Mais de 25% das pessoas afirmam que os problemas mais importantes que sua família enfrenta são desafios mentais ou físicos.
Mais de um terço das pessoas dizem não ter certeza se o declínio da taxa de fertilidade do país é bom ou ruim.
E quase metade dos pais com filhos, entre 10 e 18 anos, dizem que se preocupam, pelo menos às vezes, com o que seus filhos veem on-line.
Estas são apenas algumas descobertas da American Family Survey 2023 [Pesquisa sobre Famílias Americanas de 2023 – em inglês], um estudo nacional anual com a participação de 3.000 americanos, conduzido pelo YouGov para o Deseret News e o Instituto Wheatley [ambos em inglês], da Universidade Brigham Young.
Jeremy Pope, um dos principais estudiosos da pesquisa e professor de Ciências Políticas na BYU, falou na terça-feira, 12 de dezembro, durante um painel de discussão sobre a American Family Survey, atualmente em seu nono ano.
Realizado no Kem C. Gardner Policy Institute [Instituto de Política Kem C. Gardner – em inglês] em Salt Lake City, Utah, o painel também incluiu Mallory Bateman, diretora de pesquisa demográfica do Instituto, e a repórter do Deseret News, Lois Collins.
A seguir estão alguns dos tópicos da pesquisa destacados durante o painel de discussão.
Saúde mental
Pope disse que este ano, pela primeira vez, a pesquisa perguntou aos entrevistados quais os desafios mais importantes que suas famílias enfrentam.
A categoria mais alta, com 29%, foi de desafios de saúde mental ou física. Isto foi seguido pela dificuldade em encontrar tempo de qualidade para a família (23%), altas demandas de trabalho ou estresse para os pais (22,6%), custos de se criar uma família (22%) e tensões ou desentendimentos entre membros da família (20%).
Por outro lado, quando questionados sobre qual é o maior problema que outras famílias enfrentam, 33% dos entrevistados disseram que são os custos de se criar uma família. Em seguida vieram as redes sociais, jogos eletrônicos e outras tecnologias (27%); elevadas exigências de trabalho ou estresse para os pais (27%); crianças que crescem sem ambos os pais (24%); e desafios de saúde mental ou física (20%).
“Uma das coisas que notamos nesta pesquisa é que [a saúde física e mental] é realmente o que as pessoas veem como um problema para sua família.... E acontece que as pessoas dizem isto sobre sua própria família, embora seja menos provável que o digam [sobre outras famílias]”, disse Pope.
Ele esclareceu que a pesquisa não perguntou aos entrevistados separadamente sobre saúde física e mental, mas as colocou na mesma pergunta.
A pesquisa também perguntou aos entrevistados qual é o principal desafio que os adolescentes enfrentam. Quarenta por cento responderam saúde mental; 39% responderam uso excessivo de tecnologia; 29% disseram bullying; 24% responderam pressão para usar drogas ou álcool; e 21% disseram divórcio ou ruptura familiar.
Mídias sociais
A pesquisa descobriu que 40% dos pais, com filhos entre 10 e 18 anos, se preocupam, pelo menos às vezes, com o que seus filhos veem on-line.
Em outras respostas sobre o que as crianças veem on-line, 22% disseram que se preocupam frequentemente; 13% disseram que sempre se preocupam; 19% disseram que raramente se preocupam; e 5% disseram que nunca se preocupam.
Em uma pergunta semelhante, mas sobre o que as crianças publicam on-line, 40% dos pais também disseram que às vezes se preocupam com o que os seus filhos publicam on-line. Vinte e oito por cento responderam que se preocupam frequentemente com isso; 13% disseram que sempre se preocupam; 16% disseram que raramente se preocupam; e 21% disseram que nunca se preocupam.
A pesquisa também descobriu que o uso das mídias sociais entre os adolescentes é quase universal: 96% dos pais disseram que seus filhos têm acesso a pelo menos uma plataforma de mídia social.
- 66% dos pais disseram que seus filhos usam o Instagram.
- 63% disseram TikTok.
- 61% disseram YouTube.
- 57% disseram Facebook.
- 51% disseram Snapchat.
- 31% disseram Twitter.
- 16% disseram Pinterest.
- 4% disseram BeReal.
- 3% disseram não saber quais plataformas de mídia social seus filhos usam.
Além disso, 36% dos pais preocupados com o tempo gasto on-line disseram que impõem restrições de tempo aos seus filhos, enquanto 35% deles, preocupados com golpes e segurança cibernética, disseram que as contas de mídia social de seus filhos são privadas. 28% dos pais preocupados com conteúdo impróprio on-line disseram que impõem restrições de conteúdo a seus filhos, e 26% que estão preocupados com os predadores on-line disseram que impõem restrições de contato a seus filhos.
A pesquisa também detalhou as restrições específicas de dispositivos.
- 38% dos pais disseram que impõem restrições de conteúdo aos dispositivos dos filhos.
