HAMILTON, Nova Zelândia — Não é todo dia que um membro do Quórum dos Doze Apóstolos é recebido de maneira aparentemente ‘violenta’ por um guerreiro sem camisa empunhando uma arma cerimonial, com gestos ameaçadores e gritos de batalha.
Mas a quarta-feira, 12 de outubro, não foi um dia comum em Hamilton, Nova Zelândia, pois os membros locais de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias receberam Élder Dieter F. Uchtdorf com uma pōwhiri, a tradicional cerimônia de saudação maori.
E o início aparentemente ameaçador logo deu lugar a uma celebração de mensagens, presentes, conexões, canto e comida. Muito canto e comida.
“A pōwhiri é uma cerimônia tradicional para receber os convidados em um marae ou local de encontro local, e é feita através de um wero, um desafio, que é o que farei”, disse Kimo Decaires, pouco antes da chegada de Élder Uchtdorf ao antigo terreno da Church College of New Zealnad [Faculdade da Igreja na Nova Zelândia], próximo ao Templo de Hamilton Nova Zelândia.
Ao realizar o wero, Decaires representava o guerreiro líder ou desafiante que sai na frente dos visitantes, depondo uma arma ou um galho de samambaia como um desafio. Após um breve momento de silêncio respeitoso, se o homem mais velho pegar o objeto, isso representa que eles vêm em paz.
“Hoje, a pōwhiri é feita por respeito aos convidados que estão chegando”, disse Decaires, acrescentando que originalmente era para saber se um visitante era amigo ou inimigo. “Tradicionalmente, isso era feito para determinar a intenção dos visitantes que entravam na área.”
E teria coberto uma distância maior e com mais proteção, longe da vila ou do local de reunião, em vez de apenas alguns metros separando os anfitriões dos convidados, incluindo Élder Uchtdorf e a presidência da Área do Pacífico: Élder K. Brett Nattress, Élder Peter F. Meurs e Élder Taniela B. Wakolo e respectivas esposas.
Aqui está uma breve sinopse da pōwhiri de quarta-feira, com mais palavras-chave em maori:
A pōwhiri começa quando os manuhiri (visitantes ou convidados) chegam à wahroa (entrada) do marae. Conduzido por uma kaikaranga (mulher que faz o chamado), o karanga (chamado inicial de boas-vindas) reconhece a chegada dos manuhiri (visitantes ou convidados), os convida a se aproximarem e, às vezes, inclui o Kaupapa (propósito) da visita, assim como quem são e de onde vieram os manuhiri.
O wero começa, usado para determinar a intenção dos manuhiri. Um taki (dardo) ou taiaha (arma semelhante à lança) é colocada no chão e, às vezes, um pequeno ramo de samambaia é usado. O objeto é então apanhado como demonstração de paz, neste caso realizado por Élder Uchtdorf.
Os manuhiri são então recebidos na wharenui (casa de reunião esculpida) pelos tangata whenau (anfitriões), com os homens sentados na primeira fila e as mulheres atrás. Para a pōwhiri em Hamilton, a wharenui do dia foi o edifício histórico e restaurado, George R. Biesinger Hall, construído por missionários de serviço e nomeado em homenagem ao líder da Igreja que construiu o templo na década de 1950 e outros edifícios em todo o Pacífico Sul.
Os haukāinga (pessoas locais de um marae) iniciam o whaikōrero (discurso formal), que é seguido por um waiata (música ou canto), com os manuhiri seguindo o mesmo kawaw (protocolo) de palavras e canto.
Para a pōwhiri de quarta-feira, um representante do rei que supervisiona o grande grupo de tribos Waikato na área, falou em nome dos haukāinga, enquanto Élder Uchtdorf ofereceu uma mensagem para os manuhiri, seguido pelos visitantes cantando “Sou Um Filho de Deus. ”
Em seguida, vem o koha (presente ou oferenda), que é colocado na frente do haukāinga e oferecido pelos manuhiri como agradecimento pela Manaakitanga (hospitalidade) dos anfitriões. No entanto, na quarta-feira em Hamilton, os anfitriões ofereceram o koha a Élder Uchtdorf, um pingente com um pedaço de pedra verde [greenstone] esculpido.
Ao final, o hariru (aperto de mãos) encerrou a cerimônia, seguido de muita kai (comida) para a kaitahi (refeição compartilhada). O almoço foi feito no edifício restaurado Kai Hall, construído pelos missionários locais para servir de refeitório para os que acampavam nas proximidades, enquanto construíam o templo e os prédios da faculdade da Igreja. E os santos dos últimos dias locais continuaram com outras canções durante a refeição.
Em sua mensagem representando o manuhiri na pōwhiri, Élder Uchtdorf comparou muitos elementos da cerimônia a aspectos do evangelho.
Ele primeiro se lembrou de ter testemunhado uma recepção maori semelhante anos atrás, quando ele e sua esposa, a irmã Harriet Uchtdorf, visitaram o Centro Cultural Polinésio em Laie, Havaí. E ele reconheceu a ausência da irmã Uchtdorf em Hamilton, tendo permanecido em casa em Salt Lake City enquanto se recuperava de uma cirurgia ocular recente.
“Muito obrigado por este costume maravilhoso e pacífico”, disse ele sobre a cerimônia, acrescentando que “seus gestos, vozes e palavras são poderosos: eles demonstram força.”
Mencionando que uma de suas designações esta semana na Nova Zelândia é rededicar o templo de Hamilton no domingo, 16 de outubro, Élder Uchtdorf celebrou “o retorno da casa do Senhor, que é um símbolo de paz que pode nos dar força e conectar com outros. Ele será dedicado ao Príncipe da Paz, que dá força a todos nós.”
Observando a diferença nos idiomas, Élder Uchtdorf disse que aguarda com expectativa o tempo em que a Terra será novamente “de uma mesma língua ” (Gênesis 11:1).
“Falarei maori, ou talvez vocês falarão alemão, ou todos nós falaremos inglês”, brincou ele.
“Mas a linguagem do coração é sempre compreendida. E eu senti essa linguagem através de vocês hoje.”
Após a cerimônia da pōwhiri, Élder Uchtdorf também visitou o Matthew Cowley Pacific Church History Center [Centro de História da Igreja do Pacífico Matthew Cowley – em inglês], que faz parte do complexo de edifícios, escritórios e serviços da Igreja, adjacentes ao templo e no antigo terreno da faculdade da Igreja.
Ele começou esta designação de ministério na Austrália, no último fim de semana, antes de chegar em Auckland, Nova Zelândia, na segunda-feira, 10 de outubro. Ele visitou o Centro de Treinamento Missionário da Nova Zelândia e parou no local de construção do Templo de Auckland Nova Zelândia, que fica ao lado o CTM.
No final desta semana em Hamilton e antes de presidir a rededicação do templo no domingo, Élder Uchtdorf continuará suas visitas de ministração, incluindo uma reunião com os missionários da Missão Nova Zelândia Hamilton, um almoço com alguns dos membros de longa data da área e um devocional para jovens.