PROVO, Utah — Quando a vida parece ser uma tragédia incompreensível e um sofrimento após o outro, disse Élder Jeffrey R. Holland aos estudantes da Universidade Brigham Young, “é quando a fé em Deus, em Cristo e em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias realmente importará.”
O membro do Quórum dos Doze Apóstolos ofereceu esta admoestação: “Pratiquem agora e sejam fortes para os momentos de aflição e refinamento que virão.”
No devocional no campus da BYU desta terça-feira, dia 18 de janeiro, Élder Holland contou as experiências de uma família para ilustrar a dificuldade das lições da vida, e o que significa nos submetermos fielmente àquilo que Deus permite. Ele foi acompanhado por sua esposa, a irmã Patricia Holland, que também discursou.

Família Russell
Em uma conferência geral realizada há cerca de cinco anos, Élder Holland compartilhou a história de Troy e Deedra Russell — um casal que encontrou paz depois que Troy Russell acidentalmente atropelou seu filho de 9 anos de idade, Austen, ao tirar sua caminhonete da garagem.
Podemos pensar que perder um filho da maneira que eles perderam Austen seria um teste suficiente para qualquer pessoa, disse Élder Holland.
Mas como o rei Benjamim ensinou, talvez o propósito fundamental da vida mortal seja “[nos tornarmos] santo[s] pela expiação de Cristo, o Senhor”. Isso requer que o indivíduo “torne-se como uma criança, submisso, manso, humilde, paciente, cheio de amor, disposto a submeter-se a tudo quanto o Senhor achar que lhe deva infligir”, (Mosias 3:19).
Élder Holland observou que, neste versículo, “infligir” significa “permitir”. Deus nunca fará algo destrutivo ou injusto, disse ele, mas porque Deus é perfeitamente bom, “tudo o que Ele faz é para o nosso bem.”
Durante as primeiras horas da manhã de 8 de setembro de 2021, Deedra Russell estava dirigindo em uma rodovia interestadual, quando viu uma caminhonete na contramão vindo em sua direção, em alta velocidade. O motorista embriagado de 39 anos de idade bateu de frente com ela.

Apesar da gravidade indicada pelo estrago dos veículos, Deedra Russell não morreu neste acidente. Após 132 dias de hospitalização — cerca de 40 deles em terapia intensiva — ela ainda está lutando por sua vida. O motorista também sobreviveu.
Arrependimento
Élder Holland identificou vários princípios relacionados ao evangelho com base na experiência da família Russell. Primeiro, o motorista e sua família ensinaram o que é sentir remorso genuíno, assumir responsabilidade por danos e sofrimento, mudar hábitos e comportamentos, e pedir a Deus para carregar o que não se pode reparar ou retribuir.
O motorista estava na plateia durante o devocional da BYU com seus pais e alguns membros da família Russell. Ele tem escrito, orado e visitado a família Russell. Além disso, ele e seus familiares doaram o que teriam gasto em presentes de Natal para ajudar a compensar os encargos financeiros da família Russell.
Lendo a cópia de uma carta de oito páginas escrita à mão, Élder Holland citou algumas das palavras do motorista para a família Russell:
“Deedra, me sinto muito mal [sobre o que] eu [fiz] a você. Meu coração está [partido]. Mal posso respirar. Sinto muito pelo estado de dor em que você se encontra. … Troy, você é um anjo [por ter me perdoado]. … Lamento muito que vocês já tenham passado por tanta coisa em sua vida, e agora isso, tudo por minha causa. …. … [Mas] estou frequentando a Igreja novamente. Estou lendo as escrituras todas as noites. E, por favor, diga às crianças que lamento muito ter machucado a mãe deles. [Deedra,] sei que quase tirei sua vida, mas se isso tem alguma importância, você salvou a minha.”
Élder Holland salientou a sabedoria de um Pai Celestial amoroso, que dá admoestações paternas e advertências divinas, as quais poupam Seus filhos de agonia. É por isso que o Salvador disse: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.”

“Unirmo-nos com o Salvador nesse pedido, faz parte da obrigação apostólica, disse Élder Holland. “Nós sempre expressamos nosso amor — sempre — mas somos moralmente obrigados a pedir obediência aos mandamentos como prova desse amor.”
Perdão
Uma segunda lição da história da família Russell, continuou Élder Holland, é a necessidade de perdoarmos.
“Por mais chateados que Troy e Deedra pudessem justificadamente ter ficado com essa terrível experiência, eles sentiram que não podiam e não deveriam reter o perdão para aquele que cometeu a ofensa”, disse o Apóstolo. Durante os últimos cinco anos, o próprio Troy tem lutado com seu acidente na perda de seu filho de 9 anos.
Aplicando este princípio aos estudantes da BYU, Élder Holland disse: “Não há nenhum de nós neste campus que não tenha precisado de perdão por algum erro cometido, em algum lugar, em algum momento. Nosso ato pode não ter sido tão severo quanto ao que estamos recontando hoje, mas todos nós já cometemos erros, e alguns deles foram graves. Eu me incluo nessa lista.
“Seja qual for o evento, todos nós agradecemos a Deus por ser o Pai do perdão e pelos dons de misericórdia e alívio que Ele nos oferece, tudo o que, por fim, chega a nós por meio da majestosa expiação de Seu Filho Unigênito, o Senhor Jesus Cristo.”
‘Por que eu?’
Em momentos de sofrimento e dor, podemos ser tentados a perguntar: “Por que eu? Por que nós? Por que novamente?” ou, “Deus realmente se importa comigo?”
Embora Élder Holland nunca tenha ouvido o casal Russell fazer essas perguntas, eles não teriam sido os primeiros a fazê-las. O Profeta Joseph Smith perguntou: “Ó Deus, onde estás?”, e até mesmo o Salvador, enquanto expiava os pecados do mundo, Se perguntou se havia sido abandonado.

