PROVO, Utah — Antes de 1776, as civilizações ao longo de quase toda a história humana eram governadas de três maneiras: força bruta, tradição aristocrática ou afirmação do direito divino. Consequentemente, muitos líderes supuseram que eram superiores àqueles que governavam.
No entanto, os pais fundadores do que viria a ser os Estados Unidos da América viam os cidadãos de um país de forma diferente: todos eram [em inglês] “dotados pelo seu Criador” com “direitos inalienáveis” à “vida, à liberdade e à busca da felicidade”.
“Em virtude destes direitos, somente um governo baseado no consentimento dos governados era justo”, disse Élder Matthew S. Holland, Setenta Autoridade Geral, no domingo, 30 de junho.
Cinquenta e seis pessoas assinaram um documento que foi então chamado de “Declaração da Independência”, o qual delineia os direitos conferidos aos cidadãos por seu Pai Celestial. “A obra de estabelecer os direitos dados por Deus, acreditavam eles, traria à tona os poderes protetores do próprio Deus.”
Ele continuou: “O que a América representa no seu melhor é muito raro para ser levado a sério em um mundo decaído. Com este país, é confiada a cada geração uma responsabilidade sagrada: valorizarem a herança consagrada de nossas liberdades e administrarem essas liberdades para todas as gerações futuras.”
Élder Holland foi o principal discursante no 2024 Patriotic Service of America’s Freedom Festival [Serviço Patriótico do Festival da Liberdade da América de 2024 – em inglês], realizado em Provo, Utah. Sua esposa, a irmã Paige Holland; e seu pai, Presidente Jeffrey R. Holland, Presidente em Exercício do Quórum dos Doze Apóstolos, também estiveram presentes.
Em suas observações, compartilhadas quatro dias antes do Dia da Independência dos Estados Unidos, Élder Holland discutiu três necessidades exigidas para se “forjar um futuro de liberdade”: caridade, esperança e fé.
Caridade
No ano de 1800, uma eleição nos E.U.A. entre John Adams e Thomas Jefferson, que tinham opiniões radicalmente distintas sobre questões que dividiam o país, causou a ruptura da profunda amizade entre os dois, e eles pararam de falar um com o outro.
Jefferson se tornou presidente, mas percebeu a necessidade de reatar o relacionamento com seu inimigo. Em seu discurso inaugural, Jefferson disse: “Vamos, então, concidadãos, unir-nos em um só coração e em uma só mente. Vamos restaurar na sociedade aquela harmonia e afeto, sem a qual a liberdade, e até mesmo a própria vida, se tornam coisas tristes.”
Com o tempo, a unificação do país incluiu a restauração da amizade dos rivais.
“Onde Jefferson procurou um recurso para restaurar algum grau de harmonia e afeto tão necessário entre as partes em conflito de sua época?”, perguntou Élder Holland, continuando: “Sua resposta é a caridade cívica: ideias amplamente compartilhadas de amor cristão, habilmente transformadas em um princípio público orientador para todos.”
Em 1 Coríntios 16:14, o Apóstolo Paulo escreveu: “Todas as vossas coisas sejam feitas com caridade”. A caridade, a “forma mais elevada e santa do amor de Deus e do homem”, disse Élder Holland, deveria, portanto, estabelecer até mesmo a vida política, conforme os cidadãos procuram amar a Deus, ao amarem seus inimigos.
Apesar das divergências enquanto debatemos questões complexas e tensas de um país, “permanecemos pacíficos e moderados e cheios de amor pelos outros, incluindo aqueles que se opõem aos nossos pontos de vista.”
Esperança
Explicando as provações dos primeiros santos, o Apóstolo Paulo escreveu em 2 Coríntios 4:8-9: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desesperados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não perdidos.”
Élder Holland disse: “Quase todas as épocas resistiram às suas próprias divisões ameaçadoras. No entanto, repetidamente, surgimos suficientemente resilientes e unificados. Mesmo diante da incerteza, temos hoje motivos para encontrarmos esperança no espírito indomável que guiou este país em todas as gerações anteriores.”
A maior fonte de esperança de um país para o futuro não é o sucesso do passado, ou do presente, disse ele. Em vez disso, “nossa maior fonte de esperança é o próprio Deus. A esperança é ao mesmo tempo um presente celestial e um dever humano para aqueles que acreditam Nele.”
Por meio da esperança no plano do Pai Celestial, até mesmo as calamidades podem fortalecer um país. Em tempos de tensão, “não é absurdo esperar que os acontecimentos atuais possam despertar a nação para um conjunto de práticas políticas, econômicas e sociais mais salutares.”
Fé
Como Setenta Autoridade Geral, Élder Holland tem viajado pelos Estados Unidos para se reunir com muitos bons cidadãos, de diversas religiões.
“Raramente descubro a sua [visão] política”, refletiu ele, “mas invariavelmente vejo e experimento a sua decência, honestidade e diligência básicas, e saio [das reuniões] pensando que ainda existe uma grande fonte de virtude na qual podemos confiar neste país.”
Élder Holland compartilhou sua convicção de que, embora ninguém seja perfeito, Deus tem a força suprema para salvar um país, portanto, a fé dos santos deve ser alicerçada Nele para preservar as liberdades sagradas.
“Estejamos firmes, sólidos e determinados a forjarmos uma liberdade futura, digna da promessa fundadora [dos Estados Unidos]”, concluiu ele, “enfrentando cada dia e cada dificuldade com uma fé poderosa, brilho de esperança e caridade para todos.”