Quando Ayibu tinha 6 anos, ele e seus pais foram forçados a fugir de sua casa no Sudão do Sul com nada além das roupas em suas mochilas.
Agora com 12 anos, Ayibu lembra como era. “Lembro-me dos rebeldes entrando nas casas das pessoas e matando sem piedade”, disse ele.
Sua família se refugiou em Biringi, na República Democrática do Congo, se tornando parte de mais de 7.000 refugiados no local desde 2016. Ayibu entrou no sistema escolar precisando aprender um idioma diferente e traumatizado com o que havia acontecido.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, conhecido como UNICEF, com financiamento e apoio de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, vem construindo salas de aula de desenvolvimento da primeira infância e treinando professores em vários países, sobre como ajudar crianças refugiadas, como Ayibu.
O programa Learning for Life [Aprendendo para a Vida], da UNICEF, enfatiza os cuidados psicossociais, a gestão de conflitos e a facilitação da reintegração de crianças traumatizadas nas escolas.
“Quando chegamos a Biringi, fui admitido no segundo ano da escola primária”, disse Ayibu. “Graças aos professores e colegas, me integrei facilmente.”
Crise esquecida
O UNICEF é uma agência das Nações Unidas focada em apoiar o bem-estar das crianças e promover os direitos das crianças em todo o mundo, e o UNICEF U.S.A. promove essa missão.
Rachel Steinberg, diretora-gerente de parcerias para causas globais do UNICEF USA, trabalha com doadores, apoiadores e parceiros, como a Igreja de Jesus Cristo e outras organizações religiosas.
“Uma das coisas que apreciamos tanto em nossa parceria com [A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias] é que eles vieram até nós e disseram: ‘Quais são as crises esquecidas que precisam de atenção e apoio?’”, disse Steinberg.
O Sudão do Sul é um país em crise esquecida, o que está acontecendo lá não recebeu tanta atenção ou manchetes quanto outros países. No entanto, a República Democrática do Congo, Quênia, Uganda e Sudão estão recebendo grandes fluxos de refugiados.
À medida que a parceria crescia entre a Igreja e o UNICEF U.S.A., Steinberg disse que eles conversaram sobre onde poderiam ter mais impacto com mais investimento de apoio e recursos.
“Learning for Life nasceu dessa conversa”, disse Steinberg. O programa está agora em seu quinto ano de atendimento às comunidades de refugiados.
Ajudar crianças, pais e professores
O desenvolvimento da primeira infância é fundamental, especialmente de 0 a 5 anos, criando uma base importante de educação, estimulação, nutrição, envolvimento da família e muito mais.
“Mas em tempos de crise, essa necessidade é particularmente grave”, explicou Steinberg. “Relata-se que crianças e famílias priorizam o acesso à educação sobre qualquer outro serviço, quando são deslocadas ou quando estão em crise. Mas também, costuma ser o primeiro serviço suspenso e o último a ser restaurado em crise.”
Steinberg disse que 64% dos refugiados do Sudão do Sul não foram matriculados em desenvolvimento ou educação infantil em nenhum nível.
Mas desde que o Learning for Life começou em 2018, mais de 115.000 crianças tiveram acesso à educação. O UNICEF também treinou 43.000 professores e pais, o que continuará a ter um efeito cascata em todas as famílias e comunidades.
Adotar uma abordagem equitativa reduz a tensão que pode existir entre refugiados e comunidades anfitriãs, disse Steinberg. E novas oportunidades de trabalho foram criadas para professores, tanto nas comunidades anfitriãs quanto naqueles que retornam às suas comunidades de origem no Sudão do Sul.
“Estamos criando recursos de treinamento de professores fortalecidos para que, aqueles que já estão lá, estejam mais bem equipados para lidar com o trauma psicossocial que as crianças experienciaram, para ajudar na integração linguística e assim por diante”, disse Steinberg.
Outros recursos e materiais oferecem aos pais e cuidadores novas oportunidades de se envolverem mais no apoio ao desenvolvimento de seus filhos em casa.
“Entendemos que esta era uma lacuna enorme e, como sabemos que esta é uma grande prioridade para [a Igreja], este é o motivo pelo qual nos reunimos para apoiar este serviço essencial e criar esta base saudável para as crianças”, disse Steinberg.
Ayibu agora frequenta a escola há cinco anos, em sua nova casa na República Democrática do Congo, onde aprendeu a falar um novo idioma fluentemente e desenvolveu confiança em sua educação e em si mesmo.
“Eu pretendo me tornar um médico”, disse ele.