PROVO, Utah — Para iniciar seu discurso durante uma apresentação na Semana da Educação da BYU, Élder Clark G. Gilbert mostrou um vídeo antigo de “Candid Camera”, um reality show de câmeras escondidas.
No clipe, três ou quatro atores de “Candid Camera” entram em um elevador com alguém sozinho e ficam de costas para as portas do elevador ao invés de ficarem de frente. Os atores realizam a brincadeira várias vezes com diferentes pessoas que não sabiam o que estava se passando. Inevitavelmente, as pessoas desajeitadamente ficam de costas para as portas do elevador como os outros.
Élder Gilbert, Setenta Autoridade Geral e comissário de educação da Igreja, comparou a experiência da pegadinha no elevador com o Sistema Educacional da Igreja.
“Pedimos que nossas universidades sejam diferentes do mundo e umas das outras”, explicou Élder Gilbert, ou que fiquem sozinhas, apesar das pressões para “ficarem de costas para as portas do elevador.”
A Igreja faz um grande investimento em educação, disse ele ao citar Élder David A. Bednar, do Quórum dos Doze Apóstolos, que destacou em seu discurso no National Press Club como a educação é um princípio fundamental da fé dos santos dos últimos dias.
“Damos atenção, energia e recursos significativos à educação de nossos jovens. Toda educação secular e espiritual está sob a coordenação de nosso Sistema Educacional da Igreja, e quase um milhão de alunos estão atualmente matriculados”, disse Élder Bednar.
Por que a Igreja investe tanto tempo, energia, dinheiro e recursos humanos em cada uma das faculdades do Sistema Educacional da Igreja, e por que existem instituições diferentes em vez de apenas a Universidade Brigham Young? Élder Gilbert perguntou.
Cada instituição tem a mesma visão: desenvolver discípulos de Jesus Cristo que sejam líderes em seu lar, na Igreja e em sua comunidade. “Não importa o que façamos, não importa a instituição, é por isso que a Igreja investe nestas instituições”, disse Élder Gilbert.
Ele então destacou brevemente cada instituição sob a coordenação do Sistema Educacional da Igreja e suas diferentes funções dentro do sistema.
BYU: A embaixadora educacional
A Universidade Brigham Young em Provo, Utah, recebe e reúne pessoas de todo o mundo, tanto de dentro como de fora da Igreja, e serve como embaixadora de toda a Igreja e de todo o Sistema Educacional da Igreja. “E faz isso de uma maneira que nenhuma outra escola pode fazer”, disse Élder Gilbert.
A BYU é a principal marca, mais reconhecida fora da Igreja, com programas de pós-graduação de alto nível, programas atléticos da NCAA e ênfase em bolsas de estudo e pesquisa.
Élder Gilbert brincou com um artigo que será publicado em breve na Deseret Magazine, apresentando vários líderes religiosos nacionais, como o rabino Dr. Ari Berman, presidente da Universidade Yeshiva; Dr. Peter Kilpatrick, presidente da Universidade Católica; e Montse Alvarado, diretor de operações do Becket Fund for Religious Liberty [Fundo Becket para Liberdade Religiosa].
Essts indivíduos, provavelmente não iriam para nenhuma outra instituição dentro do SEI, mas eles irão para a BYU, disse Élder Gilbert. “Este é o papel peculiar da BYU.”
Como embaixadora, a BYU está sendo convidada a estar no mundo, mas não ser parte dele. “Existem tremendas pressões sobre a BYU para virar e olhar para o lado errado no elevador”, ou para ser como outras instituições de ensino superior, disse Élder Gilbert.
Leia a cobertura da Semana da Educação da BYU de 2022
O presidente da BYU, Kevin J. Worthen, ensinou que, para a BYU alcançar seu destino profético, ela deve fazer as coisas de forma diferente de outras universidades. Deve ser única.
Como exemplo, Élder Gilbert citou a recente iniciativa da BYU de criar um sentimento de maior pertencimento para diferentes etnias. “Com certeza”, concordou Élder Gilbert, “mas imitar … o mundo não é a maneira de fazer isso. Os programas “DEI” (diversidade, equidade e inclusão) no mundo não são da forma como a BYU deve fazer. Devemos encontrar uma abordagem centrada no evangelho. Devemos ser melhores do que somos agora e devemos ser uma luz para o mundo, mas não imitar o mundo.”
