De acordo com manuais anteriores da Igreja, uma das responsabilidades de uma líder de solidariedade da Sociedade de Socorro era cuidar dos pobres e necessitados.
Nem o termo “líder de solidariedade” nem “cuidar dos pobres e necessitados” são encontrados no novo Manual Geral: Servir em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Estes termos foram substituídos por “coordenadora de serviço” — tanto para a Sociedade de Socorro quanto para o quórum de élderes — e “cuidar de pessoas necessitadas”.
Embora pequenas, estas e outras mudanças na terminologia do manual revisado são significativas, disse Élder Anthony D. Perkins, Setenta Autoridade Geral e diretor executivo do Departamento de Correlação da Igreja, que supervisiona o manual.
O novo manual digital substitui o Manual 1 (para presidentes de estaca e bispos), e o Manual 2 (para todos os outros líderes) está sendo revisado sob a direção da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos.
Enquanto os manuais anteriores foram escritos em um tom administrativo e sistemático para os líderes da Igreja, o Manual Geral — disponível ao público e escrito para uma Igreja global — visa se basear em princípios. O conteúdo foi simplificado, reduzido e feito de uma maneira mais adaptável para congregações de todos os tamanhos em todo o mundo.
“Um dos princípios que a Primeira Presidência nos deu orientação desde o início é o que chamamos de usar uma voz mais ministerial”, disse Élder Perkins. “Quase todo capítulo, quase toda ação, tem uma escritura relacionada a ela. (…) Portanto, no idioma que escolhermos, vamos usar a linguagem, se possível, que o Salvador usou nas escrituras”.
O termo “cuidar das pessoas necessitadas”, por exemplo, é mais ministerial e menos categórico do que “cuidar dos pobres e necessitados”, disse ele. “Não os estamos rotulando como pobres; não os estamos rotulando como necessitados. Estamos chamando-os de ‘uma pessoa necessitada’, e essa necessidade pode ser qualquer coisa”.
Até agosto de 2021, 30 dos 38 capítulos do Manual Geral foram totalmente atualizados em inglês. Espera-se que os oito capítulos finais sejam disponibilizados em inglês até o final do ano, com outras línguas a seguir.
Élder Perkins destacou várias mudanças de terminologia nesses capítulos revisados.
Mudanças gerais de texto
O novo manual é organizado em torno das quatro responsabilidades divinamente designadas na obra de salvação e exaltação: viver o evangelho de Jesus Cristo, cuidar dos necessitados, convidar todos a receberem o evangelho e unir as famílias pela eternidade.
“Queríamos realmente fazer com que estas palavras parecessem viáveis, até mesmo para o membro mais novo em Botsuana”, disse Élder Perkins sobre “viver, cuidar, convidar e unir”.
Os manuais anteriores usavam a palavra “auxiliar” para se referir à Escola Dominical, Primária, Sociedade de Socorro, Moças e Rapazes. “Auxiliar” pode conotar secundário ou suplementar. Esta palavra foi mudada para “organização”, que representa melhor o papel integral que esses grupos têm na Igreja, disse Élder Perkins.
Essas organizações, em nível geral, costumam chamar um grupo de pessoas para ajudá-las. O termo “junta geral” foi alterado para “conselho consultivo”, que descreve melhor o papel que tais líderes desempenham ao aconselhar aqueles com quem servem. Em contraste com “junta”, “conselho” é doutrinariamente significativo e mostra que esses líderes trabalham juntos para receber revelação.
A recém-chamada presidente geral da Primária, Camille N. Johnson, falou sobre isso em uma série recente do Church News sobre os conselhos: “Não se trata de reuniões de diretoria, em que instruções são dadas aos executivos para cumprirem certas responsabilidades ou diretrizes. De jeito nenhum. É uma experiência reveladora identificar o que o Salvador tem em mente para Sua Igreja.”
O manual revisado também inclui algumas mudanças nos nomes dos comitês da estaca para melhor refletir suas metas.
“Comitê do Sacerdócio Aarônico e das Moças” foi alterado para “Comitê de Liderança de Jovens” e “Comitê do Sacerdócio de Melquisedeque da Estaca” foi alterado para “Comitê de Líderes Adultos da Estaca”, que agora inclui homens e mulheres.
“Reativação” e “retenção” foram alteradas para “fortalecer os membros novos e os membros que estão retornando à Igreja”, o que comunica mais claramente os papéis que os membros têm nesses aspectos do trabalho.
Termos relacionados ao arrependimento e conselhos de condição de membro da Igreja
A linguagem no Capítulo 32: Arrependimento e Conselhos de Condição de Membro da Igreja foi ajustada para ter um tom mais ministerial e ser mais precisa e clara. A terminologia com tom legal foi removida.
Por exemplo:
- “Período probatório” foi alterado para “restrição à condição de membro”.
- Termos como “jurisdição” e “investigação” foram removidos.
- “Disciplina” foi alterada para “restrição”.
- “Conselho disciplinar” foi alterado para “conselho de condição de membro” (o termo “conselho disciplinar” presumia a necessidade de “disciplina” antes que o conselho fosse realizado).
