Em homenagem ao 22º aniversário dos ataques terroristas do dia 11 de setembro de 2001, os membros da equipe do Church News compartilham lembranças pessoais daquele dia e de suas consequências.
Este artigo foi originalmente publicado em 9 de setembro de 2021
Sarah Jane Weaver: Uma carta para minhas filhas

Não consegui dormir na noite de 11 de setembro de 2001, então escrevi uma carta para minhas filhas pequenas — de 2 anos e 8 semanas de idade. “Estou escrevendo para lhes contar sobre este dia, um dia do qual vocês não se lembrarão, mas que mudou para sempre o mundo em que vocês vivem.”
Escrevi sobre ter assistido ao vivo na televisão quando terroristas colidiram dois aviões comerciais contra o World Trade Center em Nova York e um terceiro contra o Pentágono em Washington D.C., e sobre um quarto avião que caiu em um campo aberto no estado da Pensilvânia.
“O dia trouxe consigo sentimentos de pesar e medo — luto por aqueles que morreram e medo de que, como resultado deste dia, outros morreriam. … Olhando do deck do nosso quintal, parecia que o mundo tinha parado; até mesmo as ruas de Utah estavam tranquilas.”
Para minhas filhas era um dia comum; minha filha mais velha brincou com brinquedos e no balanço de seus avós. Para meu marido e para mim, o dia foi marcado pelo desespero de fazermos algo e pela realidade de que podíamos fazer muito pouco. Meu marido, um funcionário da Delta Airlines, foi aconselhado a não se apresentar para o trabalho. Eu era uma repórter do Church News em licença-maternidade. Pensamos em doar sangue, mas a Cruz Vermelha tinha filas que duravam de três a quatro horas.
Então, nós ouvimos.
“Ouvimos Presidente George W. Bush falar ao povo norte-americano e garantir que os terroristas seriam capturados e punidos.” Ouvimos Presidente Gordon B. Hinckley discursar em uma cerimônia especial no Tabernáculo, durante a qual o Coro do Tabernáculo apresentou hinos patrióticos e canções de paz. Ouvimos declarações do governador de Utah e de vários líderes do congresso nacional. Conversamos pelo telefone com amigos e familiares. Ouvimos os contínuos relatos da imprensa. Assistimos a vídeos na TV que mostravam os desastres repetidamente.
Finalmente, encontramos paz em um lugar seguro — nos voltando para o Senhor em oração. Essa perspectiva edificante é expressada no último parágrafo da carta para as minhas filhas. “Nesta noite, não sabemos por que ou como isso aconteceu, ou se vai acontecer novamente. Tudo que sabemos é que amamos uns aos outros, vocês duas, e este país. Nesta noite, oramos pelas vítimas. Nesta noite, oramos por esta nação e seu povo. Nesta noite, oramos por vocês e por seu futuro.”
Valerie Walton: Um cenário catastrófico imaginado que de repente se tornou realidade

No dia 10 de setembro de 2001, alguns dos alunos da sexta série da sala professora McCarthy carregaram algumas caixas que continham o projeto da classe sobre decomposição para o porão da MillCreek Elementary School. Dentro de algumas semanas, veríamos o que o calor do sistema de aquecimento e a falta de luz fariam aos potes de conserva cheios de sujeira e lixo.
O local geralmente fora dos limites parecia impenetrável com suas grossas paredes de cimento no subsolo — tal como um abrigo anti-bomba. Eu me perguntei em voz alta para meus amigos: “O que aconteceria se uma bomba explodisse?” O porão não parecia grande o suficiente para toda a escola se precisássemos nos esconder lá para nos protegermos.
Na manhã seguinte, meu pai assistiu às notícias enquanto se preparava para o trabalho. Vi de relance as Torres Gêmeas em chamas. Quando cheguei à escola, a professora McCarthy também nos fez assistir às notícias. Ela disse que precisava ter cuidado ao nos deixar assistir à cobertura ininterrupta para não ficarmos dessensibilizados aos ataques, mas não desligou a TV.
Não pude deixar de pensar no meu comentário espontâneo do dia anterior, quando imaginei um cenário catastrófico que de repente se tornou muito mais real.

