Em um mundo que parece estar sempre em tumulto, com a escuridão e o desespero em ascensão, encontrar beleza e alegria às vezes pode ser difícil. Elas estão presentes, mas às vezes são muito fáceis de se ignorar.
Moro em Utah, onde é inverno agora e faz frio. O teto da garagem faz sombra à passarela em meu quintal durante grande parte do dia, por isso tomamos um cuidado especial para mantê-la livre de neve e gelo para que meu filho não fique preso em sua cadeira de rodas. Então, tive que dar uma segunda olhada quando passei e vi obras de arte no chão. Obras de arte? Como isso seria possível?
À medida que parei e olhei mais de perto, fiquei surpresa ao ver que esse trecho de concreto, aparentemente seco, estava coberto por um belo tapete de gelo. Havia filigranas no formato de penas espalhadas pelo caminho e formas de flores individuais que pareciam ser distintas do desenho principal. A beleza era impressionante. Poderia ter sido um tapete em estilo barroco ou um papel de parede da Era Vitoriana. Talvez os desenhos formados pelo gelo tenham sido a inspiração para essas coisas.
Tenho certeza de que há uma explicação científica relacionada a fractais congelados e umidade suficiente no ar para produzir gelo em um trecho de concreto aparentemente seco e limpo. Para mim, porém, essa beleza primorosa testifica de um Criador divino, que ama coisas belas. No belo testemunho que Alma presta a Corior, ele diz: “Todas as coisas mostram que existe um Deus” (Alma 30:44). Isso inclui a renda tecida pelo gelo.
Creio que talvez estejamos famintos por lembretes de que há beleza neste mundo, e que, com essa beleza, a alegria possa surgir. Compartilhei [em inglês] uma das fotos que tirei do gelo no Twitter, a qual recebeu mais de 276.000 curtidas, mais de 15.000 retweets e mais de 1.300 comentários. Muitos dos comentários incluíram fotos próprias, mostrando a beleza dos desenhos formados pelo gelo.
Foi uma corrente de lembretes de que Deus não é apenas o artista supremo, mas de que podemos e devemos estar em busca de momentos de alegria. Eles existem para serem descobertos. Em outubro de 2016, Presidente Russell M. Nelson observou que “a alegria que sentimos tem pouco a ver com as circunstâncias de nossa vida e tudo a ver com o enfoque de nossa vida”. Como reivindicamos essa alegria? Presidente Nelson nos diz que Jesus Cristo, o “autor e consumador de nossa fé” (Hebreus 12:2) também é a fonte de nossa alegria.
Em abril de 2020, quando a pandemia estava apenas começando, Presidente Nelson reiterou seu chamado para nos voltarmos ao Salvador e buscarmos sinceramente “ouvi-Lo” de diversas maneiras. Em seguida, ele prometeu que a nossa capacidade de sentir alegria aumentará, mesmo que o tumulto também aumente em nossa vida. De fato, Presidente Nelson vem falando há décadas sobre encontrarmos e aumentarmos nossa alegria, como membro do Quórum dos Doze Apóstolos e depois como Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Se ele disse que ela pode ser encontrada e traçou um caminho para seguirmos, mesmo através das névoas da dor, da ansiedade e da tristeza, então tenho fé que posso encontrá-la.
Confio em Jesus. Busco a Jesus. Como minha amiga Tammy Hall, apresentadora do programa “Sunday on Monday”, escolhi o lema “Encontrar Jesus” este ano. Encontrar Jesus enquanto ensino a aula de Doutrina do Evangelho em minha ala. Encontrar Jesus enquanto o mundo inteiro lida com duas pandemias contínuas: uma causada por um vírus que atinge nossos corpos e outra pelo desprezo que afeta os corações das pessoas. Encontrar Jesus como mãe e avó. Encontrar Jesus em meu trabalho diário como editora de um boletim político (o que reconheço que às vezes é difícil). E sim, encontrar Jesus mesmo nas delicadas rendas de cristais de gelo em uma calçada. Ele está lá.
— Holly Richardson é a editora do Utah Policy Daily, uma publicação do Deseret News.