A resposta divina a tais perguntas, disse Élder Holland, é sempre a mesma: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus.”
“Então, quando estiverem sendo martelados na bigorna da adversidade, quando sua alma estiver sendo refinada com lições severas que talvez não possam ser aprendidas de outra forma, não fujam”, disse ele aos estudantes da BYU. “Não abandonem o navio. Não se aborreçam com seu bispo, seu presidente de missão ou Deus. Por favor, permaneçam com a única ajuda e força que pode lhes ajudar nesse momento doloroso.
“Quando tropeçarem na corrida da vida, não se afastem do próprio Médico que está sempre a seu lado para cuidar de seus ferimentos, erguê-los e ajudá-los a terminarem o percurso.”
O significado da fé
Ninguém sabe por que, às vezes, somos poupados de uma tragédia e outras vezes não, “mas é nessas ocasiões que a fé deve realmente significar algo, ou não é fé de modo algum”, disse Élder Holland.
“O que precisamos de todos nós em conjunto, de vocês e de mim, das pessoas que estão inabaláveis na Igreja, bem como das que estão que estão tendo dificuldades para se manterem firmes, é a poderosa fé, uma fé que nos sustente aqui e agora, não apenas no dia do julgamento ou em algum lugar na glória celestial.”
Élder Holland concluiu testificando sobre o processo de refinamento da vida, de nos tornarmos “santos por meio da expiação de Cristo, o Senhor” e a fé e a humildade, tais como as de uma criança, que são necessárias.

“Testifico que quando a vida traz decepção ou tristeza — e ela ocasionalmente trará — o evangelho de Jesus Cristo e a Igreja que adota a sua plenitude são verdadeiros e fortes, eles são o que o salmista chamou de ‘um refúgio para o oprimido, um refúgio em tempos de angústia.’”
‘Um Deus que tem pensamentos de paz’
Antes da mensagem de Élder Holland, a irmã Holland disse aos estudantes que reconhece as muitas expectativas que eles enfrentam e que alguns dias poderão ser dolorosos, solitários e assustadores.
Quando esses dias chegarem, ela lhes pediu que se lembrassem da verdade encontrada em Jeremias 29, a qual tem se apegado: “Porque eu bem sei os pensamentos que eu penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais [ou um final feliz, o ‘final’ que desejo para vocês]. Então me invocareis, e … orareis a mim, e eu vos ouvirei.”
A irmã Holland acrescentou seu testemunho de “um Deus que tem pensamentos de ‘paz’ a nosso respeito, e não de ‘mal’, um Deus que ‘ouvirá’ a todos nós em nosso momento de necessidade.”
Respostas dos estudantes
Élder Holland compartilhou a mensagem perfeita para a comunidade do campus neste momento, disse Megan Heaton, uma estudante da BYU de Provo, Utah. “Todos se sentiram muito gratos por terem ouvido seu conselho positivo.”
Heaton assistiu ao vídeo da Igreja que destacou a história da família Russell enquanto servia como missionária na Inglaterra.
Ela disse que aprender sobre sua fé e as experiências pelas quais passaram desde a publicação do vídeo, foi inspirador. “Mesmo quando as pessoas passam pelos momentos mais difíceis, sempre há esperança”, disse ela.

Addey Kerr, uma estudante de Syracuse, Nova York, cursando Estudos da Família, disse ao Church News que apreciou a mensagem de perdão e a “compreensão de que há uma possibilidade de mudança.”
“Cada desafio que surge em nosso caminho proporciona uma oportunidade de mudança para ambos os envolvidos — a pessoa que feriu e a que foi ferida”, disse ela.
Jacob Smith de Eagle, Idaho, que está estudando Engenharia Mecânica, disse que pensou em uma amiga durante o devocional, a qual ele espera que tenha ouvido a mensagem. “Ela acabou de ouvir algumas notícias muito ruins que irão afetá-la para o resto de sua vida”, disse ele a respeito de sua amiga.
Smith se referiu ao vídeo que Élder Holland mostrou durante sua mensagem, no qual Troy e Deedra Russell compartilham seus testemunhos sobre permanecermos fieis nos momentos de provação.
“Uma das coisas que Troy mencionou em seu testemunho é que alguém disse: ‘Oh, isso é provavelmente a pior coisa que pode acontecer nesta vida’, e ele disse: ‘Não, a pior coisa é não estarmos com nossa família para sempre.’
“Troy e Élder Holland me lembraram de pensar sobre a perspectiva eterna das coisas. A perspectiva eterna faz com que passarmos pelas dificuldades da vida seja muito mais fácil”, disse Smith.