Como muitos atletas profissionais, o jogador de basquete santo dos últimos dias e recém-campeão da NBA Elijah Bryant passa os momentos antes de entrar na quadra com os olhos fechados e fones de ouvido, ritualisticamente cancelando o barulho externo em busca de paz e foco.
Mas seu repertório é provavelmente um pouco diferente da maioria.
“Pouco antes do jogo, medito e ouço ‘Sou um Filho de Deus’”, disse ele. “Isso sempre redefine meu foco e me lembra de meu propósito maior.”
“Às vezes, fico preso a tudo o que tenho que fazer em um jogo, e essa música me ajuda a entender qual é meu principal propósito nesta jornada mortal.”
O armador de 1,80m de altura também tem alguns discursos da Conferência Geral para o seu pré-jogo, incluindo “Cuidadoso versus descuidado”, da irmã Rebecca L. Craven, segunda conselheira na presidência geral das Moças. Essas mensagens aumentam o apreço pelo que ele recebeu: sua família, sua fé e, sim, as habilidades que lhe permitem sustentar sua jovem família e compartilhar sua fé com um grande público.
Quando o Church News falou com Bryant, ele ainda estava sentindo a sensação exultante de ganhar um título da National Basketball Association (NBA) com o Milwaukee Bucks.
“Sempre tive fé e compreensão de que, se me esforçar, coisas como esta podem acontecer”, disse ele sobre o campeonato. “Às vezes, podemos ficar muito presos ao que está acontecendo conosco agora. (…) Mas a Igreja nos ensina que, se obedecermos aos mandamentos do Senhor, Ele pode mover montanhas. Então, eu apenas tentei me concentrar no que estou fazendo hoje para ser a melhor pessoa que posso ser, e servir o maior número de pessoas possível.”
A jornada de Bryant até a NBA — como sua própria conversão ao evangelho — não seguiu um caminho linear.
Após uma temporada de basquete em seu terceiro ano na Universidade Brigham Young em 2018, Bryant, com alta pontuação, optou por abandonar sua última temporada na faculdade e entrar no ranking profissional.
Ele esperava conseguir uma vaga na NBA, mas não foi contratado. Então, ele e sua esposa, Jenelle, deixaram os E.U.A. em busca de oportunidades de basquete profissional em Israel. Bryant jogou bem na Ásia — conquistando as honras da primeira seleção israelense, experimentando uma nova cultura e desfrutando da hospitalidade do povo israelense.
“Minha religião era altamente respeitada em Israel”, disse ele. “A comunidade judaica, assim como a comunidade dos santos dos últimos dias, é muito voltada para a família. As pessoas realmente respeitaram meus valores porque eram próximos aos seus.”
Ainda assim, sua determinação de jogar na principal liga profissional mundial nunca vacilou. Em maio passado, ele riscou esta meta de sua lista, quando assinou um contrato com o Milwaukee Bucks da NBA.
A frase “sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade” descreve apropriadamente a jornada multicontinental de Bryant para a NBA. Nos anos que antecederam a oportunidade para o Bucks’, ele se preparou ficando um pouco melhor a cada dia, independentemente das vitórias ou contratempos daquele dia.
“Acho que meus melhores atributos no basquete são minha capacidade de lidar com as adversidades e de permanecer mentalmente forte”, disse ele.
Bryant anunciou imediatamente sua ampla gama de habilidades para os fãs da NBA. Em sua estreia em 16 de maio com o Bucks, ele saiu do banco para marcar 16 pontos e pegar seis rebotes contra o Chicago Bulls.
“Foi uma espécie de momento de me beliscar”, lembrou ele. “Mas também disse a mim mesmo que trabalhei toda a minha vida para chegar à NBA, então não devia jogar com medo. Cometi muitos erros nesse jogo, mas fiz muitas coisas boas.”
Depois do jogo contra os Bulls, ele tentou “parecer tranquilo”. Mas, por dentro, ele acrescentou: “Eu me senti como uma criança. Fiquei super feliz. Tinha chegado à NBA e poderia riscar isso da minha lista.”
Santos dos últimos dias no time dos Bucks
Bryant é um dos muitos atletas santos dos últimos dias competindo profissionalmente. Mas é raro ter vários membros da Igreja escalados no mesmo time da NBA. Portanto, Bryant ficou emocionado por ser companheiro de equipe do armador e santo dos últimos dias Sam Merrill durante o campeonato dos Bucks.