David Schneider: Preocupações imediatas às vezes dificultam a visão de eventos importantes

Às vezes, as preocupações mais imediatas atrapalham nossa visão de eventos importantes. Foi o que aconteceu comigo no dia 11 de setembro de 2001.
Com três crianças no ensino fundamental e duas em idade pré-escolar em casa, preparar três delas para a escola era a prioridade que estava em minha mente. Ao ouvir pelo noticiário de rádio que um avião havia colidido contra uma torre do World Trade Center, pensei em três coisas: “Isso é um acidente horrível”, “Esse será o maior assunto das notícias de hoje” e “Tenho que começar a acordar as crianças.” Mesmo após a colisão do segundo avião, eu estava concentrado em minhas tarefas.
A seriedade da situação só começou a pesar sobre mim quando eu estava dirigindo para o escritório e ouvi que um avião havia colidido contra o Pentágono. Os editores do jornal Deseret News fizeram planos para publicar uma edição “extra”, que seria distribuida às bancas de jornais durante o horário de almoço, para as pessoas que quisessem ler sobre os eventos do dia. Nos 19 anos em que havia trabalhado para o jornal, esta foi a primeira vez que fizemos isso.
No mês passado, visitei a cidade de Nova York pela primeira vez desde antes de 2001. Ao visitar o museu e as piscinas de reflexão, agora sem nenhuma criança pequena, a seriedade do que aconteceu pesou sobre mim novamente, duas décadas mais tarde.
Rachel Sterzer Gibson: Colocar as pequenas ansiedades em perspectiva

Eu estava atrasada para uma carona naquela manhã. Como uma adolescente de 16 anos de idade, havia passado muito tempo em frente ao espelho do banheiro tentando cobrir uma espinha em meu queixo, e em frente ao meu armário me preocupando com a escolha da roupa do dia.
Quando meu tio Jim, que levava meu primo e eu à escola todas as manhãs, tocou a buzina de sua velha caminhonete Chevy, tive que correr para calçar meus sapatos e enfiar minha lição de casa na mochila antes de disparar para o carro.
Lembro-me vagamente de ter ouvido trechos e partes de novas reportagens através do rádio do carro do meu tio e de seu comportamento normalmente afável substituído por um semblante de tristeza. Mas prestei pouca atenção e, em vez disso, me estressei com um trabalho de Inglês meio concluído e com o próximo teste de Física.
O dia inteiro, porém, nunca abri um livro ou sequer toquei em um lápis. Em vez disso, me sentei junto a meu colega do ensino médio, fixada na cobertura do noticiário de TV sobre o que estava acontecendo do outro lado do país.
Nunca me esquecerei de estar sentada na aula de Inglês da professora Aalen quando a primeira torre desmoronou, e todos nós ficamos chocados e gritamos apavorados.
Quando finalmente voltei para casa naquela tarde, encontrei minha mãe ouvindo seu CD favorito de trilhas sonoras, alheia às notícias que estavam sendo transmitidas sem parar em todas as estações de TV e rádio. Ela rapidamente sintonizou a estação de rádio de notícias locais. Ela chorou ao ouvir os detalhes dos terríveis acontecimentos do dia. Ela expressou medo sobre a guerra e sobre o futuro de meus dois irmãos mais velhos.
De repente, minha vida e ansiedades se tornaram muito pequenas e insignificantes.

