Uma pandemia. Conflitos na Europa. Insegurança financeira. Injustiça racial.
Estes não são desafios apenas dos últimos anos. Eventos da pandemia da gripe de 1918, duas guerras mundiais, a Grande Depressão e partes do movimento pelos direitos civis são abordados em “Santos: A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias, Volume 3: Com Coragem, Nobreza e Independência, 1893 -1955”, lançado nesta sexta-feira, 22 de abril.
Nos dois primeiros volumes, “vemos os santos sendo perseguidos por suas crenças e passando por dificuldades por causa do que acreditam e do que defendem”, disse Scott Hales, principal escritor de “Santos” e um dos editores gerais de “Santos, Volume 3″.
Em “Santos, Volume 3”, muitas das dificuldades não são necessariamente por suas crenças, mas “porque todos no mundo também estão passando por isso. Eles estão compartilhando conflitos globais e tragédias mundiais.”
“Quanto mais estudo a história da Igreja, mais aprendo que, seja o que for que estamos vivendo hoje, os santos do passado passaram por algo semelhante”, disse Hales.
Angela Hallstrom, uma das redatoras e editoras gerais do volume, disse que vê esperança e fé nas histórias, apesar dos desafios.
Muitos deles “estão enfrentando desafios incríveis — circunstâncias realmente difíceis — e são capazes de enfrentarem esses desafios e aprenderem a seguirem em frente”, disse Hallstrom. “Também podemos ver essa fé na vida das pessoas que estão vivendo essas circunstâncias; podemos aplicar isso à nossa própria vida e aos nossos próprios desafios específicos.”
O primeiro da série de quatro volumes, intitulado “O Estandarte da Verdade”, abrange 1815 a 1846, incluindo o estabelecimento da Igreja, e termina com a saída dos santos de Nauvoo, Illinois. O segundo volume, “Nenhuma Mão Ímpia”, abrange o período de 1846 a 1893, desde o êxodo para o oeste, até a dedicação do Templo de Salt Lake.
Em “Santos, Vol. 2”, a principal dinâmica sociológica é de reunião, disse Jed Woodworth, o historiador-gerente do projeto “Santos” e editor geral do terceiro volume. À medida que as pessoas se filiam à Igreja, elas também se preparam para se mudar para a Grande Bacia [região que inclui a maior parte do estado de Nevada, metade de Utah, e parte dos estados de Idaho, Wyoming, Oregon e Califórnia]. “Então você tem muitas pessoas chegando de todo o mundo”, disse ele.
“No volume três, isso se inverte”, disse ele, à medida que as pessoas permanecem em suas congregações. Nos Estados Unidos, os membros de segunda e terceira geração começam a sair de Utah para trabalhar ou estudar.
“Santos, Volume 3” começa logo em seguida com Evan Stephens considerando se o Coro do Tabernáculo deveria entrar na competição de corais na Feira Mundial de Chicago em 1893, e termina com a dedicação do Templo da Suíça, em 1955.
“Santos, volume 3” inclui histórias de pessoas dos E.U.A., Canadá, Alemanha, Reino Unido, Áustria, Japão, México, Nova Zelândia, Argentina, Guatemala e África do Sul.
Leia mais: Ex-historiador assistente da Igreja compartilha lições do passado
Escrevendo ‘Santos’
A série de quatro volumes “Santos” é uma história narrativa, com eventos contados através da perspectiva de pessoas que os vivenciaram. O projeto usa escritores criativos para contar as histórias com base em documentação, incluindo diários, cartas, histórias orais e outros relatos em primeira pessoa.
Normalmente, na escrita histórica, o historiador escreve o primeiro rascunho e, se um escritor criativo estiver envolvido, eles trabalham juntos no final, disse Woodworth.
“E, acho que a genialidade de ‘Santos’ foi que invertemos esse processo e permitimos que o escritor criativo escrevesse o primeiro rascunho”, disse Woodworth sobre o processo iniciado por Rick Turley, que era o historiador assistente da Igreja na época que a série “Santos” foi aprovada.
O escritor criativo, com a documentação de historiadores e pesquisadores, escreve o primeiro rascunho. Então, um historiador fará a revisão, disse ele.
Cada detalhe do livro, incluindo o diálogo, tinha que estar na documentação. Hallstrom lembrou que, às vezes, era preciso meia dúzia de documentos para escrever algumas frases, pois detalhes diferentes eram extraídos de várias fontes.
Existem várias rodadas do processo de revisão, incluindo a Primeira Presidência, disse Lisa Olsen Tait, historiadora e editora geral do volume.
“O propósito é criar uma narrativa de histórias compartilhadas sobre o que significa ser um santo dos últimos dias e quais foram as experiências”, disse Tait.
Leia mais: Da colonização de Salt Lake City à poligamia, o volume 2 de ‘Santos’ é mais ‘épico’ do que o primeiro
Encontrando histórias
A série “Santos” inclui as histórias e perspectivas dos líderes da Igreja e também “pessoas comuns que vivenciaram esses eventos e cujas histórias realmente ilustram as mudanças que ocorrem durante esse período”, disse Hales.
