Perto do início da pandemia da COVID-19, há cinco anos, Rachel Trotter visitava seus pais aos domingos, enquanto seus filhos lhes faziam perguntas e gravavam suas respostas.
“Como poderíamos saber que oito meses após o início da pandemia, meu pai faleceria?”, disse Trotter em uma aula na RootsTech 2025. “Perdi meu pai, mas gravamos [sua voz].”
Enquanto se preparava para dar sua aula no dia 6 de março, intitulada “A Beleza da História Oral” , disponível apenas presencialmente, ela ouviu novamente essas gravações com sua filha de 13 anos.
Trotter contou: “Quando eu a estava colocando para dormir naquela noite, ela disse: ‘Mãe, a melhor parte do meu dia foi ouvir o vovô. Eu meio que me tinha me esquecido de como era a sua voz.’ E ela começou a chorar e disse: ‘Obrigada por tocar isso para mim.’ E às vezes fazemos coisas no momento e não sabemos como elas afetarão as pessoas mais tarde.”
Em sua aula, Trotter, uma escritora e editora sênior da Evalogue.Life [em inglês], que ensina indivíduos a preservarem histórias pessoais, convidou os ouvintes a também gravarem histórias orais de entes queridos. Ela sugeriu as melhores perguntas a serem feitas, maneiras de se conduzir as entrevistas e como preservar o áudio por anos.

‘Pintar a história’ de uma vida através de áudio
“De quem é a voz que você daria tudo para ouvir [novamente]?”, perguntou Trotter, observando que ela conseguia pensar em várias, incluindo seus avós paternos. Ela então acrescentou, “De quem é a voz que você gostaria de preservar agora?”
O áudio pode ser capturado, tanto de pessoas idosas, como de jovens. “Elas são profundamente afetadas de forma positiva pelo processo de relatarem a história de sua própria vida, sua própria história oral, e há um valor terapêutico ao analisarmos a vida.”

É um processo simples, disse ela. Alguns motivos para se capturar a história oral de uma pessoa incluem a capacidade de documentar eventos importantes da vida, ‘pintar um quadro’ da vida de alguém e começar a documentar sua história familiar.
Trotter também convidou os participantes a registrarem sua própria história oral. “Quantas vezes pensamos: ‘Ninguém se importa comigo; ninguém quer ouvir minha história?’ Eu prometo a vocês que isso não é verdade.”

Conduzir uma entrevista de história oral
“As melhores entrevistas começam com perguntas realmente boas”, disse ela.
As pessoas que registram histórias orais podem fazer perguntas abertas, como sobre a cidade natal do entrevistado, um evento histórico que ele viveu, quando ele começou algo e como ele superou algo difícil.
Os entrevistadores também podem dividir suas perguntas, ou entrevistas, em categorias tais como tópicos da infância, vida adulta, vida familiar, serviço militar, relacionamentos e aposentadoria.

Trotter também sugeriu fazer perguntas informais antes do início da gravação, e não fazer perguntas que levem a conversa de volta ao entrevistador. Também tente descobrir se há perguntas ou tópicos que devem ser evitados.
Envolver os jovens nessas entrevistas de histórias orais pode ser “mágico”, disse Trotter. “Eles pensam em perguntas que nem sempre pensamos em fazer. Adultos gostam de conversar com crianças porque elas nos fazem sentir confortáveis. Envolvê-las é ótimo, e as coloca no espírito da história da família e do que a história da família trata.”

Em geral, as pessoas podem se divertir fazendo perguntas e sendo flexíveis caso a entrevista tome uma direção inesperada.
“Deixem a gravação ligada até o final porque, às vezes, algumas das melhores coisas acontecem no fim da entrevista, quando você está saindo pela porta ou encerrando.”

Depois da entrevista
O que pode ser feito com o áudio após uma entrevista de história oral?
“Se a entrevista em si é tudo o que você fizer, tudo bem, porque você fez algo realmente importante”, disse Trotter. “Mas há outras coisas que você pode fazer.” Por exemplo, os entrevistadores podem:
- Fazer o download de uma transcrição da entrevista através de um programa como o Zoom, Happy Scribe ou Otter AI para imprimirem ou compartilharem digitalmente.
- Compartilhar o áudio com amigos e familiares por e-mail, nas redes sociais ou em uma reunião familiar.
- Criar um livro para documentar a entrevista e algumas fotos.
- Fazer um vídeo da entrevista, possivelmente envolvendo jovens.
- Anexar texto ou clipes de áudio da entrevista ao recurso ‘Recordações’ do FamilySearch.

15 perguntas para fazer
Os participantes da aula de Trotter receberam uma cópia impressa com 15 perguntas que podem ser feitas em uma entrevista de história oral:
- Conte-me sobre sua cidade natal.
- Quais eram as tradições de sua família relacionadas à comida?
- Conte-me sobre seus avós.
- Quem mais o/a influenciou?
- Qual é/foi sua profissão e por quê?
- Qual foi o momento mais feliz de sua vida?
- Conte sobre uma ocasião em que você não sabia se conseguiria realizar algo.
- Quem é o amor da sua vida? Como vocês se conheceram?
- Qual é sua paixão ou hobby favorito?
- Como você gostaria de ser lembrado/a?
- Você se arrepende de alguma coisa?
- Como seria um dia perfeito para você?
- Você acredita em oração? Por quê? Ou por que não?
- Qual foi sua experiência mais espiritual?
- O que você mais valoriza e por quê?
“Estamos fazendo tudo o que podemos para preservar nossa história oral?”, Trotter perguntou. “Temos todos esses recursos ao nosso alcance. Estamfazendo o suficiente?”