- “Desassociação” foi alterado para “restrições formais à condição de membro” (“desassociação” conota rejeição e retenção da comunhão, o que é contrário à intenção da ação realizada).
- “Excomunhão” foi alterado para “remoção da filiação à Igreja”.
Uma nova introdução ao capítulo descreve a doutrina do arrependimento. “O desejo era certificar-se de que a ênfase estava no arrependimento — não na disciplina”, disse Élder Perkins.
Presidente Russell M. Nelson ensinou na conferência geral de abril de 2019: “Muitas pessoas consideram o arrependimento uma punição — algo que deve ser evitado, exceto em circunstâncias muito sérias. Entretanto, esse sentimento de punição é engendrado por Satanás. Ele tenta impedir que confiemos em Jesus Cristo, que está de braços abertos, esperando e desejando nos curar, perdoar, limpar, fortalecer, purificar e santificar. (…)
O arrependimento não é um evento, mas um processo. Ele é a chave para a felicidade e a paz de consciência. Quando acompanhado da fé, o arrependimento permite que tenhamos acesso ao poder da Expiação de Jesus Cristo.”
Termos relacionados aos missionários
Os termos “missionário de proselitismo” e “missionário de serviço da Igreja” não são mais usados no manual. Em vez disso, o termo “missionário” é usado para se referir a qualquer pessoa que recebeu um chamado para servir.
“Estamos tentando evitar qualquer preconceito quanto ao tipo de missão que você serve. O importante é você servir ao Senhor”, disse Élder Perkins.
Quando necessário, “missionário de serviço” é usado para se referir aos missionários que moram em casa e servem sob a direção do presidente da estaca. Também quando necessário, “jovem missionário de proselitismo” é usado para se referir aos jovens missionários que servem fora de casa. Em alguns casos, “missionário jovem” e “missionário sênior” são usados como qualificadores para ajudar a esclarecer as políticas.
Termos relacionados à autossuficiência
Além da nova frase “cuidar dos necessitados” — que é usada em todo o Capítulo 22: Prover as necessidades materiais e promover a autossuficiência — o termo “auxílio de bem-estar” foi alterado para “auxílio da Igreja”. A palavra “bem-estar” pode ter uma conotação negativa e é confusa para algumas traduções.
“Preparação para emergências” foi ampliada para “preparação material” para incluir outros elementos, como preparação financeira, emocional e de armazenamento de alimentos.
Outros termos
Élder Perkins também destacou alguns termos frequentemente usados na cultura da Igreja que não estão no manual ou nas escrituras. Esses termos podem levar a mal-entendidos doutrinários.
“Conforme ensina o Senhor em Doutrina e Convênios 82:8, Ele deseja que todos compreendam Sua vontade a nosso respeito. Falar sobre as verdades do evangelho na maneira como Ele e Seus profetas falam sobre elas pode nos ajudar a obter uma melhor compreensão da verdade eterna e evitar interpretações errôneas não intencionais”, disse Élder Perkins.
Alguns santos dos últimos dias usam a frase “tirar sua investidura” ao entrar no templo pela primeira vez. “Nós não retiramos nossas investiduras. Nós recebemos nossa investidura”, disse ele, enfatizando a palavra “receber” e, no singular, “investidura”.
Outro exemplo é “livre arbítrio”, um termo não encontrado nas escrituras. “Você é livre para escolher, que é o arbítrio”, disse Élder Perkins, “mas o único momento em que o arbítrio tem um antecedente é em Doutrina e Convênios, onde diz ‘arbítrio moral’ (…) [que significa] escolher entre o certo e o errado.”
A palavra “doutrina” quando se refere à doutrina da Igreja não deve ser pluralizada, disse Élder Perkins. “Presidente Nelson ressaltou que, nas escrituras, toda vez que ‘doutrinas’ é plural, são as doutrinas dos homens ou as doutrinas dos demônios. Quando é singular, é a doutrina de Cristo.” Uma opção plural para doutrina poderia ser “pontos de doutrina”.
A frase “Eu te convido…” é usada pelos profetas e apóstolos no lugar de “Eu te desafio…” ao encorajar outras pessoas a virem ao Salvador.
“Desafio é uma palavra muito conflituosa, quase conflitante, e não é encontrada nas escrituras”, disse Élder Perkins. Em “Pregar Meu Evangelho”, a terminologia é “convidar” alguém para ser batizado, não “desafiar” tal pessoa a ser batizada. Um convite dá a alguém a chance de exercer seu arbítrio.
E, finalmente, o termo “Autoridade de Área” está desatualizado. As Autoridades de Área foram chamadas por um breve período na década de 1990, mas hoje são chamados de Setentas de Área. O Capítulo 5: Liderança Geral e de Área [em inglês, ainda não traduzido para o português] foi escrito para ajudar os membros a compreenderem as funções dos Setentas Autoridades Gerais, Setentas de Área, presidências de área e oficiais gerais, disse Élder Perkins.
O Manual Geral está disponível em ChurchofJesusChrist.org e no aplicativo Biblioteca do Evangelho.