BYU–Idaho: A educadora
A BYU–Idaho é a única instituição do sistema que tem apenas um trabalho: ensinar as pessoas no campus da maneira mais eficaz e eficiente possível.
Desde a sua transformação de faculdade de dois anos para universidade de quatro anos, o número de matrículas da BYU–Idaho cresceu mais de 90%, em comparação com as outras BYUs. Apesar do crescimento de 15.000 para 35.000 alunos, o custo para a Igreja não foi acima dos aumentos inflacionários, relatou Élder Gilbert.
Como vice-presidente acadêmico associado há vários anos, uma das atribuições de Élder Gilbert era construir um modelo financeiro para o crescimento da universidade. Ele foi informado pelo então presidente da BYU–Idaho, Kim B. Clark, que ele não tinha permissão para aumentar o tamanho das turmas. “A BYU–Idaho precisa fornecer um ótimo ensino e, para que seja um ótimo ensino, você precisa conhecer seus alunos”, explicou Élder Gilbert. Hoje, a BYU–Idaho ainda tem uma turma média de 31 alunos, cerca de um terço do tamanho de outras universidades públicas.
Como eles foram capazes de proporcionar uma experiência de qualidade a um número maior de alunos sem aumentarem o custo para a Igreja?, perguntou Élder Gilbert. Através de várias inovações exclusivas da BYU–Idaho: o sistema de três vias que permite o uso eficiente do espaço; oferta de aulas on-line (cerca de 25% das aulas são on-line); o foco em cursos de graduação sem pesquisa ou pós-graduação; a ausência de programas esportivos; e professores que têm apenas um trabalho: ensinar.
“Ironicamente, embora seja incrivelmente simples, a [BYU–Idaho] não tem [uma instituição] igual no ensino superior. Não há nenhuma outra universidade que eu já tenha visto que desative a pesquisa de forma inequívoca e tenha encerrado propositalmente todos os programas de pós-graduação: ‘Nosso corpo docente está aqui para um propósito e apenas um objetivo: ensinar e formar alunos.’ É incrível”, disse Élder Gilbert.
BYU-Havaí: Pedra angular da Ásia/Pacífico
O Presidente da Igreja, David O. McKay, decretou profeticamente que a BYU–Havaí serviria estudantes de toda a Ásia e Costa do Pacífico. Hoje, cerca de 100 países estão representados no corpo discente da BYU–Havaí, disse Élder Gilbert.
E pela primeira vez em sua história, a escola está sendo liderada por um nativo do Havaí, o presidente John S.K. Kauwe III. Desde que ele iniciou seu mandato em 2020, a matrícula de alunos da BYU–Havaí daquela área geográfica, aumentou de 51% no outono de 2021 para uma projeção de 63% neste outono. “Presidente Kauwe está direcionando a BYU–Havaí para seu papel único”, disse Élder Gilbert.
Se um estudante de South Jordan, Utah, se encaixa no perfil da universidade ou procura trabalhar, estudar e viver em um ambiente multinacional, ele pode ser uma boa opção para a universidade. “Mas se você está procurando um lugar divertido para ir à praia às terças-feiras, não queremos usar o dízimo da Igreja para subsidiá-lo”, disse Élder Gilbert.
Ensign College: Provedora do currículo aplicado
O propósito da Ensign College é fornecer educação suficiente aos alunos para conseguirem seu primeiro emprego e uma compreensão de como conseguirem seu segundo emprego. Então, toda currículo é aplicado ou prático.
“Isso é o que eles fazem, e eles fazem isso excepcionalmente bem”, disse Élder Gilbert.
A Ensign College oferece certificados que podem ser obtidos em dois semestres, diplomas que podem ser obtidos em dois anos e um número limitado de diplomas de Bacharelado em Ciências Aplicadas.
“O objetivo é que você consiga um emprego após o seu certificado, ou depois de um curso de dois anos, então se algo acontecer em sua vida e o atrapalhar – e isso acontece para muitos alunos – você não fica dizendo ‘eu tenho 60 créditos e estou desempregado’”, explicou Élder Gilbert, acrescentando que não importa o quanto tenham alcançado, os alunos podem dizer: “Minhas perspectivas de emprego são melhores.”
