PROVO, Utah – Enquanto falava sobre como lidar com entes queridos questionando as verdades do evangelho, o psicólogo licenciado, David T. Morgan, queria que sua classe soubesse que eles não estão sozinhos e que seus sentimentos são válidos.
“Todo mundo aqui provavelmente está passando por algum tipo de sofrimento em torno disso”, disse ele. “Alguém que você ama, ou se preocupa, está fazendo algo diferente do que foi ensinado. E está tudo bem ter essa dor.”
Morgan também passou um tempo, durante o curso de uma semana, enfatizando que “o Pai Celestial sabe que vai dar certo, e Ele sabe que vai ficar tudo bem.”
Uma jornada
Morgan disse que, aqueles que não estão fazendo perguntas, muitas vezes não estão progredindo. Na verdade, o evangelho restaurado veio à Terra depois que Joseph Smith teve dúvidas.
Joseph disse: “Aprendi por mim mesmo” (História de Joseph Smith 1:20).
Saria disse: “Agora sei com certeza”, após a difícil experiência que ela passou (1 Néfi 5:8).
Alma, o Filho, disse: “e agora sei por mim mesmo que são verdadeiras”, depois de ter passado por uma jornada (Alma 5:46).
A frase chave na jornada do filho pródigo é esta: “E caindo em si” depois de ter suas experiências (Lucas 15:17).
Esta jornada, ou processo, “é fundamental para nosso desenvolvimento espiritual”, disse Morgan. “Não há problema em se apoiar na fé dos outros, mas acredito que todos precisam chegar a esse ponto no desenvolvimento de sua fé e testemunho: você tem que ter algo que o sustente sozinho.”
E talvez este caminho seja aquele que algumas pessoas hoje também estão trilhando, para que “saibam com certeza” e tenham seu próprio testemunho.
Enquanto isso, Morgan explicou que o filho pródigo sabia que poderia ir para casa, porque sabia que seria aceito. Ele sabia que poderia voltar para casa por causa do relacionamento que tinha com seus pais.
À medida que os pais oram por seus filhos, eles podem alinhar sua vontade com a vontade de Deus, disse Morgan.
“Ele ama seus entes queridos, mais do que você poderia amá-los. Confie em seu Pai Celestial, confie que aquilo que Ele quer, é a melhor coisa para eles.”
“Não é sobre você”
Morgan disse que sabe que as pessoas têm grandes preocupações e medos sobre seus entes queridos que estão questionando o evangelho, ou que se afastaram da Igreja, mas ele disse: “Não é sobre você.”
Ele disse: “Não é sobre nós. Se vamos ajudar nossos entes queridos, isso não pode ser sobre nós e aliviar nosso estresse ou angústia”.
Ele exortou seus alunos a terem cuidado para não condenarem, minimizarem ou ameaçarem seus entes queridos que estão questionando o evangelho.
Ele explicou o conceito de dissonância cognitiva: quando alguém está fazendo algo que é inconsistente com suas crenças, isso cria uma luta em sua mente. Eles acabam deixando a Igreja porque estão tentando resolver essa dissonância: é mais fácil para eles mudarem suas crenças.
“A questão é que eles estão em perigo. Muitas dessas pessoas estão passando por uma angústia significativa”, disse Morgan.
É aí que que se torna crucial ouvir os outros e tentar entendê-los, acrescentou ele. Conhecer alguém melhor levará a um maior amor e compaixão por eles. “O Salvador é quem mais nos conhece e nos ama. Ele te ama mais do que qualquer um jamais poderia.”
Ele aconselhou dizer “eu te amo” com mais frequência àqueles entes queridos. Tenha compaixão, tolerância e aceitação, embora aceitação não signifique concordância. E, finalmente, ele listou o perdão, que ele disse “tem tudo a ver com você, não com eles.”
