A professora da Universidade Emory, Robyn Fivush, uma renomada pesquisadora que encontrou conexão entre histórias de famílias e resiliência, e identidade dos adolescentes, falou sobre seu trabalho no palco principal da RootsTech na sexta-feira, 1º de março.
Como parte do Fórum de Impacto da RootsTech [em inglês], Jody Koenig Kellas, professora e pesquisadora da Universidade de Nebraska-Lincoln, se juntou a Fivush para discutirem os impactos positivos de se conhecer a história da própria família.
Fivush disse ao público da RootsTech que o objetivo final, tanto de sua pesquisa quanto da pesquisa de Kellas, é “fornecer dados empíricos para todo o trabalho que vocês estão fazendo, para mostrar como e por que isso é importante.”

Quer percebam ou não, “todas as famílias são contadoras de histórias”, disse Fivush.
Fivush ajudou a desenvolver a muito citada escala de 20 perguntas, “Você sabe?” [em inglês], para descobrir o que as crianças sabem sobre sua família. As crianças que conseguem responder a um maior número de perguntas, apresentam níveis mais elevados de autoestima, menos problemas comportamentais e níveis mais baixos de ansiedade, entre outros resultados positivos.
Kellas resumiu duas descobertas principais de sua pesquisa: “como as famílias estruturam as histórias é importante e como as famílias comunicam as histórias é importante.” Ela listou quatro comportamentos que tendem a distinguir as famílias em termos de saúde e bem-estar:
- Envolvimento. “Quando as famílias se sentam para contar histórias juntas, quão afetuosos e envolvidos eles são?”
- Revezamento. “Nós construímos a partir da história uns dos outros? Damos espaço uns ao outros para conversarmos?
- Usar a perspectiva, ou atender, pedir e confirmar as perspectivas uns dos outros.
- Coerência, ou organização da história. “Fazemos isso de uma forma que mostre a criação de significado no nível familiar?”
Representantes da American Ancestors [Ancestrais americanos], da The Statue of Liberty-Ellis Island Foundation [Fundação da Estátua da Liberdade-Ilha Ellis], e da Connect Our Kids [Conectar nossos filhos], subiram ao palco para compartilhar como a pesquisa sobre a importância das histórias familiares influenciou suas organizações.
História da família na sala de aula
Enquanto trabalhava na série de internet “Finding Your Roots: The Seedlings” [Encontrando suas raízes: as mudas], há alguns anos, Lindsay Fulton ajudou um jovem a procurar seus antepassados na Jamaica e a descobrir o nome de seu quarto tataravô.
Fulton, vice-presidente de pesquisa e serviços de biblioteca da American Ancestors [em inglês], disse ao público da RootsTech que foi um momento de orgulho para o jovem, não apenas porque ele aprendeu um nome, mas também porque participou do processo de encontrá-lo.
“Conhecer histórias sobre sua família tem um impacto incrível e quantificável sobre os jovens”, disse Fulton. “Mas esse impacto positivo não vem do conteúdo das respostas. É o processo de aprender essas histórias que resulta no maior crescimento pessoal.”

Com base nas descobertas da pesquisa de Fivush e na experiência de Fulton com “Seedlings”, a American Ancestors criou um currículo nacional de história da família que vai do quarto até o oitavo ano das escolas, disponível em AmericanAncestors.org/Youth-Education [em inglês].
Fulton destacou as três estratégias de ensino do currículo:
- Incentivar os alunos a iniciarem suas pesquisas em casa.
- Concentrar-se no desenvolvimento de habilidades de pesquisa.
- Promover um ambiente de aprendizagem favorável e inclusivo.
“A genealogia capacita os alunos a participarem ativamente na história, não apenas como alunos passivos, mas como os próprios historiadores”, disse Fulton. “Ao investigar suas raízes, os alunos desenvolvem habilidades de pensamento crítico, aprendendo a analisar fontes e a criar narrativas que os conectam ao passado de maneiras significativas.”
Expandindo o banco de dados de registros na Ilha Ellis
Em 2001, a The Statue of Liberty-Ellis Island Foundation [Fundação Estátua da Liberdade-Ilha Ellis – em inglês], abriu o Centro de História da Imigração da Família Americana, no Museu da Ilha Ellis. Com a ajuda do FamilySearch, a fundação examinou todos os registros de chegada à Ilha Ellis para dar aos visitantes a oportunidade de encontrarem um antepassado enquanto estão visitando o local.
Jesse Brackenbury [em inglês], presidente e CEO da fundação, disse que este banco de dados será ampliado em breve, como parte de um esforço para atualizar o museu.
Além dos registros de chegada ao porto de Nova York, os visitantes poderão acessar todos os registros de chegada aos Estados Unidos que foram digitalizados.

“Quarenta por cento dos americanos conseguem traçar um ancestral até alguém que passou pela Ilha Ellis, o que é incrível. Isso também significa que 60% não conseguem”, explicou Brackenbury.
“Portanto, para todos esses visitantes, queremos ter um museu onde eles possam se encontrar e um banco de dados onde possam encontrar suas famílias, tanto gratuitamente on-line, quanto disponível dentro daquele poderoso e histórico edifício principal de imigração.”
Ajudando crianças adotivas a se conectarem com histórias de família
Jennifer Jacobs, CEO e cofundadora da Connect Our Kids [Conectar nossos filhos - em inglês], passou a maior parte de sua carreira trabalhando no combate ao terrorismo nuclear. Então ela leu um artigo em uma revista, sobre crianças em lares adotivos temporários que a levou a fundar uma organização para ajudá-las.
“Percebi uma semelhança entre o que os profissionais de lares temporários precisavam fazer para encontrarem famílias para as crianças sob seus cuidados, e o que os analistas de inteligência fazem para encontrarem e rastrearem redes terroristas”, disse ela.
Inspirada pelo software de segurança nacional, a Connect Our Kids é um centro interativo para ajudar os assistentes sociais a descobrirem as conexões familiares que uma criança já possui. Ferramentas genealógicas como o FamilySearch e o Ancestry.com [em inglês] estão integradas neste centro.

Jacobs compartilhou o exemplo de uma menina em um orfanato em Kentucky, cuja assistente social usou a Connect Our Kids para localizar a avó paterna da menina. Com a avó, a menina soube que recebeu o nome de um determinado antepassado que emigrou da Inglaterra para os Estados Unidos.
“Se conhecer a história de sua família pode ajudar as crianças a superarem momentos difíceis, então as crianças adotivas precisam dessas histórias talvez ainda mais do que qualquer outra pessoa”, disse Jacobs.
“As suas contribuições para árvores genealógicas compartilhadas podem ser críticas na construção da infraestrutura necessária para ajudar as crianças adotadas a encontrarem uma ligação à sua família, à sua identidade e à sua história.”

