“Sem precedentes” é um termo que muitas pessoas, inclusive presidente Russell M. Nelson, usaram para descrever o período desde que a disseminação do coronavírus começou a interromper as atividades normais de empresas, organizações, escolas, igrejas e indivíduos.
Esse termo certamente se aplica aos últimos dois anos nos locais históricos da Igreja. Os líderes do Departamento de História da Igreja esperavam que 2020 fosse um dos anos mais movimentados de todos os tempos em muitos dos locais históricos da Igreja, com santos dos últimos dias celebrando o bicentenário da Primeira Visão do Profeta Joseph Smith.
Em vez disso, em março de 2020, a Igreja anunciou que, como medida de proteção contra a pandemia de COVID-19, os locais históricos da Igreja seriam fechados [em inglês] — algo que nunca havia acontecido antes.
Quando Gary Boatright, que tem trabalhado com os locais históricos da Igreja por aproximadamente 15 anos, reflete sobre os mais de 20 meses de pandemia, a primeira palavra que lhe vem à mente é “imprevisível”.
“Foi realmente um ano muito imprevisível”, Boatright disse recentemente ao Church News.
Logo após o fechamento dos locais, muitos casais missionários seniores, que compõem grande parte da equipe de apoio nos locais, mas corriam maior risco de contrair o vírus, foram enviados de volta para casa. Jovens sísteres missionárias internacionais foram transferidas para seus países de origem. Ao mesmo tempo, os locais também receberam muitas jovens sísteres missionárias, e tanto os diretores dos locais quanto os líderes do Departamento de História da Igreja se perguntaram: “Como vamos mantê-las ocupadas?”
Felizmente, os líderes e as missionárias foram criativos e responderam com a oferta de tours virtuais desses espaços sagrados. Dentro de algumas semanas, a maioria dos locais históricos estava oferecendo tours virtuais ao vivo para indivíduos, de Utah ao Alasca, à França, ao Suriname e às Filipinas. E isso foi apenas 2020.
Leia mais: Como locais históricos da Igreja estão cumprindo seu propósito durante a pandemia [em inglês]
“Não sabíamos o que esperar em 2021”, disse Boatright.
No ano passado, os locais começaram a reabrir para visitantes presenciais novamente, porém com medidas de proteção contra a COVID-19 em vigor. A Igreja também anunciou grandes planos para recuperar o local histórico do Monte Cumora e em maio, uma nova área histórica da cidade de Nauvoo — o Distrito do Templo de Nauvoo — foi dedicado. Durante todo esse período, os locais continuaram a oferecer tours virtuais para pessoas em todo o mundo, as quais nunca teriam tido a oportunidade de viajar até o local.
A retrospectiva sempre nos oferece uma visão completa, observou Boatright, mas ao relembrar todas as “loucuras” e dificuldades, especialmente durante os primeiros meses de 2020, “fica claro que a mão do Senhor estava nos guiando, o tempo todo”.
Como gerente de operações dos locais históricos, Boatright presenciou de perto as incertezas e os desafios apresentados pela pandemia de COVID-19, bem como os milagres, a resiliência e as inovações que surgiram como resultado. Por isso, a segunda palavra que vem à sua mente para descrever os último dois anos é “inspiração”.
“Realmente, tem sido uma bênção refletir e ver que a mão do Senhor esteve presente”, disse Boatright.
Lições aprendidas
Em retrospectiva, uma das grandes lições da pandemia foi o poder dos tours virtuais, disse Boatright.
No ano passado, os locais apresentaram o mesmo número de tours presenciais e virtuais. “Este ano e o ano passado realmente marcaram a primeira vez que a Igreja pôde levar locais históricos a uma audiência global. E os comentários que temos recebido são fenomenais.”
Boatright recebeu e-mails e comentários de membros da Igreja em todo o mundo que se sentem muito gratos por poderem conhecer esses lugares. “O Bosque Sagrado, onde Joseph Smith recebeu a Primeira Visão, é um local significativo e sagrado para todos os membros da Igreja em todo o mundo, quer sejamos santos dos últimos dias de terceira geração em Utah, ou de primeira geração na África Ocidental.”
Outra lição da pandemia, continuou Boatright, foi a necessidade de sermos flexíveis. “Aprendemos que realmente precisamos ser ágeis a respeito do que estamos fazendo nos locais históricos.”
Um bom exemplo disso é o início dos tours virtuais. Quando a pandemia surgiu pela primeira vez, o Departamento de História da Igreja já estava fazendo experiências com tours virtuais. Normalmente, a implementação de algo desse tipo exigiria aprovações, discussões e comitês, o que leva tempo.
Em vez disso, a pandemia agiu como um gatilho. Os líderes dos locais experimentaram e descobriram as coisas rapidamente, e passaram dos testes à realidade em questão de dias.
No ano passado, à medida que os locais foram reabrindo para visitantes presenciais, eles tiveram que lidar com várias restrições locais e medidas de proteção contra a COVID-19, e números oscilantes de funcionários e visitantes.
“Aprendemos que podemos fazer as coisas de maneira diferente do que fazíamos antes”, disse Boatright.
Seguindo em frente
No início deste ano, Benjamin Pykles, curador dos locais históricos da Igreja [em inglês], observou em um artigo do Church News que eles ainda têm muito trabalho a fazer para continuar a alcançar seu público global. Uma turnê pré-gravada pode ter um papel a desempenhar em áreas do mundo que nunca terão o mesmo horário de funcionamento que os locais históricos, que estão localizados nos Estados Unidos. No momento, os locais podem oferecer tours ao vivo em apenas alguns idiomas, e locais específicos, como as Trilhas Mórmons em Wyoming, têm dificuldades para fornecer tours virtuais devido a problemas de conexão.
“Embora estejamos apenas começando, estamos animados para continuarmos o trabalho para alcançarmos esses objetivos”, disse Pykles.
À medida que mais pessoas se preparam para visitar muitos desses lugares no próximo ano, Boatright espera que elas continuem sendo pacientes e compreensivas, conforme cada local tenta gerenciar as mudanças nas diretrizes locais de COVID-19 e, em alguns casos, a falta de funcionários.
Ao aguardar e discutir o que espera dos visitantes, tanto presenciais quanto virtuais, Boatright compartilhou uma lição que aprendeu recentemente com David L. Frischknecht, diretor de assuntos temporais dos Locais Históricos da Igreja. Em relação aos locais históricos, “eles eram sagrados na época e continuam sendo sagrados hoje”.
Boatright explicou: “Esses locais se tornaram sagrados pela fé e dedicação dos primeiros santos e pelos acontecimentos milagrosos que ocorreram nesses lugares. Eles são sagrados agora por várias razões: pelo sacrifício e dedicação dos missionários, que são chamados para servir nestes lugares; … pelas vidas que são transformadas, pelos membros da Igreja que os visitam e fortalecem sua fé e seu testemunho; por pessoas de outras religiões que vêm, aprendem mais sobre a história e saem com um sentimento e uma compreensão de que o que acabaram de visitar é um lugar santo e sagrado.”
Os locais históricos da Igreja devem ser vivenciados, em vez de apenas vistos e removidos de uma lista, disse Boatright.
Se os visitantes reservarem um tempo para se conectarem e realmente vivenciarem esses espaços sagrados, seja pessoal ou virtualmente, “sua vida mudará”, prometeu Boatright. “Eles sairão com um relacionamento mais próximo a seu Pai Celestial. Eles sairão com uma melhor compreensão da história da Igreja. Eles realmente sairão com um testemunho mais firme da Restauração do evangelho.”