“Ter Sam na equipe tornou minha transição para a NBA muito mais fácil, apenas por ter alguém na equipe da mesma fé”, disse ele.
Bryant e Merrill se conheciam de seus anos de rivalidade na BYU e na Universidade do Estado de Utah, respectivamente. “E definitivamente ajudou ter um rosto familiar no Bucks porque há tantas coisas nas quais você tem que se ajustar na NBA.”
A conexão Bryant/Merrill injetou uma camada adicional de empolgação para os santos dos últimos dias da área de Milwaukee [no estado norte-americano de Wisconsin], que estavam torcendo pelo Bucks durante sua recente disputa nos play-offs.
“Tanto Sam quanto Elijah foram juntos à Igreja no dia seguinte ao da vitória dos Bucks sobre o (Miami) Heat nos playoffs”, relembrou o bispo Dale Edman, da ala Parkway, estaca Milwaukee Norte. “Foi uma grande emoção para os nossos jovens poder falar com os dois.”
Família, fé (e um menino chamado Blu)
Convertido à Igreja, Bryant cresceu no estado da Geórgia. Ele é o produto de uma família que o apoiava, tinha parentes santos dos últimos dias e frequentava a Igreja quando era criança.
Olhando para trás, para sua juventude, ele é grato pelas pessoas da ala local que cuidaram de sua família convidando o jovem Elijah e seus irmãos para as aulas dominicais da igreja e, claro, para jogar bola na capela.
“Nas segundas ou terças-feiras, tínhamos aulas com os missionários e, na quarta, estávamos na Igreja jogando basquete”, disse ele.
Jason Campbell era seu mestre familiar e continua amigo próximo de Bryant e de sua família. Ele se lembrou de Elijah, quando tinha 12 anos, como “sendo um ótimo garoto com uma história incrível”, que impressionou os membros locais nos jogos com suas habilidades de lance de bola.
“Eu brincava com Elijah que ele seria o próximo Jimmer Fredette”, disse Campbell, rindo.
Durante sua adolescência, Bryant nem sempre foi ativo na Igreja, tendo passado por várias dificuldades.
“Mas eu sempre tive fé. Sabia o caminho certo. (…) Sabia que queria ter uma família selada a mim, só que nem sempre sabia qual seria o caminho para chegar lá. Minhas decisões nem sempre combinavam com o que eu precisava fazer”, disse ele.
Depois de desfrutar de uma campanha produtiva como calouro na Elon University da Carolina do Norte, ele optou por se transferir para a BYU. Essa decisão mudou a vida do jovem atleta.
“Sabia que precisava estar cercado por pessoas que pensam como eu, que estavam tentando cuidar de sua família, ir ao templo e viver uma boa vida. Ir para a BYU ajudou a me moldar e a ver o que era possível: eu poderia jogar basquete em um alto nível e também ser um aluno de alto nível e ter uma família.”
A boa sorte de Bryant em Provo, Utah, se estendeu além da quadra de basquete. Ele também conheceu Jenelle Fraga em uma festa organizada por amigos em comum. Os dois se tornaram amigos, começaram a namorar e, mais tarde, se casaram no Templo de Salt Lake antes de seu terceiro ano na BYU.
Bryant se diverte falando sobre suas memórias com o basquete e de ganhar um título da NBA. Mas seu entusiasmo por todas as coisas do basquete não pode igualar sua empolgação de ser pai. Ele e Jenelle são pais de um menino chamado Blu, que em breve celebrará seu primeiro aniversário.
Bryant não consegue imaginar sua jornada no basquete sem sua fé e sua família.
“Fé, família e saúde são as três palavras escritas em meu diário”, disse ele. “Estes são os três pilares em que procuro focar. São as três coisas pelas quais preciso ser mais grato. Estas são as coisas que me mantêm com os pés no chão. Independentemente de eu jogar mais um jogo da NBA ou ganhar outro campeonato da NBA, sou abençoado porque tenho uma ótima família, minha fé e minha saúde.”
Realmente não há férias para um jogador profissional de basquete, mesmo depois de ganhar um título da NBA. Em breve, Bryant estará competindo com o time da liga de verão do Bucks e depois para o campo de treinamento com o time completo antes da temporada 2021-2022.