os conselhos de estaca, ala e família.
Eles destacaram vários princípios fundamentais para tornar os conselhos mais eficazes a todos os níveis.
1. Compreendam sua responsabilidade
Embora os processos e princípios em todos os conselhos sejam os mesmos, Presidente Oaks enfatizou que nem todo conselho é um conselho de tomada de decisão. “A Primeira Presidência é um conselho de tomada de decisão”, disse ele. “Mas alguns conselhos funcionam como conselhos de discussão sobre assuntos para os quais não lhes foi concedida autoridade para tomarem uma decisão.”
Presidente Oaks disse que o propósito de alguns conselhos é “informar o grupo que preside”, como um bispado em um conselho de ala, para que “eles possam ser unos de coração e mente.” A pessoa que preside o conselho pode então anunciar uma decisão ou levar em consideração o assunto.
“A revelação é o objetivo final do conselho, seja revelação no conselho, revelação aos participantes, ou revelação aos líderes presidentes”, disse Presidente Oaks, citando a declaração “na abundância de conselhos, há sabedoria”.
O Senhor organizou Sua Igreja de uma maneira específica, dando origem aos conselhos. Toda ação ou ordenança realizada na Igreja é feita sob a autorização direta ou indireta de alguém que possui as chaves para esta função, ensinou Presidente Oaks, ao falar sobre a “mordomia na revelação”.
“Somente o Presidente da Igreja recebe revelação para guiar toda a Igreja”, disse ele. “Os líderes recebem revelação para suas próprias responsabilidades. Cada pessoa pode receber revelação para guiar sua própria vida.”
2. Entendam seu propósito
Em seus 45 anos como autoridade geral para a Igreja, Presidente Ballard participou em milhares de conselhos. Talvez mais do que ninguém, ele testemunhou o que funciona — e o que não funciona.
Uma reunião de conselho não diz a todos o que deve ser feito, disse ele. Uma reunião de conselho não pede que todos apresentem um relatório. Uma reunião do conselho é quando um bispo diz, por exemplo: “Temos um problema com a reverência na ala. Vamos conversar sobre isso. O que podemos fazer?
Guiado pelo Espírito, o bispo busca a perspectiva de cada membro do conselho e eles se aconselham juntos para encontrar uma solução. Quando chegam a uma decisão com a qual todos se sentem bem, seguem em frente e a apoiam ativamente.
A principal missão de qualquer conselho da Igreja ou de família é “trazer almas a Cristo”, disse Presidente Ballard. “É ajudar a preparar as pessoas para receberem as ordenanças e os convênios essenciais à salvação eterna.”
3. Convidem o Espírito ao se prepararem
A preparação espiritual ajuda a promover uma “experiência reveladora”, disse presidente Cordon. Antes de participar de uma reunião de conselho, ela revisa a agenda e pondera em espírito de oração sobre os itens que serão discutidos.
“Espero que em nossos conselhos de ala e estaca, todos os membros tenham a oportunidade de ver a agenda antes da reunião. Este passo simples facilitará a preparação”, disse ela.
Particularmente em conselhos com grande número de membros, uma agenda focada pode ajudar a aproveitar ao máximo o tempo dos participantes, disse Presidente Oaks. “Muitas vezes, penso que a eficácia do conselho depende, em grande parte, do presidente estruturar a agenda de maneira razoável e segui-la.”
Antes de discutir um assunto específico, os membros do conselho podem revisar as informações básicas, recomendou Élder Cook. “Forneçam o contexto”, disse ele. Pode ser um contexto histórico ou doutrinário, ou observações da experiência pessoal.
Boas informações podem levar a uma boa inspiração, disse Élder Uchtdorf. “Vocês devem coletar informações e então, estarão na posição de receberem a revelação quando se conectarem com o Espírito.”
4. Busquem a vontade do Senhor, em vez de sua própria
Élder Uchtdorf disse que o Salvador deve ser o foco de cada conselho, “não o nosso próprio ego, ou nossas próprias ideias a respeito de estruturas organizacionais”. Para manter o Salvador como foco, um conselho pode perguntar: “O que Ele gostaria que fizéssemos? Como podemos cumprir Seu propósito, Sua missão, Sua obra e alcançarmos Sua glória?”
