Mulheres na Guiana, também conhecida como Guiana Inglesa ou Britânica, estavam costurando máscaras faciais à mão durante a pandemia de COVID-19, quando os Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias e a organização Sew Much Hope [sites em inglês] fizeram uma parceria para enviar 90 máquinas de costura para o país sul-americano.
Agora, muitas dessas mulheres estão usando as máquinas para sustentarem a si mesmas e melhorarem sua condição de vida.
Estas não são apenas máquinas de costura comuns. Elas foram adaptadas em modelos com manivela que não precisam de eletricidade. Estas máquinas requerem apenas um pouco de treinamento e simples manutenção ocasional — o que faz com que elas sejam perfeitas para uma situação específica na Guiana.
Máscaras faciais costuradas à mão
Costurar máscaras faciais de tecido — mesmo à mão — em 2020 proporcionou a mulheres na Guiana a oportunidade de ganharem dinheiro durante a pandemia, especialmente para refugiadas da Venezuela, como Olive da Silva. O programa foi patrocinado pela ACNUR, a Agência das Nações Unidas para Refugiados, e por A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
“Isso muito útil para mim porque não tenho nenhum alicerce aqui, minha vida ficou na Venezuela”, disse Silva em um post no blog da ONU na Guiana [em inglês]. “Isso está me ajudando a me manter financeiramente, ser ativa, fazer algo e poder ter uma comunidade aqui novamente.”
Contudo, quando Cameron Hatch, dos Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias, viu as fotos do projeto, ele percebeu que elas estavam costurando as máscaras à mão.
“Eu perguntei: ‘Alguma dessas mulheres tem máquinas de costura?’ Eles responderam que não. Continuei: ‘Existe uma razão para isso?’ Eles responderam: ‘Sim, elas não têm acesso à eletricidade.’ Então tive uma ideia”, disse Hatch ao Church News esta semana.
Hatch conversou com Gino Rich, fundador da organização Sew Much Hope, sobre como levar máquinas de costura para a Guiana. A Sew Much Hope obtém máquinas de costura velhas ou doadas e as adapta em modelos com manivela para países do Terceiro Mundo. Rich concordou plenamente com a ideia de Hatch.
O envio das máquinas de costura para a Guiana
Rich nunca tinha feito nada em uma escala tão grande antes. Mas dentro de alguns meses, Hatch, Rich e outros voluntários adaptaram 80 máquinas com manivelas para serem enviadas para a Guiana, além de 10 máquinas elétricas para os Centros de Subsistência da ONU em todo o país.
Em dezembro de 2020, eles embalaram as 90 máquinas em três paletes com seus estojos, bobinas e acessórios. Eles preencheram os espaços entre as máquinas com vestidos e outras roupas que foram doados ao Centro Humanitário [em inglês] da Igreja em Salt Lake City, para que as mulheres na Guiana pudessem usá-los ou alterá-los, conforme necessário.
Rich então ajudou a realizar um treinamento virtual com um grupo de mulheres para que elas soubessem como usar as máquinas de costura. Essas mulheres, por sua vez, tornaram-se treinadoras mestres para mostrar a outras pessoas como usar as máquinas. Ao final do projeto de confecção de máscaras, as mulheres haviam costurado mais de 50 mil máscaras faciais que foram compradas pela ACNUR e distribuídas para pessoas em toda a Guiana durante a pandemia.
“Não há nada mais empoderador do que uma máquina de costura nas mãos de uma mulher”, disse Rich.
Abrir um negócio de costura
Maria [nome alterado para manter a confidencialidade] é uma das mulheres que recebeu uma máquina de costura com manivela e o treinamento no início de 2021. Ela é uma refugiada da Venezuela que buscou uma vida melhor na Guiana.
“Esse projeto ajudou a atender às necessidades da minha família”, disse Maria em um post no blog da ONU [em inglês]. “Costuramos máscaras faciais. Primeiro fizemos isso à mão, mas quando recebemos as máquinas de costura, tudo se tornou mais rápido e eficiente.”
Agora, Maria sonha em melhorar sua condição de vida, e espera abrir seu próprio seu negócio e expandir a produção para incluir a costura de roupas infantis. Ela também planeja expandir seu negócio de costura para confeccionar outras coisas, como estojos para cosméticos e lápis.
Isso é exatamente o que Rich esperava que acontecesse. “Ensinamos a uma mulher como a máquina de costura funciona, como prepará-la para o uso, como lubrificá-la e como cuidar dela. Mas não ensinamos a ela o que costurar. Isso depende delas e de suas necessidades locais”, disse ele.
Atender a necessidades locais e melhorar a condição de vida
Rich disse ao Church News que acredita que o efeito geracional de uma máquina de costura continuará a tirar as famílias da pobreza por três ou mais gerações: “As mulheres na Guiana passarão as máquinas de costura que demos a elas de mãe para filha. É por isso que é impossível saber o impacto total que nossas máquinas de costura terão. Isso só Deus sabe”, disse ele.
Rich continua arrecadando fundos, adaptando e enviando máquinas com manivela para outros países, onde suas máquinas têm sido usadas para costurar artigos médicos e de limpeza, roupas e uniformes escolares para que meninas possam frequentar a escola. “Todos os dias, salvamos mulheres que não conhecemos. Elas não nos conhecem, mas Deus conhece a todos nós. Isso é o suficiente”, disse Rich.
No aniversário de um ano do envio marítimo dessas máquinas para a Guiana, Hatch refletiu sobre a missão dos Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias e as oportunidades de melhorar a condição de vida das pessoas.
“Este é realmente um projeto que demonstra a flexibilidade que os Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias têm em responder a necessidades locais e envolver organizações locais para que estes serviços humanitários sejam realizados. Esses tipos de projetos parecem ser mais sustentáveis e impactantes do que tentar criar um grande programa que possa ser implementado em todo o mundo”, disse Hatch.