PROVO, Utah — Gerrit van Dyk, bibliotecário de História e Doutrina da Igreja da Universidade Brigham Young, abriu a primeira sessão de seu curso sobre poesia nas escrituras, na Semana da Educação da BYU, citando o livro “Feasting on the Word” [Banqueteando-se com a palavra – em inglês], de Richard Rust, um escritor santo dos últimos dias:
“Por que estudar poesia? Porque o Livro de Mórmon é impresso em prosa. ... Vemos o verdadeiro poder do Livro de Mórmon quando lemos mais de suas passagens mais importantes como poesia, em vez de prosa.”
Van Dyk explorou os ensinamentos e escritos proféticos, e poéticos, do Salvador, Leí, Isaías e outras figuras do evangelho, em sua aula intitulada “Poderoso na Escrita: Poesia do Livro de Mórmon”, um curso de quatro sessões que aconteceu todas as manhãs de terça-feira, 22 de agosto a sexta-feira, 25 de agosto.
Ele usou o livro de Rust, junto com os livros dos escritores santos dos últimos dias Grant Hardy e Don Parry, para obter uma compreensão mais profunda e um testemunho dos versículos do Livro de Mórmon e da Bíblia, por meio da reformatação poética e da análise dos versículos, explicou van Dyk.
“Acredito que compreendermos a incrível beleza da linguagem do Livro de Mórmon pode edificar nossa fé”, disse ele.
Leia a seguir, alguns dos tópicos selecionados por van Dyk.
Leí
De acordo com van Dyk, grande parte da poesia do Livro de Mórmon assume a forma de antigas técnicas de escrita hebraica. Uma dessas técnicas empregadas frequentemente em todo o Livro de Mórmon é o paralelismo, que descreve uma linha de versículo que completa, amplifica, contrasta ou inverte uma ideia em uma linha subsequente.
Para mostrar o paralelismo no Livro de Mórmon, van Dyk liderou a classe no estudo de 2 Néfi 2:25, um versículo em que o profeta Leí está ensinando seus filhos sobre a queda de Adão e Eva. Van Dyk exibiu o versículo como versos de poesia, como é mostrado na Reader’s Edition of the Book of Mormon [Edição do Leitor do Livro de Mórmon – em inglês], de Grant Hardy, que apresenta versículos poéticos como poemas em vez de prosa, junto com seus próprios ajustes de formato para mostrar o paralelismo mais claramente durante a aula. O versículo reformatado ficou assim:
Adão caiu
que os homens existissem;
e os homens existem,
para que tenham alegria.
Os elementos repetidos, ou paralelismos, neste versículo são marcados em ajustes de formato semelhantes, o que ajudou uma aluna da classe a perceber de forma mais profunda que “a queda e a alegria” estão conectadas, e “sem a queda, não podemos ter alegria”, disse ela.
Van Dyk continuou explicando que “de qualquer maneira que interpretemos [o versículo], de qualquer maneira que o formatemos, isso nos ajuda a pensar sobre isso de uma maneira diferente... podemos reconhecer isso como um momento poético.”
Néfi e Isaías
Néfi e Isaías
Van Dyk declarou diversas vezes que um dos objetivos do curso era ajudar os alunos a compreenderem mais plenamente as palavras de Isaías, especialmente as citadas por Néfi no Livro de Mórmon. Para fazerem isso, ele pediu à classe que ponderasse os paralelismos em 2 Néfi 4:16-35.
Falando dos versículos 21 e 22, ele disse: “Um paralelo impressionante aqui: ‘Encheu-me com seu amor até consumir-me a carne’, ‘confundiu meus inimigos, fazendo-os tremer’,... [esses versículos] também têm um reação corporal.”
Ele então pediu à classe que procurasse paralelismos em 2 Néfi 12:2-4, onde Néfi escreveu as palavras de Isaías 2:2-4. Um aluno destacou o paralelismo “no cume dos montes” e “se exalçar acima dos outeiros.”
“Isso não é incrível?” respondeu Van Dyk. “Isaías, ele poderia ter dito: ‘Ei, eles estarão nas montanhas’, mas através do artifício poético, ele está reforçando a mesma mensagem e, claro, fazendo uma comparação, de que o monte da Casa do Senhor seria estabelecido ali.”
Jesus Cristo
Finalmente, van Dyk direcionou a classe para 3 Néfi 12:3-11, quando Jesus Cristo aparece aos nefitas e lhes dá instruções que Ele também deu a Seus discípulos no velho mundo (ver Mateus 5:3-11).
Ele exibiu um formato alternativo desses versículos, que dividiu cada verso em duas linhas, conhecido na poesia como dístico, com a primeira linha de cada dístico contendo a instrução que o Senhor deu e a segunda linha sendo a bênção prometida que acompanhava essa instrução.
Um participante destacou que, embora os dísticos fossem paralelos em estrutura, vários também eram paralelos em seu conteúdo, como a repetição de “misericórdia” no versículo 7, que afirma que “os misericordiosos... alcançarão misericórdia.”
Outro participante disse: “Os paralelismos tornam o texto bonito, mas as promessas são ainda mais bonitas.”
Van Dyk encerrou sua última aula prestando testemunho de que a poesia do Livro de Mórmon presta testemunho de Cristo.
“Cada um desses poemas que discutimos esta semana chegou a este ponto”, disse ele. “A graça de Cristo está em nossas vidas.”