Presidente Johnson usou a analogia de um triângulo para descrever como os membros do conselho se aproximam uns dos outros, conforme se achegam a Cristo. “Em cada uma destas reuniões do conselho, e esperamos que em nossos conselhos de ala e família, estamos convidando Cristo para esta fórmula. …
“Estas não são reuniões de diretoria, onde são dadas instruções aos executivos para cumprirem certas responsabilidades ou diretrizes. De forma alguma. É uma experiência reveladora para identificar o que o Salvador tem em mente para Sua Igreja”, disse ela.
“É mais do que apenas administrar. Isto é ministrar individualmente. E a maneira pela qual podemos saber como fazer isso em uma escala global é convidarmos nosso Salvador para esse processo e reconhecermos o Espírito.”
Este processo não é fácil, reconheceu Presidente Eyring, mas o ideal é que o Salvador dirija todos os conselhos. “Obtermos a vontade do Senhor é um trabalho difícil, e os conselhos, quando os realizamos, são a melhor maneira que conhecemos para obtê-la.”
5. Certifiquem-se de que todas as vozes sejam ouvidas
“A revelação é distribuída entre os vários membros de um conselho”, explicou Élder Bednar. “À medida que uma questão é apresentada para consideração, precisamos convidar e ouvir os conselhos de todos.”
Élder Cook lembrou que, enquanto servia no Conselho Executivo Missionário com Presidente Ballard alguns anos atrás, Presidente Ballard frequentemente convidava outros membros do conselho a compartilharem suas opiniões sobre um assunto em discussão.
“Há um poder nisso”, disse Élder Cook a respeito de buscarmos perspectivas adicionais. “Pode não ser a direção que seguiremos, mas eles são apreciados, e isso estabelece a união. Um conselho é um lugar para estabelecermos a união.”
Presidente Cordon disse que, às vezes, durante as reuniões do conselho consultivo, ela percebe que uma irmã está calada. “Então, pergunto-lhe: ‘Você tem algo para compartilhar?’ E, às vezes, ela é exatamente a peça que faltava e que esperávamos ter.”
Quando um pai e mãe trabalham juntos para permitirem que seus filhos tenham uma voz em sua família, disse ela, eles podem perceber que, “às vezes, a revelação é recebida pela voz de uma criança de 8 anos de idade.”
Reconhecendo que a realização de conselhos de família pode ser um desafio, Presidente Eyring ofereceu este conselho aos pais: “Tentem ter o espírito de um conselho o máximo que puderem” e não se preocupem em chamá-lo de “reunião” ou “conselho”.
Presidente Oaks acrescentou: “Os melhores conselhos que tive com meus filhos adolescentes foram realizados ao redor da mesa de jantar.”
6. Busquem as perspectivas das mulheres
“A voz das mulheres em todos os âmbitos, inclusive no lar, é essencial”, disse Presidente Ballard.
O progresso é alcançado quando mulheres e homens trabalham juntos em união, disse Presidente Bingham. Para as mulheres que questionam seu valor em um conselho, ela disse: “Sua voz como mulher é importante.”
Como presidente de estaca na Alemanha muitos anos atrás, disse Élder Uchtdorf, o melhor conselho que ele recebeu para ajudar os membros de sua região foi dedicar tempo para ouvir todos os líderes das organizações da estaca durante as reuniões de conselho.
“Cada organização é importante, cada pessoa é fundamental, cada irmão e irmã que serve nessas organizações é essencial ao trabalho”, disse ele. “Nós sempre valorizamos e apreciamos a sabedoria, a experiência e o conselho de nossas irmãs e irmãos que servem como líderes nas organizações dos jovens e do sacerdócio de nossas alas e estacas. Seus exemplos de bondade e dedicação são uma bênção para a nova geração e para toda a Igreja.”
Élder Uchtdorf disse que as líderes gerais que servem com ele nos conselhos executivos “são tão maravilhosas e excepcionais quanto os irmãos que servem nesses conselhos. Cada um deles é muito importante para o trabalho.”