Ouvir o Senhor
Morgan disse que enquanto os entes queridos estão fora de seu controle, o que podemos fazer pessoalmente é seguir o profeta e aumentar nossa capacidade de receber revelação espiritual.
Presidente Russell M. Nelson disse na conferência geral de abril de 2020 que, à medida que as pessoas se esforçam para ouvir o Salvador, “vocês serão abençoados com mais poder para lidar com as tentações, dificuldades e fraquezas. Prometo milagres em seu casamento, em seu relacionamento familiar e em seu trabalho diário. E prometo que, sua capacidade de sentir alegria aumentará, mesmo que as turbulências aumentem em sua vida.”
Morgan também citou Presidente Henry B. Eyring, na conferência geral de abril de 2019: “Você está se preocupando com o problema errado. Simplesmente, viva de modo a ser digno do reino celestial, e sua situação familiar será mais maravilhosa do que pode imaginar.”
Morgan concluiu dizendo: “Há paz e felicidade a serem encontradas, independentemente da sua situação, e isto começa aqui, com você.”
“Quando todos nós chegarmos ao céu, você dirá: ‘Tudo deu certo.’”
Pronto para dar uma resposta
O professor de História e Doutrina da Igreja da BYU, Anthony R. Sweat, ministrou um curso na Semana da Educação da BYU, que mostrou um padrão bíblico para abordar questões do evangelho e que, portanto, as pessoas estarão “sempre preparadas para responder a qualquer que vos perguntar a razão da esperança que há em vós,” (1 Pedro 3:15).
Este padrão é encontrado na conversa do Salvador com a mulher no poço (João 4), João Batista falando com os discípulos (João 3:25-36), a conversa de Amon com o rei Lamôni (Alma 18) e Jesus falando com Nicodemos (João 3:1-21).
O padrão de quatro partes é o seguinte:
- Escute-os.
- Examine suas suposições.
- Expanda seus conhecimentos
- Direcione-os para Cristo
“Ouvir significa tentarmos ativamente entender o que querem dizer”, disse Sweat. Faça perguntas de acompanhamento, mas não descarte a pergunta ou preocupação, e não faça as pessoas se sentirem desrespeitadas. Seja genuinamente curioso para entender a perspectiva deles.
“Também estamos ouvindo espiritualmente”, disse ele, porque a pergunta ou preocupação geralmente mostra uma questão ou preocupação mais profunda que a acompanha.
Enquanto ouve para entender, faça perguntas sobre por que ou como a outra pessoa chegou a essa conclusão.
Uma pergunta inicial sobre qualquer preocupação histórica ou doutrinária deve ser esta: “Qual é a sua fonte?” e, em seguida, examine a fonte quanto à confiabilidade. Isso os ajudará a verem que existem outras fontes que veem de outras maneiras e chegam a outras conclusões.
Porém, “ao trabalharmos nisso com as pessoas, temos que tomar cuidado aqui”, disse Sweat. “À medida que passamos de ouvir, para ajudá-los a examinarem seus pensamentos, não o façamos de forma ofensiva.”
E então, depois de analisarmos o pensamento com eles, perguntem: “Tudo bem se eu lhe oferecer minha perspectiva e minha visão sobre o assunto, e por que penso desta maneira?”, disse Sweat.
Compartilhe com eles conhecimentos como fatos, dados e história; doutrina e princípios de profetas e escrituras; pontos de vista ou perspectivas pessoais; experiências e histórias; e fé e testemunho.
“Quando as pessoas vêm falar com você, elas estão genuinamente fazendo isto porque confiam em você”, disse Sweat. “Elas querem conhecer sua perspectiva e a valorizam. Você deve se sentir à vontade para ter este diálogo.”
E, finalmente, sempre as direcione para a fonte da verdade: o Salvador, Seus ensinamentos e Seu plano. Centralize-as novamente em seus convênios feitos com Ele, e nas promessas que Ele fez.
“Este convite para agir abre o coração, se o fizerem com fé.”