Para o Diretor da Biblioteca de História da Igreja, Keith A. Erekson, há muitas razões para estudarmos a história da Igreja, como as percepções sobre a natureza de Deus que uma compreensão exata da história e de Seu relacionamento com Seus filhos pode fornecer.
O estudo da história também pode trazer compreensão sobre as circunstâncias atuais. “A época em que vivemos foi construída no passado”, disse ele. “Todas as coisas com as quais lidamos — os desafios e infraestruturas atuais, assim como nossas sociedades … têm uma história, e isso influencia tudo que fazemos diariamente.”
Erekson participou recentemente do podcast do Church News para discutir a importância de determinarmos se as informações são corretas e verdadeiras, bem como os recursos que ele usa para fazer isso com a história da Igreja.
Ouça o Episódio 43: Diretor da Biblioteca de História da Igreja, Keith A. Erekson, fala sobre desmistificar mitos e boatos nos últimos dias [em inglês]
Primeiro, sempre que alguém tem uma pergunta sobre a história ou sobre as práticas da Igreja, é essencial reconhecermos esta dúvida como “realmente importante e significativa”, explicou ele. “Se algo é perturbador, então precisamos falar sobre isso.”
Os santos dos últimos dias, disse ele, são bons em recorrer a recursos como a oração e o estudo das escrituras quando confrontados com perguntas, que são coisas importantes que devemos fazer. Contudo, também é necessário empregarmos “capacidades ou hábitos de pensamento”.
“Muitas vezes, as informações são distorcidas … porque alguém não pesquisou ou usou todas as fontes disponíveis. … Portanto, nestes casos, podemos usar capacidades de pensamento claro para solicitarmos evidências e garantirmos que não há exageros.”
A perpetuação de histórias falsas ou parcialmente verdadeiras pode ter efeitos prejudiciais. Quando as narrativas não incluem todos os membros de um grupo de pessoas, eles deixam de se ver na história.
“Se estamos tentando aprender como Deus abençoa as pessoas … mas nunca vemos alguém na história que se parece conosco, começamos a nos perguntar: ‘Será que Deus me protege? Vejo que Deus protege as outras pessoas na história. Mas, e as pessoas como eu?’”
Ele deu o exemplo das mulheres na história da Igreja: “Muitos relatos da história da Igreja não incluem as mulheres — que representavam metade da população da Igreja ou mais. Por isso, temos que ser melhores em contarmos histórias completas e corretas”, disse ele.
A verdade, para Erekson, é um processo e um modo de pensar e ser. Seu método de busca da verdade inclui cinco pilares.
Precisão
O teste da precisão na história e em outros tipos de informação é a “corroboração”, explicou ele. “Podemos encontrar outra fonte que compartilha as mesmas informações? Isso aumenta a probabilidade [de precisão].”
Autenticidade
Alguns anos atrás, Keith Erekson investigou uma cópia do Livro de Mórmon que se acreditava pertencer a Elvis Presley. Ao final da avaliação, foi constatado que a caligrafia no livro havia sido falsificada.
Ele acredita que histórias como esta são disseminadas porque significam mais do que apenas um objeto: “As pessoas contavam a história e tiravam lições dela — sobre a ideia de que Elvis leu o livro e achou que ele era valioso, o que é algo que, consequentemente, revalida nossa fé. … Muitas vezes, as pessoas se apegam ao objeto porque elas realmente querem que a história que o acompanha seja verdadeira.”
Credibilidade
Ele descreveu os critérios de credibilidade como os passos que tomamos para determinar se uma fonte tem um histórico de fornecer informações corretas. “Podemos dizer: ‘Tudo bem, esta pessoa ou fonte me informou 10 coisas. Posso confirmar ou comprovar que nove delas estão corretas. É provável que a 10ª também esteja certa.’”
Honestidade
Há maneiras pelas quais as pessoas podem coletar informações, tirá-las do contexto e apresentá-las de uma maneira diferente de como foram usadas originalmente, disse ele.
Pesquisa abrangente
Ele deu o exemplo de um indivíduo que estudou todos os principais estudos médicos sobre um assunto nos últimos 40 anos, comparado a alguém que fez uma pesquisa on-line sobre um problema de saúde e leu um artigo — o primeiro indivíduo seria mais persuasivo por causa de seu conhecimento abrangente.
Erekson descobriu que, depois de estudar tanta história, ele sabe menos e mais ao mesmo tempo.
“Uma das coisas que acontece à medida que estudamos a história é que percebemos o quanto não sabemos — quantas vidas passaram sem deixar um registro, e quantas coisas são desconhecidas. Para mim, isso traz um senso de humildade”, disse ele.
Ele acredita que parte da atual divisão na sociedade moderna provém do fato de “que temos certeza de que estamos absolutamente certos.”
“Profetas como Néfi e Alma dizem apenas: ‘Não sei. Não sei o significado de todas as coisas. Sei que Deus ama Seus filhos. Sei que Ele tem todo o poder, mas não sei tudo.’”
O estudo da história também ajudou Erekson a enxergar mais ocasiões em que Deus lida com cada um de Seus filhos com misericórdia e benevolência.
“Em vez de dizermos: ‘Eu não creio que seja uma coincidência’, acredito que devemos dizer com certeza: ‘Foi Deus. Ele estava me guiando através de Seu Espírito. Ele estava me abençoando com uma terna misericórdia.’”