Eles se basearam nas histórias e documentos que a Igreja possui, como Susa Young Gates e sua filha, Leah Dunford Widstoe, cujos diários, cartas e outros papéis estão no arquivo da Igreja, disse Tait.
“Mas esse foi o caso de apenas uma parte de nossos personagens. Mas para muitos dos outros personagens que temos no livro, não tínhamos tanto e não tínhamos esses tipos de fontes em posse da Igreja”, disse Tait. “E então tivemos que ser criativos.”
Eles queriam mostrar as experiências dos membros da Igreja na Alemanha entre os anos 1920 e 1950, mas não conseguiram encontrar nenhum nos arquivos.
“Quando você esgota todos os seus recursos, toda a sua criatividade, você se volta para a oração, como Presidente Hinckley sempre disse, você ora e então começa a trabalhar”, disse Woodworth. E, eles continuaram orando e procurando. Eles acabaram indo para a biblioteca da BYU, onde há uma coleção de biografias dos Santos dos Últimos Dias. Eles encontraram um de Helga Meiszus Meyer, que havia emigrado da Alemanha pouco antes de o Muro de Berlim ser erguido, se estabeleceu em Salt Lake City e aprendeu inglês.
“Eu nunca tinha visto este livro. Retirei-o da prateleira, comecei a ler e, em 30 minutos, sabia que essa era a pessoa”, disse Woodworth.
Lark Evans Galli, uma jovem que tinha Meyer como sua professora visitante da Sociedade de Socorro, a incentivou para escrever sua história e ajudou Meyer a gravar, transcrever, editar e publicar suas memórias. Woodworth encontrou o livro em 2016 e, como Meyer nasceu em 1920, presumiu que ela havia morrido há muito tempo. Ele entrou em contato com Galli e disse que tinha muitas perguntas sobre Meyer.
“E ela disse: ‘Bem, por que você não pergunta para Helga? Ela mora na esquina. Ela ficaria feliz em falar com você. Helga tinha 96 anos. E assim começou uma amizade de dois anos com Galli, passando muitas horas juntos. Ela nos deu mais informações”, disse Woodworth, descrevendo Meyer como “brilhante e espirituosa”.
Em “Santos, Volume 3”, os leitores a conhecem quando ela tinha 9 anos de idade, frequentando a Escola Dominical com sua família na Prússia Oriental, e acompanham ela e sua família quando tem que decidir entre se juntar à Juventude Hitlerista ou ao programa de jovens da Igreja, e durante a Segunda Guerra Mundial.
“Ela é a segunda personagem mais comum, e ainda assim ela é um santo dos dias atuais [que] ninguém conhece”, disse Woodsworth.
“Mas conto a história, porque nossa descoberta veio por meio de dificuldades”, disse ele. “E penso que esta é uma das lições deste livro, de que a fé e o poder muitas vezes vêm das dificuldades.”
Eles também queriam contar a história de uma família negra nos Estados Unidos. Na época, um professor de História da Universidade de Utah, Paul Reeve, havia lançado o banco de dados digital Século dos Mórmons Negros. Um assistente de pesquisa examinou os perfis para identificar quem participaria do projeto, que incluia um relato em primeira pessoa e ser um membro ativo da Igreja nas décadas de 1920 e 1930.
Eles encontraram Len e Mary Hope e sua história de conversão, e curta biografia. Os Hopes haviam se mudado do Alabama para a área de Cincinnati, Ohio.
Ao procurarem outros membros da Igreja na área de Cincinnati, encontraram Connie Taylor e Paul Bang e descobriram que os Hopes e os Bangs interagiram, disse Woodworth.
Hales, que cresceu na área de Cincinnati, lembrou que Bang tinha sido patriarca de estaca quando era menino. Hales foi procurar no FamilySearch alguma lembrança e viu onde a filha de Bang havia disponibilizado os documentos da família.
A página em que ele clicou era uma página de diário de 1936, quando Bang tinha 16 anos. “E a primeira coisa que li foi ‘Irmão e irmã Hope vieram hoje.’ E ali mesmo, eu soube que tinhamos uma história. Nós temos um relacionamento, e quando você tem um relacionamento, você tem uma história”, disse Hales.
Além disso, no final do volume, algumas das pessoas sobre as quais escreveram ainda estão vivas.
“Estamos definitivamente em um lugar onde as pessoas que viveram esses eventos ainda estão conosco e seus filhos definitivamente estão conosco”, disse Hallstrom. Muitas vezes, foram os filhos que ajudaram a oferecer suas perspectivas e documentos.
“Estamos empolgados para que as pessoas descubram essas famílias”, disse Woodworth.
“Santos: Volume 3: Com Coragem, Nobreza e Independência” estará disponível impresso, on-line e no aplicativo Biblioteca do Evangelho. Ele já está disponível digitalmente em 14 idiomas: cebuano, chinês, inglês, francês, alemão, italiano, japonês, coreano, português, russo, samoano, espanhol, tagalo e tonganês. Cópias impressas estarão disponíveis em breve na loja on-line e lojas físicas da Igreja.
No aplicativo Biblioteca do Evangelho, o livro em áudio também estará disponível para download em inglês, espanhol e português .
Consulte Saints.ChurchofJesusChrist.org para mais informações.