BYU–Pathway: Provedora de acesso
Na recente posse do presidente da BYU–Pathway, Brian Ashton, Élder Jeffrey R. Holland, membro do Quórum dos Doze Apóstolos que serve como presidente do Comitê Executivo da Junta de Educação da Igreja, disse: “Considero a criação da BYU–Pathway Worldwide como o desenvolvimento mais importante e de maior alcance no Sistema Educacional desta Igreja, desde a criação dos Seminários e Institutos de Religião há mais de um século.”
As pessoas que nunca tiveram acesso antes podem obter uma educação espiritual de alta qualidade, por causa da BYU-Pathway Worldwide, não importa onde estejam no mundo, disse Élder Gilbert. Ela cresceu para atender mais alunos do que a BYU e a BYU–Idaho juntas.
Um acontecimento recente que tornou a BYU–Pathway ainda mais acessível a nível internacional em lugares como a África, disse ele, foi transferir a instrução internacional para as Filipinas. Os professores filipinos devem ter um diploma de bacharel, passarem por treinamento e atenderem a outros padrões de qualidade, mas descobriram que os resultados dos alunos e as avaliações dos cursos são idênticos ou melhores.
Por que as Filipinas? O local tem uma grande população de santos dos últimos dias (aproximadamente 850.000 membros), fala inglês, tem uma base de ensino superior, houve um tremendo apoio da presidência da área, um quadro regulamentar forte para terceirização e é financeiramente estável, explicou Élder Gilbert.
“A BYU–Pathway pode crescer para encher a Igreja e multiplicar várias vezes o número atual de matrículas, e os custos do dízimo não crescerão.”
Seminários e Institutos: A âncora espiritual
Élder Gilbert explicou que, há vários anos, a frequência no Instituto vem diminuindo, então eles lançaram recentemente a iniciativa Inovar o Instituto, a fim de ajudar a atender melhor às necessidades dos jovens adultos.
O propósito central do Instituto continua sendo criar conexão pessoal e conversão ao Pai Celestial e Jesus Cristo, disse Élder Gilbert, mas as quatro áreas de impacto são:
- Relevância: Os jovens adultos querem encontrar respostas para suas perguntas e falar sobre os problemas que enfrentam.
- Pertencimento e propósito: Os jovens adultos querem se sentir bem-vindos, seguros e incluídos, e sentirem um senso de comunidade.
- Acessibilidade: Eles querem cursos que se encaixem em seus horários.
- Conversão: Os jovens adultos querem se sentir conectados ao Pai Celestial, Jesus Cristo, uns aos outros, seu instrutor e ao programa.
Em resposta, o Instituto começou a criar um currículo mais relevante e parou de tratar o Instituto como um curso universitário com leitura obrigatória, frequência obrigatória e nota, a menos que o aluno queira transferir o crédito para uma das BYUs. “Mas o foco principal é se reunirem e serem espiritualmente edificados.” Eles também mudaram os horários e a disponibilidade dos cursos.
Élder Gilbert disse que, no ano passado, eles experimentaram um aumento encorajador no número de matrículas.
Coragem para ser diferente
Cada instituição está fazendo algo diferente para abençoar uma Igreja mundial, disse Élder Gilbert. Cada instituição tem um propósito diferente e um encargo da liderança da Igreja para ser diferente.
Ele citou o poeta Robert Frost: “Dois caminhos se separavam em um bosque amarelo e, lamentando não poder seguir os dois. ... Eu escolhi o menos percorrido. E isso fez toda a diferença.”
Concluindo, Élder Gilbert declarou: “No Sistema Educacional da Igreja, nossas escolas devem ter a coragem de ser diferentes: diferentes do mundo e, curiosamente, diferentes umas das outras.”
O Senhor está usando a educação na grande coligação de Israel que está acontecendo na Igreja hoje, disse Élder Gilbert. “Ele está preparando o mundo para Seu retorno, e o Sistema Educacional da Igreja é um dos muitos recursos que Ele usará neste esforço.”