- 28% disseram que restringem mensagens privadas.
- 27% disseram que as contas de mídia social de seus filhos são privadas.
- 26% disseram que estabeleceram restrição de contato.
- 25% disseram que estabeleceram restrições de tempo de uso.
Além disso, 34% disseram que não impõem restrições aos filhos, enquanto 69% disseram que querem restrições governamentais.
Collins disse que escreveu uma série de histórias sobre questões relacionadas às mídias sociais, e sua impressão, depois de conversar com uma variedade de famílias e especialistas, é que “todos sentem que deveriam estar fazendo algo e deveriam gerenciar melhor [as mídias sociais], mas eles não têm certeza de como fazer isso.”
E quando se trata de potenciais regulamentações governamentais, Pope disse que as pessoas muitas vezes imaginam um “governo unicórnio”, consertando tudo com o movimento de uma varinha mágica.
“Mas isso não é muito realista”, disse ele.
A pesquisa fez várias outras descobertas relacionadas às mídias sociais:
- 66% dos pais disseram que seguem seus filhos on-line.
- 48% disseram ter os nomes de usuário e senhas das contas de mídia social de seus filhos.
- 47% disseram que verificam as contas de mídia social dos filhos pelo menos uma vez por semana.
- 38% disseram serem a favor de processar empresas de mídia social.
Casamento
Outra seção da pesquisa explorou as atitudes das pessoas em relação ao casamento. Em uma escala ponderada de 0,0 a 1,0, as pessoas que frequentam uma igreja, pelo menos uma vez por semana, relatam uma maior aprovação ao casamento, ficando acima de 0,75 na escala.
Os próximos grupos que mais aprovam o casamento são os membros do partido republicano (acima de 0,75), pessoas sem diploma universitário (acima de 0,50) e negros (acima de 0,50).
Por outro lado, os grupos que desaprovam mais veementemente o casamento são aqueles que nunca frequentam uma igreja (abaixo de 0,25), os democratas (abaixo de 0,50) e aqueles com um rendimento inferior a US$40 mil por ano (abaixo de 0,50).
Pope disse reconhecer que existem muitos casamentos ruins no mundo, e que muitas pessoas têm razões legítimas para não se casarem.
No entanto, “é preocupante que a esquerda [política] esteja se afastando do casamento. Acho que isso é uma ‘nuvem de tempestade no horizonte’ com a qual devemos nos preocupar.”
Mas as pessoas da direita política não estão isentas, disse ele.
“Os republicanos falam muito sobre como o casamento é muito, muito importante, mas quando chega a hora de... apoiar os casamentos de maneiras que envolvem gastar dinheiro, eles ficam muito relutantes em fazerem isso”, disse Pope.
Taxas de fertilidade
A pesquisa cita dados do relatório World Population Prospects [Perspectivas da População Mundial], das Nações Unidas, que mostra que as taxas de fertilidade, tanto nos E.U.A. como em todo o mundo, diminuíram drasticamente entre a década de 1950 e agora.
Quando os entrevistados foram questionados sobre como se sentiam em relação a estes dados, 24,5% disseram que o declínio da fertilidade é uma coisa boa, 37,5% disseram que é uma coisa ruim e 38% não tinham certeza se é algo bom ou ruim.
A pesquisa encontrou poucas evidências de que essas atitudes diferiam de acordo com a idade ou se os entrevistados eram pais.
No entanto, 43% dos homens contra 32% das mulheres disseram pensar que o declínio da fertilidade é ruim para a nação; enquanto 44% das mulheres contra 32% dos homens disseram ser ambivalentes.
Pope disse que as pessoas mais velhas tendem a pensar que os mais jovens estão esperando muito para terem filhos, enquanto os mais jovens não pensam que estão esperando muito tempo.
“Não sei se as pessoas que estão esperando para terem filhos sejam necessariamente irracionais”, disse Pope, “mas por vezes me preocupo que possam estar subestimarndo a dificuldade de terem filhos mais tarde.”
Collins disse que tem filhas em “idade de fertilidade máxima”. Quando ela fala com elas e suas amigas sobre seus planos de vida, elas muitas vezes perguntam como podem começar uma família quando não podem pagar por uma casa e outras necessidades básicas.
“Falo com muitos jovens que não sabem se algum dia terão filhos, porque não veem a oportunidade econômica de fazerem isso”, disse ela.
Vivendo no meio
Bateman disse que o que achou mais interessante na pesquisa “é como as pessoas estão felizes com sua própria família e como estão um pouco inseguras de que outras famílias estejam tão bem quanto elas.”
Embora os pesquisadores tenham ouvido muitas opiniões de pessoas de ambos os extremos do espectro político, a maioria das pessoas vive em algum lugar no meio, disse ela.
“Acredito que a colaboração, a cooperação e o compartilhamento [são] possíveis”, disse Bateman, “e acho realmente interessante, que as pesquisas também reflitam isso.”