7. Ouçam para aprender
Enquanto todas as vozes são convidadas a contribuir, os membros do conselho devem “ouvir para aprender”, em vez de simplesmente esperarem sua vez de falar, disse presidente Bingham. Um sábio líder de conselho muitas vezes espera para ser a última pessoa a compartilhar seus pensamentos, para evitar interromper a discussão involuntariamente.
Presidente Cordon disse que ela aprendeu um princípio semelhante com Élder Cook e outros membros do Quórum dos Doze Apóstolos. À medida que compartilham seus pensamentos e ideias, “eles o fazem de modo que continua a convidar as sugestões, os comentários e as perspectivas de outros membros do conselho. Seus comentários não encerram a conversa.”
Quando deixamos de lado nossas próprias ideias e ouvimos ativamente para aprendermos — com os outros e com o Senhor — “o Espírito aumenta nossas percepções e compreensão”, disse presidente Cordon.
“Isto se aplica ao líder e a cada membro do conselho”, disse Presidente Eyring. “É ouvirmos e estarmos abertos à possibilidade de que, através da experiência e do ponto de vista de alguém, o Senhor possa nos revelar Sua obra com mais clareza.”
No Conselho da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos, por exemplo, ninguém tenta impor um determinado ponto de vista, disse Élder Bednar. “Só podemos chegar a uma conclusão inspirada quando somos humildes, mansos e guiados pelo poder do Espírito Santo.”
8. Busquem o consenso por meio da revelação, em vez da concessão
Presidente Bingham observou que, em um ambiente secular, muitas discussões em grupo levam a uma concessão — na qual todas as partes envolvidas chegam a um acordo.
“Não é assim que funciona um conselho na Igreja. Trabalhamos através do consenso”, disse ela. Compartilhando ideias honesta e abertamente, “continuamos a trabalhar juntos, buscando a melhor solução, que é confirmada através da revelação pelo Espírito.”
Quando uma decisão é tomada, todos agem para apoiá-la ativamente. “É aí que o trabalho realmente acontece — fora do conselho”, disse presidente Bingham.
Às vezes, o consenso é alcançado rapidamente, e outras vezes pode levar mais tempo, advertiu presidente Johnson. “Sejam pacientes com o processo de revelação. Só porque a reunião está marcada, não significa que tudo será resolvido durante essa sessão de uma hora. Pode levar algum tempo.”
Presidente Ballard disse que aqueles que aprendem a se aconselharem eficazmente em suas estacas, alas e famílias — seguindo o padrão divino que o Pai Celestial e Jesus Cristo estabeleceram — “sempre terão um resultado, uma resposta e um espírito melhor.”
A presidente Bingham acrescentou: “Quando realmente entendermos o que os conselhos podem realizar, não hesitaremos em adotá-los.”
Leia mais artigos da série Dentro da Sede da Igreja
Primeiro artigo — publicado online no dia 8 de julho — Presidente Dallin H. Oaks e Presidente Henry B. Eyring discutem o que aprenderam sobre a revelação nos conselhos e com a liderança do Presidente Russell M. Nelson.
Segundo artigo — publicado online no dia 15 de julho — Presidente M. Russell Ballard e outros membros do Quórum dos Doze Apóstolos explicam por que a Igreja é governada por conselhos e dão exemplos de como “convidar, receber e reconhecer a revelação” pode acontecer em cada conselho.
Terceiro artigo — publicado online no dia 22 de julho — Membros do Quórum dos Doze Apóstolos e líderes gerais apresentam uma visão sobre o propósito e as funções de três conselhos executivos da Igreja: o Conselho Executivo Missionário, o Conselho Executivo do Templo e da História da Família e o Conselho Executivo do Sacerdócio e da Família. Esses conselhos executivos fazem recomendações ao conselho da Primeira Presidência e ao Quórum dos Doze Apóstolos.
Quarto artigo — publicado online no dia 29 de julho — Os líderes da Igreja destacam os princípios de aconselhamento praticados em âmbito geral que podem ajudar os conselhos de estaca, ala e família a serem mais eficazes.
Em breve — a ser publicado online no dia 5 de agosto — Galeria de fotos e uma visão geral dos conselhos.