Vanessa Fitzgibbon: O amor por e de nosso Salvador

Fazia apenas duas semanas que nossa família havia se mudado para Madison, Wisconsin, onde eu começara meu doutorado. Naquela terça-feira, quando levei meu filho de dois anos à creche, vi pela televisão o primeiro avião acertando uma das torres. Conforme fiquei sabendo mais sobre o que havia acontecido, senti que ninguém tinha um pleno entendimento do que estava se passando.
No dia seguinte, fui chamada para traduzir alguns documentos do português para inglês, relacionados aos ataques. Esta experiência me levou muito perto da realidade em torno dos eventos, e vi em primeira mão o ódio que há no mundo. Ao mesmo tempo, estava imaginando como explicaria para meus filhos o conceito de um ataque terrorista e o mal que havia destruído tantas vidas.
Meses depois, viajei a Nova York e tive a oportunidade de ver os holofotes que haviam sido colocados em lembrança ao 11 de setembro. Apesar do terror que simbolizavam, imediatamente senti um grande amor por e de nosso Salvador. Não obstante tenha ocorrido a tragédia, as duas colunas de luz apontando para os céus mostravam a fé, esperança e coragem do povo norte-americano. Para mim, também foi uma certeza de que o Senhor está, e sempre estará no comando.

Megan McKellar: Esperança no plano de Deus para Seus filhos

Eu tinha 6 anos de idade no dia 11 de setembro de 2001. Minha compreensão dos acontecimentos do dia e suas implicações foram moldadas gradualmente, à medida que fui ficando mais velha, através de discussões familiares e aulas, inclusive universitárias.
Visitei o Memorial de 11 de Setembro enquanto servia como missionária na cidade de Nova York em várias ocasiões. No memorial, a água corre sobre duas crateras de pedra, e o som bloqueia o caos e o barulho da cidade. Cada vez que estive lá, senti tristeza pelas vidas perdidas e um mundo em conflito, mas também esperança na mensagem que eu, uma missionária de tempo integral, trabalhei com afinco para compartilhar: Deus é um Pai Celestial amoroso que tem um plano para cada um de Seus filhos, que torna possível nos reencontramos com entes queridos que já se foram; a mensagem de que “tudo que é injusto na vida pode ser corrigido por meio da Expiação de Jesus Cristo.”
Sou grata pela forma como as tragédias nos moldam, nos unem e geram compaixão e conexão; e oro para que a solidariedade que sentimos ao refletir coletivamente sobre os eventos de 20 anos atrás permeie todos os outros aspectos de nossa vida hoje.
Sydney Walker: O medo cedeu lugar à lembrança, ao respeito e à humildade

Na manhã do dia 11 de setembro de 2001, eu estava sentada na classe da segunda série da professora Lunsman em Cincinnati, Ohio. Meus colegas de classe e eu estávamos trabalhando em uma atividade quando a professora Lunsman ligou a TV. Vi dois edifícios muito altos com grandes nuvens de fumaça cinza. Lágrimas rolaram pelo rosto da minha professora.
Tive medo. Eu não sabia o que ou onde estavam aqueles edifícios ou por que havia fumaça ao redor deles. Mas pude perceber pela reação da minha professora que algo ruim havia acontecido.
Cheguei da escola naquela tarde e encontrei minha mãe na frente da TV segurando meu irmão de 6 meses de idade. Ela estava observando a mesma cena que eu havia visto naquela manhã, seu rosto vermelho, molhado de lágrimas.
No ano seguinte, no aniversário de um ano do dia 11 de setembro, fui com minha mãe a uma cerimônia em uma igreja local. A grama estava coberta com quase 3 mil pequenas bandeiras norte-americanas, representando aqueles que foram mortos.
Conforme fiquei mais velha e aprendi mais sobre aquela cena que vi na TV, o medo que havia sentido deu lugar a sentimentos profundos de lembrança, respeito e humildade. A bandeira norte-americana se tornou um símbolo de esperança e união para mim, e continua sendo até hoje.

