Criada em São Paulo, Brasil, a irmã Rosana Soares não cresceu em uma família com uma religião específica. Ainda assim, seus pais, que eram “maravilhosos”, lhe ensinaram bons princípios.
Quando ela tinha 9 anos de idade, sua irmã mais velha, Margareth, foi convidada por uma vizinha e amiga para uma atividade de jovens na Igreja. Quando Margareth voltou da primeira atividade de jovens e foi contar para sua mãe sobre a reunião, ela disse que as pessoas na Igreja de sua amiga não tomavam café.
A irmã Soares estava sentada na cozinha, com uma xícara de café e um pedaço de pão naquele momento e se lembra de ter empurrado a xícara para longe e dizer que nunca tomaria café novamente.
A irmã Rosana Soares compartilhou sua história com o Church News, em preparação para a RootsTech 2022, quando ela e Élder Soares serão os principais oradores no Dia da Descoberta Familiar, em 5 de março de 2022.
“Eu nunca mais coloquei café na minha boca”, disse a irmã Soares.
A irmã Rosana Soares, esposa de Élder Ulisses Soares do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos Últimos, reconhece hoje que o Espírito Santo estava falando com ela naquele momento e lhe dizendo que deveria continuar aprendendo sobre esta nova religião.
Logo depois, uma amiga e vizinha, que também se chamava Rosana, a convidou para ir à Primária. Os pais da irmã Soares eram amigos da família que a havia convidado e ficaram felizes que ela fosse à Igreja com eles.
A irmã Soares rapidamente teve o desejo de ser batizada, mas seus pais não se sentiam à vontade com isso. Eles queriam que ela esperasse até que fosse adulta para tomar aquela decisão.
Do Seminário à Missão
Quando teve a idade suficiente para participar do Seminário, seu pai originalmente lhe disse que não poderia ir por ser cedo demais e estar ainda escuro, e ele não permitiria que ela pegasse o ônibus sozinha.
Foi então que seu professor do Seminário naquela época ofereceu passar e pegar a irmã Soares todos os dias.
Nos quatro anos seguintes, ela contou que frequentou o Seminário, de segunda à sexta, mesmo ainda não sendo membro da Igreja.
Depois de ter completado 17 anos e terminado as aulas do Seminário, ela disse a seu pai que sentia que tinha feito o suficiente para demonstrar a ele que ela estava tomando estas decisões por si mesma, e que queria ser batizada. Ele lhe disse então que, se quisesse ser batizada, ele esperava que ela cumprisse todas as responsabilidades de sua nova religião.
“Se você for, você vai ter que cumprir as coisas que você se propôs cumprir”, disse ele.
Em um sábado frio e chuvoso de março em São Paulo, a irmã Soares foi à capela para ser batizada. Nenhum de seus pais foram ao batismo, disse ela.
Logo depois, seu bispo, Paulo Puerta, a encorajou para que recebesse sua bênção patriarcal.
“Em minha bênção patriarcal, falava sobre missão”, ela disse. “Mas eu já amava os missionários, e toda as vezes que eu via uma sister missionária [eu dizia] ‘eu vou ser uma missionária.’”
Novamente o pai da irmã Soares disse “não.”
Tudo era novo para seus pais, ela disse. Eles não podiam entender por que ela queria ir.
Então ela começou a fazer perguntas a seu bispo e ao presidente de estaca sobre o que ela precisava fazer para sair em missão. Depois de meses de conversas com seus pais e líderes da Igreja, ela finalmente recebeu permissão e foi chamada para a antiga Missão Brasil Rio de Janeiro.
Devido a suas circunstâncias únicas e sua idade, a irmã Soares começou seu serviço missionário de tempo integral sem ter tido a oportunidade de ir ao templo.
Devido à insistência de seus pais para que vivesse aquilo que havia se comprometido a fazer, ela sabia que não poderia ser displicente com seus convênios, e também que Deus cumpriria Suas promessas, disse ela.
“Sabia que meu compromisso jamais poderia ser superficial”, disse ela.
Colocando Deus em primeiro lugar em seu casamento
A irmã Soares conheceu seu futuro marido pouco tempo depois, no campo missionário. Depois de retornarem para casa, eles se encontraram em um baile de estaca onde, muito inesperadamente, começaram a se ver de forma romântica. Semanas mais tarde, eles começaram a namorar.
“Eu me casei com um homem maravilhoso que tinha um forte testemunho,” disse ela. “Mas isto não significa que tudo em nossa vida fosse perfeito. Não era. Não é.”
