Nota do editor: Este artigo foi originalmente publicado em inglês, em 17 de janeiro de 2019.
À primeira vista, as pessoas que se reuniram [em outubro de 2018] na sede de uma estaca de São Luís, Maranhão, pareciam um grupo desigual.
Alguns usavam camisa e gravata, enquanto outros vestiam as saias coloridas e os tradicionais bordados de miçangas das tribos indígenas locais. A maioria falava português como primeira língua, mas alguns conversavam em seu idioma nativo, o guajajara. Muitos tinham diplomas avançados. Alguns não sabiam ler nem escrever.
Mas todos compartilhavam um propósito comum, até mesmo sagrado: manter os bebês vivos nos primeiros momentos após o nascimento, quando às vezes ainda são frágeis.
A região do estado do Maranhão, que abriga milhares de indígenas, tem uma alta taxa de mortalidade infantil. São 16,3 óbitos por mil nascimentos, segundo o Ministério da Saúde.

Em resposta a esta necessidade, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e a Sociedade de Pediatria do Maranhão mais uma vez se associaram para sediar o Dia do Neonatal Pediátrico, um curso anual que treina profissionais de saúde locais em técnicas avançadas de ressuscitação neonatal.
A maioria das mortes infantis são de bebês que não conseguem respirar ao nascer, disse o élder Ryan Wilcox, médico e missionário médico da Igreja. “Nove em cada 10 bebês estão bem ao nascer, são os 10% que precisam de ajuda e, na maioria das vezes, é apenas uma questão de simplesmente abrir os pulmões rapidamente.”
Portanto, é fundamental que os médicos ou parteiras possuam o conhecimento e o equipamento adequado para responderem imediatamente.
“O objetivo do curso é identificar quando um bebê está tendo problemas no momento do nascimento”, disse élder Wilcox. “O importante é então pegar uma bolsa e uma máscara para ventilar o bebê. No curso, ensinamos (aos cuidadores) como usar a bolsa e a máscara corretamente.”

O élder Wilcox tornou-se um rosto familiar na reunião anual no Brasil. Pediatra de American Fork, Utah, ele passou mais de uma década ensinando e trabalhando com médicos locais. Ele e sua esposa, Gretchen, enfermeira de trabalho de parto, são missionários médicos designados para o projeto de cuidados maternos/recém-nascidos, uma das principais iniciativas do programa de Bem-estar da Igreja.
Os esforços de ressuscitação neonatal da Igreja no Brasil são possíveis por meio de parcerias locais, disse élder Wilcox. Ele e outros missionários médicos, desfrutam de relacionamentos comprovados com organizações de saúde e médicos no Brasil, compartilhando o compromisso de salvar bebês recém-nascidos.
O Dia do Neonatal Pediátrico contou com a presença de dezenas de médicos e enfermeiras, além de 24 parteiras de comunidades locais e aldeias indígenas.
Além de oferecer treinamento em ressuscitação neonatal, a Igreja doou mais de 2.000 equipamentos médicos, incluindo estetoscópios, bolsas de silicone auto-infláveis, máscaras, manequins neonatais e seringas.
“A parceria com A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é muito valiosa”, disse Marynea Silva do Vale, pediatra e presidente da Sociedade de Puericultura e Pediatria do Maranhão. “Juntos, conseguimos promover treinamentos uma vez por ano no Brasil, em locais onde a mortalidade infantil é muito afetada.”
Trabalhar com as parteiras indígenas marcou uma oportunidade especial para o élder e a irmã Wilcox.
“Tem sido muito gratificante trabalhar com as parteiras porque elas estão tão animadas que as pessoas estão tirando um tempo para ajudá-las”, disse élder Wilcox.

“Esperamos que possamos causar um grande impacto na (diminuição) das taxas de mortalidade infantil em suas comunidades.”
A crescente amizade entre os missionários médicos da Igreja e as parteiras está ancorada no respeito e no companheirismo profissional. Os Wilcoxs conheceram algumas parteiras que realizaram centenas de partos de recém-nascidos em suas respectivas aldeias.
“O curso foi maravilhoso e vai ajudar muito”, disse Maria José, uma parteira da comunidade de São José Ribamar que faz partos há 35 anos, à Sala de Imprensa da Igreja no Brasil.
Maria José acrescentou que planeja voltar para sua comunidade e compartilhar as coisas que aprendeu com outras parteiras.
“Estou mais preparada agora”, disse ela.
O esforço contínuo de cuidados neonatais da Igreja no Brasil atraiu atenção fora da comunidade médica do país. Várias emissoras de notícias e televisão cobriram a reunião, permitindo que élder Wilcox utilizasse as habilidades da língua portuguesa que aprendeu como jovem missionário no Brasil, durante várias entrevistas na mídia.

Pediatra veterano, élder Wilcox disse que ainda descobre maravilhas no nascimento de um bebê saudável. Muitas das pessoas com quem ele trabalha no Brasil vêm de origens totalmente diferentes, mas compartilham sua alegria em receber os pequenos no mundo.
“Foi muito divertido voltar ao Brasil e mais uma vez usar o crachá de missionário, mesmo que em um papel completamente diferente”, disse ele.
A vida de recém-nascidos estão sendo salvas, acrescentou, nas aldeias indígenas do norte do Brasil e muito além, graças à generosidade dos membros da Igreja em todo o mundo, que doam para o fundo humanitário.