Christine Rappleye: Valorizar as experiências de outras pessoas

Na manhã do dia 11 de setembro de 2001, ouvi trechos sobre aviões e as torres do World Trade Center desmoronando quando eu estava saindo apressadamente de uma aula de Religião pela manhã cedo no campus para uma aula de Reportagem on-line, na qual eu esperava poder me inscrever. O professor nos colocou para trabalhar revisando sites de uma variedade de agências de notícias para vermos quão rapidamente elas cobriam as notícias de última hora.
Depois disso, tivemos tempo para compartilharmos ou falarmos sobre o que acontecera. Gostei de ouvir as perspectivas de outras pessoas, inclusive a de um estudante que compartilhou como havia visitado Nova York no início daquele verão e tinha estado anteriormente nas ruas caóticas que estavam sendo filmadas.
Quando voltei ao meu apartamento, encontrei duas de minhas companheiras de quarto — irmãs indianas. Elas eram hinduístas e conheciam muitos dos estudantes que não eram membros da Igreja. Enquanto conversávamos, elas compartilharam suas preocupações e as de amigos que eram muçulmanos — e mantendo-se discretas. Estas preocupações pareceram mais imediatas e diferentes das minhas — uma perspectiva que eu não teria compreendido de outra forma.
Desde então, tenho coberto uma variedade de memoriais sobre o dia 11 de setembro. Conforme tenho ouvido e valorizado as experiências de outras pessoas, continuo a aprender coisas que não teria aprendido sozinha.
Scott Taylor: Um momento espiritual pessoal ao enviar um missionário

Uma manhã de terça-feira ensolarada. Um amigo telefonou, perguntando se eu estava assistindo ao bizarro acidente de avião em Nova York — eu não estava. Ao cumprimentar minha esposa na entrada da garagem depois de sua corrida matinal, compartilhei com ela os poucos primeiros detalhes do que seria conhecido como os ataques de 11 de setembro.
Estas são as minhas primeiras lembranças do dia 11 de setembro de 2001 — depois disso, lembro-me de ter ficado grudado às reportagens da TV e dos jornais naquele dia e durante semanas, esperando que os relatos de honra e heroísmo ajudassem a equilibrar os horrores.
Meses depois, o dia 11 de setembro ainda tinha suas garras em nossa psique coletiva. Em junho de 2002, deixamos nosso filho mais velho no Centro de Treinamento Missionário de Provo. Lembro-me de ter sido tomado de ansiedade.
“Ele estará servindo na Ucrânia, do outro lado do mundo”, pensei eu. “E se houver outro incidente internacional que tenha impacto no transporte e na comunicação? Quem se preocupará e cuidará dele? Sou seu pai, esse é meu papel — e se eu não conseguir chegar até ele?”
Um momento espiritual pessoal me impediu de revisitar tais preocupações alimentadas pelo pânico durante o resto de sua missão.
Anos mais tarde, essas memórias ampliaram minha admiração pelos missionários e suas famílias afetados pela pandemia da COVID-19, com todas as desobrigações antecipadas, retornos e novas designações em todo o mundo.

Ryan Jensen: Aproveitem mais plenamente a luz do sol

Tendo retornado recentemente para casa em Utah após servir uma missão na Colômbia, eu estava animado para assistir a um devocional ao vivo para jovens adultos no Centro de Conferências.
Presidente Gordon B. Hinkley era o presidente da Igreja, e estava escalado para discursar. O devocional seria no domingo, dia 9 de setembro de 2001.
O título de sua mensagem naquela noite? “Não temas, crê somente.”
Embora os terríveis eventos do dia 11 de setembro só acontecessem dali a dois dias, algumas das palavras de Presidente Hinckley soaram tão verdadeiras após a tragédia quanto hoje.
“Parem de procurar as tormentas e aproveitem melhor a luz do sol”, disse ele.
A tempestade que surgiu nos dias, meses e anos subsequentes fez com que, às vezes, fosse difícil ver a luz do sol. Isso torna suas palavras — proferidas como um profeta — muito mais impactantes e importantes para mim.
Em 2011, visitei o local onde as duas torres do World Trade Center ficavam. As nuvens envolviam o topo do quase completo edifício do One World Trade Center. Um relâmpago iluminou o interior das fontes memoriais. A chuva molhou os nomes das pessoas que morreram ali. Tudo isso me lembrou de “aproveitar mais plenamente da luz do sol.”