“Quando nos casamos, fizemos metas e uma delas era incluir Deus em nosso casamento, … e em nossa família.”
“Sabíamos que, sem Ele, não tínhamos nada.”
Assim que se casaram, os Soares estabeleceram uma meta de sempre reservarem uma noite para sua família, mesmo antes de terem filhos.
Na primeira semana que estavam casados, eles se sentaram juntos no domingo e pegaram um caderninho, “como na missão”, a irmã Soares disse.
“E fizemos metas e a primeira delas era ‘paciência’ – paciência um com o outro, através das dificuldades, em nossos chamados.”
Através dos anos, os Soares preencheram muitos caderninhos com suas histórias e observações sobre as noites juntos em família.
“Todos eles, absolutamente todos eles, incluíam a meta de termos paciência”, ela disse. “Por quê? Porque somos falhos. Porque somos o homem natural.”
A maior coisa que a irmã Soares aprendeu, fosse frequentando a Igreja como uma garotinha, servindo missão, ou tendo uma família, foi isto:
“[Deus] está lá por nós”
Construindo uma família
Uma das bênçãos que a irmã Soares mais ansiava de sua bênção patriarcal era ter filhos. Mas isso não aconteceu como ela tinha imaginado que seria.
Muitos médicos disseram que ela nunca teria filhos.
O Senhor espera que nós “façamos nossa parte” e que não esperemos que Ele faça tudo para nós, ela disse.
Por esta razão, os Soares continuaram a fazer tudo que podiam para ter filhos. Eles consultaram muitos médicos.
“Se nós fizermos nossa parte, Ele nos guiará”, disse ela.
Como parte de sua jornada para construírem uma família, os Soares perderam dois filhos, ambos prematuros. “Isso não foi fácil”, disse a irmã Soares.
“Mas nós temos cinco filhos em nossa família, não só os três que estão vivos”, disse ela.
Aprendendo a ouvi-Lo
Algo chave para seu testemunho pessoal foi saber quando o Pai Celestial estava falando para “os ouvidos do meu coração”, disse ela.
“O Espírito Santo fala com diferentes pessoas de formas diferentes”, ela disse. “Para mim, Ele fala através das escrituras.”
Ela sabe que quando tem uma pergunta e ora para o Pai Celestial por uma resposta, ela tem que imediatamente ir às escrituras para encontrar a resposta.
Um dia, ela disse que orou para o Pai Celestial e Lhe prometeu que sempre ela leria as escrituras.
“Eu disse, ‘Senhor, eu Lhe prometo isto. Todos os dias da minha vida, se eu estiver de férias ou doente, ou no hospital ou em qualquer situação, eu nunca deixarei passar um dia sem procurar por Suas palavras.’”
Mesmo décadas depois, ela disse que nunca deixou de cumprir essa promessa.
Ter um testemunho
Quando Élder Soares foi chamado para servir como presidente de missão em Portugal, seus filhos tinham cinco, nove e 13 anos de idade.
Depois de voltarem de Portugal, Élder Soares foi chamado como Setenta Autoridade Geral e serviu nas presidências das áreas Brasil e África Sudeste.
“Nós amamos” disse a irmã Soares sobre seu serviço nestes países. “Foi uma experiência divina para nós.”
Uma das muitas bênçãos de servirem em Portugal foi a oportunidade de fazer o trabalho de história da família, disse a irmã Soares.
“Fui visitar alguns dos lugares onde meus ancestrais nasceram”, ela disse. “E fui capaz de completar algumas partes de nossa árvore familiar e aprender mais sobre a história da minha família.”
“Descobri coisas, por estar lá, que eu nunca teria descoberto somente olhando nos microfilmes.”
Um legado para seus netos
“As pessoas dizem que, na vida, você precisa plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro”, disse a irmã Soares. “Bem, já plantei várias árvores. Temos cinco filhos – três vivos e dois que morreram. E temos cinco netos. E agora escrevi meu próprio livrinho de histórias.”
O livro que a irmã Soares publicou foi algo que escreveu para seus netos, para ajudá-los a ver as pessoas como o Pai Celestial as vê, e não como o mundo as vê.
“Enquanto crescia, nunca vi as pessoas por sua aparência, etnia ou nacionalidade”, disse ela. “Nunca prestei atenção a essas coisas.”
“E queria que meus netos soubessem que tais coisas não são as características que Deus vê neles”, comentou. “Ele os vê como Seus filhos.”
“Quero deixar um legado. Quero que leiam meu testemunho”, disse ela. “Você não pode medir o tamanho de um testemunho, mas eles sempre poderão ler minhas palavras.”