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Como a Igreja financia melhorias na educação de estudantes refugiados na África

New lab facilities at a secondary school in Uganda are breaking down barriers for refugee girls in science.  Jesuit Refugee Services and Latter-day Saint Charities worked together on the project, finishing the lab in January 2022. Crédito: Jesuit Refugee Services
O laboratório recém-construído foi adicionado à escola de ensino médio de Pagirinya, no distrito de Adjumani, no norte de Uganda, em janeiro de 2022.
Secondary school girls in the West Nile Region of Uganda who are scholarship recipients. They are able to attend school closer to their homes through the help and support of Jesuit Refugee Services and Latter-day Saint Charities, including new secondary school lab facilities finished in January 2022. Crédito: Jesuit Refugee Services

As crianças em idade escolar em Uganda começaram a voltar à escola em janeiro pela primeira vez em quase dois anos. As restrições da COVID-19 não apenas impediram as crianças de aprender, mas também prejudicaram desproporcionalmente as meninas.

“Foi muito difícil estudar em casa como faço na escola”, disse uma aluna.

“A pandemia tornou minha vida muito triste”, disse outra, explicando como ela ficou para trás em seus estudos.

Outras meninas descreveram a escassez de alimentos e disseram que precisaram ficar em casa para cultivar e cuidar de outras crianças.

As histórias dessas meninas são apenas algumas compartilhadas com Jill Drzewiecki, especialista em educação relativa ao gênero do Jesuit Refugee Service [Serviço Jesuíta para Refugiados], ou JRS. Drzewiecki falou ao Church News sobre os esforços do JRS, em parceria com A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, para fazer a diferença em Uganda.

O laboratório recém-construído foi adicionado à escola de ensino médio de Pagirinya, no distrito de Adjumani, no norte de Uganda, em janeiro de 2022.
O laboratório recém-construído foi adicionado à escola de ensino médio de Pagirinya, no distrito de Adjumani, no norte de Uganda, em janeiro de 2022.

‘Uma grande necessidade’

Embora muitas organizações se concentrem em garantir que meninos e meninas tenham acesso às escolas primárias, ainda existe uma enorme lacuna para as meninas, à medida que vão crescendo. O JRS tem como objetivo diminuir a diferença de gênero no ensino médio.

A pobreza crônica e a rigidez cultural são algumas das barreiras que negam oportunidades educacionais a meninas e mulheres. “Se as famílias têm que tomar uma decisão entre mandar um menino ou menina para a escola, muitas vezes eles vão mandar o menino”, disse Drzewiecki.

Muitas meninas são obrigadas a se casar jovens, encarregadas de cuidar dos irmãos mais novos ou recebem mais tarefas domésticas, como coletar lenha e buscar água. A falta de produtos adequados para a menstruação e outros problemas de saúde também podem mantê-las fora da escola.

Ao mesmo tempo, a falta de infraestrutura educacional é outra barreira para a educação. Drzewiecki disse que a região do Nilo Ocidental de Uganda precisa de mais escolas do ensino médio. Infraestrutura adequada e espaços educacionais seguros podem ser uma intervenção que salva vidas em ambientes afetados por conflitos.

“O número global de refugiados que têm acesso à educação é de 34%, enquanto no norte de Uganda é de 13%, e não são apenas refugiados, mas também as comunidades anfitriãs”, disse Drzewiecki. “Esta área é também a maior área de acolhimento de refugiados em toda a África. Então, há uma grande necessidade.”

E tal necessidade aumenta à medida que as crianças crescem: enquanto 36% dos meninos refugiados estavam matriculados no ensino médio em 2019, o número de meninas era de apenas 2%.

A Plan International [em inglês] estima que uma em cada cinco meninas, em ambientes afetados por conflitos, não concluirá o ensino médio. E até 2030, uma em cada três não será capaz de ler uma frase simples, a menos que sejam feitas intervenções.

Ambientes de aprendizagem novos e melhorados

Com o apoio financeiro dos Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias e outros doadores, o JRS vem aumentando e melhorando a infraestrutura de escolas do ensino médio no distrito de Adjumani, no norte da Uganda. Isto inclui a construção de dormitórios femininos, banheiros e incineradores nas escolas de Mungula e Pagirinya, bem como um novo laboratório de ciências [em inglês], em janeiro de 2022.

Os dormitórios femininos são construídos em escolas comunitárias localizadas em áreas onde os casos de casamento precoce e forçado são comuns. A construção dos dormitórios garante que as meninas estejam em um ambiente propício ao aprendizado. Os internatos aumentam a matrícula de meninas e evitam a evasão.

O novo laboratório de ciências tem capacidade para 80 lugares em duas salas. Possui todo o equipamento necessário para realizar experimentos, permitindo que os alunos tenham experiência prática de assuntos relacionados à ciência e tecnologia, e compreendam as aulas com mais clareza.

Os Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias também ajudaram a financiar 80 bolsas de estudo para meninas.

“Isto não é apenas investir em meninas refugiadas, é um investimento na infraestrutura educacional da região”, disse Drzewiecki, explicando como isso afetará milhares de estudantes na área.

“Estamos envolvidos nisso a longo prazo”, disse Drzewiecki. “Sabemos que, se as meninas puderem terminar o ensino médio, sua saúde será muito melhor. A saúde de seus filhos será muito melhor. Os resultados econômicos para suas famílias serão melhores e, portanto, também as comunidades e onde vivem.”

Colaboração com os Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias

Estudantes do ensino médio na região do Nilo Ocidental de Uganda que receberam bolsas de estudo. Eles podem frequentar a escola mais perto de suas casas por meio da ajuda e apoio do Jesuit Refugee Services e os Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias, incluindo novas instalações concluídas em janeiro de 2022.
Estudantes do ensino médio na região do Nilo Ocidental de Uganda que receberam bolsas de estudo. Eles podem frequentar a escola mais perto de suas casas por meio da ajuda e apoio do Jesuit Refugee Services e os Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias, incluindo novas instalações concluídas em janeiro de 2022. | Crédito: Jesuit Refugee Services

Drzewiecki disse que o JRS realmente aprecia trabalhar com a Igreja, que também mantém essa mesma visão de longo prazo e está comprometida a causar impacto por um longo período de tempo. Eles também compartilham muitos dos mesmos valores baseados na fé.

“Nada disso seria possível sem o apoio que os Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias forneceram especificamente para este projeto”, disse Drzewiecki.

Os Serviços de Caridade dos Santos dos Últimos Dias é o braço humanitário da Igreja. O financiamento vem de doações feitas por membros em todo o mundo.

Uganda tem uma das maiores populações de refugiados na África. Só o distrito de Adjumani tem 19 assentamentos de refugiados. E as organizações aprenderam com a COVID-19 que devem se preparar para a próxima grande crise: mais guerras, desastres naturais ou secas afetarão novamente as meninas de forma desproporcional.

E quando a atenção do mundo se desloca para outras áreas carentes, o financiamento humanitário cai para coisas como a educação na África. “Mas estamos falando de 1,5 milhão de refugiados nesta área que não estão voltando para casa”, disse Drzewiecki.

Ela disse que os líderes do JRS e da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias trabalham tão bem juntos porque sabem que uma porcentagem tão pequena dos fundos humanitários globais vai para a educação: “Acho que essa é uma das expressões mais bonitas de nossa fé, de que podemos dizer que temos a responsabilidade de ser bons administradores desses recursos limitados e usá-los para servir.”

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